tag:blogger.com,1999:blog-74516313542021410282024-03-05T09:07:03.959-03:00Limonada DigitalLuiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.comBlogger414125tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-77528021926094019622018-08-04T07:19:00.002-03:002018-08-04T07:19:58.714-03:00FOFOCA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHSWUBDfQZbIZvvOdgqIsCcpHXSV9EI0M5fmmLqWxfDidbp1muia-ktduvBHQwY1V8KfpoM9IcMR-cxo4677ur_vS5xpULK4Z52yZGpxaMUgecYbNpMUhaO9JaXZm6YMOhInxF9KMkMgA/s1600/fofoca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="550" data-original-width="1450" height="121" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHSWUBDfQZbIZvvOdgqIsCcpHXSV9EI0M5fmmLqWxfDidbp1muia-ktduvBHQwY1V8KfpoM9IcMR-cxo4677ur_vS5xpULK4Z52yZGpxaMUgecYbNpMUhaO9JaXZm6YMOhInxF9KMkMgA/s320/fofoca.jpg" width="320" /></a></div>
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Fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca, fofoca... Reparou que quanto mais repete, mais vazia e ridícula soa essa palavra?</div>
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Não gosto que falem dos outros para mim. Por educação, finjo ouvir enquanto me dou licença para pensar em assuntos mais construtivos, e nisso paro de dar aqueles sinais que todos damos quando acompanhamos a fala de alguém até que a pessoa ou se ligue que a conversa não me agrada e cuide de mudar de assunto, ou solicite <i>feedback</i> para a fofoca que vinha contando. Se pergunta sobre a pessoa objeto da fofoca, independente de eu gostar ou não da pessoa em questão, procuro falar algo em sua defesa ou me restrinjo a dizer que não conheço tal pessoa o suficiente para ter qualquer opinião. Geralmente é o quanto basta para pessoas suficientemente inteligentes mudarem de assunto.</div>
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Não gosto de falar de outras pessoas. Não porque gente não me interesse, que eu as despreze, ignore ou me julgue superior. O que não me interessa é ouvir detalhes íntimos de quem quer que seja, particularmente pela boca de terceiros. Minha lógica é simples: o que quer que alguém não tenha contado pessoalmente para mim, não cabe a mim saber. E, principalmente, o que quer que tenha sido a mim confiado, não cabe a mim falar para mais ninguém.</div>
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Assim, enquanto fulano fala, fala, fala e fala sobre cicrano, só consigo me perguntar o que fulano tem a ganhar revelando segredos de cicrano para outras pessoas. Afinal, fulano não se daria ao trabalho de perder minutos preciosos de vida me entediando com histórias sobre cicrano se não tivesse habituado a aferir alguma vantagem dessa conduta.</div>
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Numa visão deturpada de como as coisas funcionam, o fofoqueiro entende a fofoca como um meio de criar vínculos sociais. Só que vínculo de fato a gente cria se abrindo para o outro e expondo as próprias fraquezas e fragilidades. Pelo menos é assim que as pessoas sinceras se relacionam. O fofoqueiro, no entanto, por viver julgando para se sentir superior, teme tanto o julgamento dos outros que nessa troca ao invés de trazer para a roda o ouro da verdade sobre si mesmo, se esconde por trás da moeda podre da fofoca.</div>
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Muita gente faz isso inconscientemente. Apenas repete o padrão do ambiente onde se criou, julgando ser esta a maneira correta de estabelecer amizades, e vive angustiada tentando entender porque não consegue manter um amigo por muito tempo ou porque não consegue confiar em ninguém, e magoada porque as pessoas acabam sempre se afastando ou mesmo evitando-as. As únicas pretensas amizades que parecem sobreviver ao teste do tempo são com outros fofoqueiros em quem não podem confiar e com quem não podem contar num momento de necessidade.</div>
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É que essas relações nunca se aprofundam, nunca ganham significado, resumindo-se a um toma-lá-dá-cá de informações, um concurso para ver quem acha uma pérola no lodaçal. Sim, uma pérola, porque nesse exercício, os fofoqueiros podem eventualmente encontrar aquela informação sensível capaz de prejudicar a imagem de algum incauto. É a fofoca <i>jackpot</i>, a razão de ser de muito fofoqueiro de plantão. Mas como ambos sabem com que facilidade podem transitar de agentes para alvos da fofoca, o terreno onde as sementes da confiança e entrega mútuas deveriam ser plantadas, abandonado desde o começo da interação, vai se tornando não só infértil como inçado de intrigas e desconfiança.</div>
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A amizade entre dois fofoqueiros é uma espada de Damocles. Com o tempo, a ameaça de cair na desgraça pela boca do outro é a única coisa que a mantém. É quando você ouve a pessoa desabafar: "mas eu <b>tenho que </b>ir no aniversário de fulano". A "amizade" virou um fardo, uma obrigação.</div>
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É como aquela relação precipitada pelo calor da paixão, tão centrada na gratificação imediata das pulsões inconscientes, que ali se plantou de imediato, descuidando de garantir no terreno a presença das afinidades nos gostos, hábitos, visões de mundo e interesses que servem de sustento quando, passada a euforia e o glamour, o cotidiano se impõe com suas rotinas e, porque não dizer, banalidades.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-73807343156054228172018-01-26T14:27:00.002-02:002018-01-26T14:27:44.334-02:00DA RAIVA AO NOJO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSvHPrjssy2g4coWnK4o2PnrNjUgYh19fhQcQgPOKTA9uhI_YFhf0wEgK4hVSQYdc_7O6X9bvwe3CHnJdtJ0jQChNyRGDzDJPA0udE2y-_dcO-4nKCk1xpu5L3PhCOnnN0-jeEE2dYTro/s1600/nojo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1600" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSvHPrjssy2g4coWnK4o2PnrNjUgYh19fhQcQgPOKTA9uhI_YFhf0wEgK4hVSQYdc_7O6X9bvwe3CHnJdtJ0jQChNyRGDzDJPA0udE2y-_dcO-4nKCk1xpu5L3PhCOnnN0-jeEE2dYTro/s320/nojo.jpg" width="320" /></a></div>
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Se você deixou de se culpar por tudo e agora está com raiva, mas fervendo de raiva do narcisista, saiba, antes de mais nada, que está coberto de razão. Não permita que ninguém lhe roube o direito à raiva de ter sido ludibriado, enganado, humilhado e pisoteado por alguém em quem confiou: essa raiva que você está sentindo agora é um <b>instinto</b> e é comum a todos os seres humanos, por mais evoluídos e iluminados que sejam - ou pretendam ser.</div>
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Não existe coisa mais revoltante para o ser humano do que ser o alvo de alguma injustiça. Então, grite e esperneie o quanto e enquanto precisar - só não espere que os outros compreendam e muito menos tolerem a sua raiva, porque só quem passou pela mesma experiência é capaz de compreender a extensão da crueldade de que você foi vítima e, de mais a mais, narcisistas são hábeis em manter a aparência mais inocente do mundo ao mesmo tempo que espalham horrores sobre você.</div>
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Aliás, eles têm o hábito perverso de inverter os papéis, acusando você de ter cometido justamente as barbaridades que eles mesmos fizeram: se o narcisista além de trair ainda raspou a sua conta bancária, pode ter certeza que a história que ele cuidou de botar em circulação é que você arranjou outra pessoa e fugiu levando todo o dinheiro dele. É que mentira fica mais fácil de lembrar se tiver alguma verdade, compreende? O fato a recordar é bem simples e direto: alguém traiu e sumiu com o dinheiro do outro. Para não deixar furos na história, o narcisista só precisa trocar o "quem" - o que para ele é bem fácil, já que é incapaz de admitir qualquer erro. E, pior: com algum tempo e repetição ele acaba se convencendo da própria mentira. Sim, isso acontece. E é espantoso.</div>
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Enfim, se depois de tudo que aconteceu, ainda por cima ficou sabendo das mentiras que o narcisista espalhou ao seu respeito, você tem todo o direito de ficar enfurecido. Agora, um conselho de amiga: nem perca tempo tentando desmentir e limpar a sua reputação, porque o narcisista chegou primeiro com todas as pessoas com quem teve contato, e o mais provável é que já viesse inventando mentiras desde antes da lua de mel. E odeio ser portadora de más notícias, mas no que tange à mentira, a vantagem imediata é sempre de quem chega primeiro ( é justamente por isso que o narcisista já se empenha em minar a sua reputação desde o começo da relação); porque depois de uma pessoa ter comprado uma versão da história é muito difícil levá-la a mudar de ideia mesmo com todas as provas e argumentos racionais. Então, poupe-se mais esse estresse: ao menor sinal de que a pessoa acredita na mentira, deseje luz e se afaste: quanto mais você insistir que é inocente, mais culpado parecerá aos olhos de quem acreditou na mentira. Parece paradoxal, mas é assim que funciona. O narcisista pode até enganar pela lábia, mas a sua falta de caráter acaba sempre se revelando pelas ações.</div>
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Permita que o tempo aja em seu favor e ao invés de ficar remoendo o assunto e com isso relembrando as pessoas da mentira que ouviram, permita que se distanciem o suficiente para formar as próprias opiniões, e vá separando o joio do trigo na medida que elas forem se manifestando tendo sempre em mente que assim como você, muitos outros foram e virão a ser enganados pelo narcisista. E não caia na tolice de competir com ele confundindo popularidade com amizade: muita gente popularíssima nas redes sociais não tem a quem recorrer num momento de necessidade. Aproveite todo esse incômodo para reestruturar as amizades e a maneira como se relaciona com as pessoas, separando o joio do trigo e retribuindo proporcionalmente a confiança que sente receber, do que lutando para manter por perto pessoas em quem não pode confiar. É incomparavelmente melhor ter um único amigo em quem podemos confiar do que centenas de milhares de "seguidores" que não terão o menor problema em ignorá-lo caso venha a precisar de qualquer coisa.</div>
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Eu sei que é duro, e tem momentos que a verdade chega a queimar na garganta da gente, mas tentar defender-se acusando o narcisista é entrar como um patinho no poço de lama que ele deixou preparadinho para lhe afogar; porque pode ter certeza que é precisamente o que ele espera que você faça, porque como a pessoinha insegura e medíocre que é, o narcisista é altamente vingativo e por se julgar acima de todos e em pleno direito de destruir vidas e reputações, não existem limites para a sua perversidade.</div>
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Então, permita-se sentir raiva, mas ao invés de envolver outras pessoas, ou cair em mais uma arapuca que o narcisista deixou armadinha só esperando que você caia, busque alternativas saudáveis e positivas para extravasar: compre umas luvas de boxe, faça artes marciais, caminhe, faxine a casa, dance, o que quer que funcione e não represente risco para os outros e você mesmo. Eu, por exemplo, escrevo. Tudo que eu gostaria de falar para as pessoas mas sei que não adianta, eu boto no papel e depois eu queimo porque escrevi para desabafar, não para ler e ficar com mais raiva ainda.</div>
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Use toda a energia fornecida pela raiva como a locomotiva que vai levá-lo à maior distância possível do narcisista e todo o circo de horrores que ele criou na certeza que todo o mal cedo ou tarde tem retorno - e quanto mais tarda, maior o retorno; e que por trás da fachada feliz e bem sucedida que ele exibe para o mundo, habita um ser humano absolutamente solitário, insatisfeito, rancoroso e paranoico; e isso sozinho já é um carma tremendo para se carregar.</div>
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Mas para além da raiva, o sentimento a ser buscado na trajetória da cura é o nojo, porque ele sim é sintoma de que a luz do sol está voltando para a sua vida. Nojo é bom, porque chegamos ao nojo quando identificamos o que nos faz mal e como o faz. Feridas emocionais que deixamos infeccionar são a porta de entrada, e narcisistas e outras pessoas emocionalmente perturbadas são como larvas de moscas varejeiras, que se aninham e alimentam das nossas infecções. É uma imagem bem nojenta, eu sei, mas essa é exatamente a ideia, porque essas larvas nojentas incomodam tanto que fica impossível seguir ignorando a ferida.</div>
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É esse nojo de ver na própria pele o pedaço de carne putrefata onde o narcisista se alojou com todo o conforto, alimentando-se e usando-o contra nós que vai ajudar você não só a promover uma boa higienização na sua vida emocional, como tomar as medidas necessárias a impedir que se repita caso volte a se machucar. Além disso, conseguir visualizar o narcisista como o verme alojado na sua ferida acaba de vez com a imagem grandiosa e onipotente de que ele depende para seguir prejudicando pessoas sem arcar com as consequências - e mentalizá-lo como tal é uma excelente estratégia para acabar de vez com a falsa imagem que ficou gravada na sua cabeça.</div>
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Por importante e justa que seja a raiva, elá só persiste enquanto você seguir comprando essa falsa imagem. No instante que começa a vê-lo pelo que realmente é, o sentimento passa a ser de nojo não da pessoa em si, mas da podridão que precisa para sobreviver. E quando o nojo se instala, você só quer é muita limpeza, ar puro, paz, saúde e sossego na companhia das pessoas que se provaram dignas da sua atenção, tempo e afeto tendo passado pelo filtro de mentiras e armações do narcisista, somadas ao novo círculo de gente honesta, leal e madura que começará a encontrar pelo caminho.</div>
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Namastê!</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-58260660661980150422017-09-09T10:38:00.000-03:002017-09-09T10:38:37.341-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE XI: HOOVERING<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMad3-_8DUcZolbWyTLyov3dDVPavDhDobY85CMxxnKIMll29B8EPHmp5WBS6uhEs2g_yQyVoGDsWrCGDZmpL2R_QRs4rp56oyEZUhp4LtL8guH8VwGuoulDTYVs1NiL_jwoSMmCNkACg/s1600/hoovering.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMad3-_8DUcZolbWyTLyov3dDVPavDhDobY85CMxxnKIMll29B8EPHmp5WBS6uhEs2g_yQyVoGDsWrCGDZmpL2R_QRs4rp56oyEZUhp4LtL8guH8VwGuoulDTYVs1NiL_jwoSMmCNkACg/s320/hoovering.jpg" width="320" /></a></div>
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Narcisistas são, acima e antes de qualquer coisa obsessivamente controladores.<br />
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Como são incapazes de se relacionar com os outros com honestidade e sinceridade, muito de sua energia mental é dispendida divisando esquemas para evitar que suas más ações venham ao conhecimento dos alvos atuais, e a única maneira de garantir que isso não aconteça é monitorando e, preferencialmente, controlando não só as ações mas a própria imagem das pessoas de quem abusou no passado ao mesmo tempo que cuidam de minar a credibilidade de qualquer um que represente uma ameaça à falsa personalidade que desfilam pelo mundo.<br />
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600 anos antes de Cristo, lá na China Lao Tsé já ensinava: <i>mantenha seus amigos sempre perto e os inimigos mais perto ainda</i>. Ninguém aplica tanto e tão bem esse ensinamento como o narcisista, simplesmente porque para ele <b>todos</b> são seus inimigos - e eles não deixam de estar certos, porque a confiança é a base de tudo para um ser humano e costumamos reagir (às vezes violentamente) ao menor indício de estarmos sendo traídos ou abusados em nossa confiança; e como narcisistas sobrevivem de se aproveitar da confiança alheia, seguem pela vida a fora sendo rechaçados, escorraçados, insultados e por aí a fora.<br />
<br />
Quanto maior o tempo e grau de intimidade de uma relação, maior o investimento de confiança que fazemos nela. E poucas coisas são mais enfurecedoras do que descobrir que aquela pessoa em quem você investiu tanta confiança era uma farsa. Muita gente perde a cabeça e é capaz de reagir com extrema violência nessas circunstâncias, partindo para a agressão e a vingança, e o <i>hoovering</i> (que e inglês significa "pairar) é o escudo que o narcisista usa para se proteger dessa possibilidade.<br />
<br />
A expressão foi cunhada por psicólogos para descrever o assédio praticado pelos narcisistas após a exposição (com familiares, amigos, colegas e ex-parceiros afetivos) para "fazer as pazes" e assim "voltar" a "fazer parte" das suas vidas. O <i>hoovering</i> serve primeiramente para tentar induzir a pessoa a duvidar das próprias percepções. Algo tipo: <i>veja, sou eu que estou aqui... Eu, aquela pessoa boa e maravilhosa que sempre esteve ao seu lado... Aquele outro que lhe traiu, que insultou e falou coisas terríveis não era eu... Você entendeu mal... Você é que não viu... É que suas acusações causaram um sofrimento tão terrível para mim... Mas era tudo da boca para fora...</i> e por aí a fora...<br />
<br />
Nesse estágio, o narcisista se esforça para demonstrar suas "boas qualidades" resgatando a falsa personalidade que apresentou anteriormente ao descarte - e não se iluda: o descarte não tem volta.<br />
<br />
Esse reaparecimento pode acontecer dias, semanas, meses ou mesmo anos depois do descarte; o fator determinante é a <b>necessidade</b> do narcisista - nunca, jamais a sua. Não é "saudade", não é que ele tenha "mudado" e muito menos "reconhecido seus erros" e decidido "recomeçar" - pelo menos não no sentido que entendemos: tudo que ele quer recomeçar é a dinâmica de sugar até a medula da sua vítima garantindo livre e repetido acesso a alguma vantagem afetiva, financeira, profissional, material, etc...<br />
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Além disso, a proximidade permite ao narcisista antecipar os movimentos e reações do alvo ao mesmo tempo que reinsere na vida dele todo o caos de que sempre se faz acompanhar, juntamente com a entouraje de <i>flying monkeys</i>, que serve o duplo propósito de aplaudir seus movimentos e divertir-se às custas da vítima.<br />
<br />
Portanto, quando o narcisista reaparecer à sua porta mesmo depois de anos todo arrependido e fazendo juras de amor, <b>não acredite</b>: ele não só não está absolutamente arrependido como o vê como um <b>inimigo</b> e seu único propósito é <b>ensinar uma lição</b> da forma mais cruel e vexatória possível e ele cuidará que todos os olhares estejam em você - particularmente os olhares daqueles que lhe forem mais íntimos e caros - quando o expuser como uma pessoa vil, falsa e desprezível ao mesmo tempo que cuida de dissipar seus recursos materiais, destruir sua carreira, sua auto-estima, ou mesmo sua vontade ou razão de viver.<br />
<br />
Sim, eles são <b>doentes</b> a esse ponto e se aproveitam da dificuldade que temos em admitir quando erramos em avaliar o caráter de outro ser humano. É que aceitar essa possibilidade implica admitir que podemos nos enganar radical e estruturalmente ao estimar os outros, e esse pensamento nos leva a duvidar da nossa própria capacidade de ser e estar em sociedade, pois se a base de tudo é a confiança e não sabemos distinguir uma pessoa confiável de uma não confiável, o que isso diz de nós? Que não temos capacidade de construir um nicho seguro para nós mesmos: e isso é desastroso! Essa constatação é terrivelmente perturbadora e se não tomarmos cuidado, se não pararmos para revisar nossos critérios e, principalmente, observarmos como o tempo todo a nossa intuição esteve tentando avisar sobre aquela pessoa e, principalmente, <b>as razões pelas quais decidimos ignorar esses avisos</b>; arriscamos cair num ciclo vicioso de culpa, depressão e desconfiança.<br />
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Mas o foco deve ser a lição. E a lição é: ouvir a nossa intuição. E na hora, no instante que ela está soando o alarme. É nela e em nada nem ninguém mais que devemos sempre depositar nossa maior confiança. E intuição não tem nada de abstrato ou esotérico, mas sim uma função mais elevada e altamente especializada dos nossos sentidos para detectar predadores entre os seres humanos, porque precisamos dos outros (e e eles de nós) para sobreviver: que razão tem um ser humano para correr no socorro de outro senão a <b>confiança</b> de que na eventualidade de estar ele numa situação de perigo outro ser humano faça o mesmo. Sem confiarmos uns nos outros, não teríamos sequer chegado às cavernas, não teríamos sequer chegado a formar tribos.<br />
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O aspecto mais insidioso, mais cruel do <i>hoovering</i> é que ele costuma acontecer quando todas essas dúvidas nos consumem, e nem é tanto porque o narcisista tenha o superpoder de detectar esse momento, mas porque o sofrimento é tão insuportável, que muitas vítimas acabam permitindo que ele retorne às suas vidas na (vã) esperança que isso vá desfazer o mal-entendido, matar o dragão da dúvida e restaurar a "normalidade" sem que elas precisem fazer uma séria e profunda reavaliação pessoal. Só que, como bem sabemos (ou deveríamos já ter aprendido) esse dragão é o próprio narcisista, e essa volta triunfal (para o narcisista) é para arrastá-las ainda mais fundo no inferno.<br />
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Não tenha um pingo, uma sombra de dúvida sobre isso, porque para o narcisista, você não passa de um fantoche que tem a obrigação de adorá-lo e satisfazer todas as suas vontades mesmo que isso implique a morte em vida para você - ele é indiferente, porque do ponto de vista do narcisista, você não existe, nunca existiu e jamais virá a existir como um indivíduo. Para o narcisista você não tem vontade, desejos ou anseios próprios: é só (mais) um casaco que ele tira do armário quando precisa, usa como e quando quer, então guarda de volta para quando precisar.<br />
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Se não puder controlá-lo diretamente, o narcisista procurará infiltrar um "espião" no seu círculo e não terá o menor problema em criar um perfil falso para segui-lo nas redes sociais. Então, não hesite em romper com toda e qualquer pessoa que suspeite estar mais próxima a ele do que a você e desconfie de qualquer pessoa amiga dele que pareça interessada em você de uma hora para a outra. Narcisistas são manipuladores e todo o manipulador triangula, ou seja, insere terceiros nas relações sejam amorosas, familiares ou de amizade. Sabe aquele amigo que anda, vira e mexe acaba comentando algo ruim sobre outra pessoa? Ele é um manipulador. O que ele na verdade está tentando dizer é "veja como eu sou melhor do que fulano ou beltrano por causa disso, disso e daquilo". Simples assim. Gente séria e honesta não precisa rebaixar ninguém para se sentir superior. De mais a mais, quem garante que essa pessoa mais adiante irá falar mal de você?<br />
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Enfim... se não tiver acesso direto à sua vida, o narcisista buscará alguém que faça o serviço para ele. Eles geralmente conseguem isso se aproximando dessa pessoa e fingindo estar muito preocupado com você: "oh, estou tão preocupado com o fulano! Ele não atende o telefone, não responde meus e-mails... tenho medo que esteja muito deprimido e acaba fazendo alguma bobagem"... ou qualquer coisa do gênero. Você entende o quadro, afinal, quantas vezes isso já não aconteceu com a gente, não é? A preocupação com uma pessoa que se afasta é uma reação absolutamente natural de quem de fato se importa com ela e manipuladores se aproveitam disso não só para extrair as informações que buscam como para contar uns pontos extras com a gente, porque ao ouvir coisas assim, tendemos a pensar "oh, veja como ele é bonzinho: está tão preocupado...!" E aí, para parecer igualmente boazinha e preocupada, a pessoa corre para o telefone para saber como está o tal fulano, então volta correndo para contar, porque assim, além de parecer boazinha e preocupada ela parece importante também. Isso em si não tem nada de errado: primatas se relacionam na base do toma-lá dá cá, só que ao invés de trocarmos bananas, trocamos favores e pessoas manipuladoras desenvolveram a habilidade de sair sempre lucrando nessas trocas, entende? A diferença entre o manipulador e o narcisista é que o manipulador não quer lhe destruir no processo, apenas levar alguma vantagem e está bem consciente que existe um limite, uma hora de parar e dar algo em troca e o narcisista pode até saber disso, mas como se julga acima desse limite.<br />
<br />
E já que estou tocando neste assunto, fica uma dica que vai lhe poupar muita dor de cabeça: desenvolva o sadio hábito de primeiro se peguntar porquê essa pessoa que era tão íntima da outra não se dá ela própria o trabalho de falar com o tal fulano, já que está tão preocupada. E depois disso, entenda que o que quer que tenha acontecido entre elas não é problema seu: é delas. E então, desvencilhe-se da incumbência que essa pessoa está tentando lançar sobre você dizendo algo como: "oh, veja só, que pena! Já que está tão preocupado, você bem que podia procurá-la, não é?". E fim. Ponto final. Resista ao impulso de aumentar seu escore junto a manipuladores, porque é justamente desse ladinho bem primitivo da natureza humana que eles se aproveitam mais.<br />
<br />
"Espiões" ou perfis falsos servem para o narcisista monitorar os seus passos e manter-se informado do seu estado emocional. Nunca esqueça que o narcisista o estudou muito bem e o conhece talvez melhor do que você mesmo, e ele sempre vai usar esse conhecimento <b>contra você</b> para determinar o melhor momento de reaparecer como o herói, e se você vacilar, ele (ou ela) vai entrar novamente em sua vida para mais uma sessão de abusos, porque ao mesmo tempo que acaricia as feridas do seu ego com pretextos e promessas falsas, mas esse mar de rosas terá uma duração ainda mais curta do que o <i>love bombing</i> inicial, porque - e nunca é demais enfatizar - <b>o narcisista jamais volta para "reatar" qualquer vínculo que tenha tido com você: ele volta para se vingar</b>, para extrair até a última gota dos seus recursos materiais e emocionais, enlameá-lo com toda a sorte de situações vexatórias, calúnias e difamações e finalmente expô-lo sujo e humilhado perante a maior plateia que puder reunir. Este é o objetivo final do narcisista ao se relacionar com qualquer pessoa, porque por alguma distorção profunda na personalidade, o único prazer que o narcisista consegue sentir nesta vida é esse momento de triunfo sobre outro ser humano e ele vem na proporção da humilhação a que submete o outro.<br />
<br />
Se você não tiver trancado bem as portas e janelas da sua vida, no instante que perceber algum movimento em sua vida, o narcisista cuidará de reaparecer. Por isso é que depois do rompimento, o afastamento físico e bloqueio total de qualquer forma ou possibilidade de acesso à sua vida íntima é fundamental.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-47125422853662825152017-07-23T08:51:00.003-03:002017-07-23T08:51:27.149-03:00CHEGA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV5b8dovgPXQRPmCh3PP9TJnZsF5CSKa9Ufnr5IBXvYqhz0zDrZOLwDy5ouKntl4OIZ5RQi5a7Kgrd6xaDT_qCixt-NM0ndJXLr49wO4z0nUvtX0MVLZPSbOR16MAgwFUlxDk-XzT0nPc/s1600/300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV5b8dovgPXQRPmCh3PP9TJnZsF5CSKa9Ufnr5IBXvYqhz0zDrZOLwDy5ouKntl4OIZ5RQi5a7Kgrd6xaDT_qCixt-NM0ndJXLr49wO4z0nUvtX0MVLZPSbOR16MAgwFUlxDk-XzT0nPc/s320/300.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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Vou começar dizendo uma coisa. Você não vai gostar de ouvir, mas é a verdade: <b><i>o que você permitir, vai continuar</i></b>. E digo mais: vai seguir piorando.</div>
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Um narcisista que tive o (des)prazer de conhecer gostava muito de citar (e aplicar, é claro) a "politica do beliscão" para determinar o quanto podia tirar dos outros até precisar dar alguma coisa em troca.</div>
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A "política do beliscão" funciona assim: você belisca e vai apertando até a pessoa gritar. Aí você solta, mas só um pouquinho. Se a pessoa não meter a mão na sua cara e o mandar às favas, você aperta de novo desta vez com mais força que antes. E segue repetindo e apertando cada vez mais forte até não ter mais nada que espremer do infeliz.</div>
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<br /></div>
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Psicopatas, sociopatas e narcisistas - e governos, empresas ou instituições também se comportam como tais - tratam os outros exatamente desta maneira.</div>
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O que está acontecendo neste país é exatamente isso.</div>
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Nossos "representantes" não dão a mínima para nada nem ninguém além dos seus próprios interesses. Não se importam nem com a crescente legião de mendigos morrendo de fome e frio pelas ruas deste país. Pior: fazem piadinhas cruéis, comparando-os a zumbis.</div>
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<br /></div>
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E se você acha que eles se importam com a classe média, pode ir tirando o cavalinho da chuva, porque se eles têm nojo de pobre, por nós o que sentem é desprezo e querem nos esmagar como a uma barata.</div>
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<br /></div>
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É que a gente da classe média tem essa mania de não mendigar, de não implorar pelos favores dessa gente. Não. A gente tem amor-próprio, tem orgulho de ser quem é e estar onde chegou; a gente se orgulha porque ralou para chegar aonde está, e a gente quer que os outros cheguem também. A gente quer que os pobres comam todos os dias como nós, que tenham suas casas, que seus filhos vão à escola, que sonhem e façam seus sonhos realidade. A gente é gente e gosta de gente, gosta de bicho, gosta de natureza. A gente sabe que pra ser feliz é preciso que os outros também estejam felizes, saudáveis, alimentados e agasalhados; então a gente cuida e é cuidado, porque sabe que gente precisa de gente.</div>
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<br /></div>
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Sim, somos muito diferentes uns dos outros, porque a nossa classe começa no primeiro título de propriedade (seja um barraco, um JK ou uma cobertura) e vai até a casa de praia ou sítio, o terceiro ou quarto carro na garagem mais o turismo pelo mundo a fora.</div>
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A gente começa na humilde costureira que passa os dias debruçada na sua máquina e vai até a dona de butique que amanhece em Porto Alegre, almoça em São Paulo e janta no Ceará comprando para a sua loja. A gente começa no balconista da livraria e vai até o professor de Literatura com pós-doutorado que vive palestrando no exterior.</div>
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Somos muitos, somos diferentes e <b>somos a maioria</b>. Somos nós que movimentamos essa engenhoca toda e tudo que precisamos é dizer <b>CHEGA</b>, para que esse mundinho dos psicopatas deixe de existir.</div>
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<br /></div>
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Somos quem mais investe tempo, criatividade e recursos em proteger o ambiente, melhorar a educação, promover a cultura, a saúde, o livre comércio, as novas tecnologias... e também somos nós que nos organizamos para minimizar os impactos horrorosos das ações dos nossos próprios governos sobre os menos privilegiados.</div>
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<br /></div>
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São os <b>nossos impostos</b>, não os dos milionários e muito menos os das mega-empresas que sustentam o governo - até porque essas mega-empresas além de receberem bilhões dos <b>impostos que nós pagamos</b> em "incentivos" e "financiamentos", ainda se dão ao desplante de sonegar.</div>
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<br /></div>
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As grandes empresas deste país devem mais de <b><a href="http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/COM-A-PALAVRA/514747-SONEGACAO-FISCAL-NO-BRASIL-CHEGA-A-R$-1-TRILHAO.html" target="_blank">um trilhão de Reais</a></b> em impostos, e a gente se apavora só de cair na malha-fina do imposto de renda...!</div>
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Somos nós que quando precisamos alguma coisa, batalhamos e vamos atrás porque nada vem de mão beijada. A gente sabe, a gente aprendeu desde criança o valor do trabalho, do empenho, da honestidade, da dedicação e, acima de tudo, da <b>cooperação</b>.</div>
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Mas os psicopatas querem que esqueçamos da <b>cooperação</b>. Eles querem nos ver brigando por ideologia, gênero, religião, raça, futebol, celebridade, marca, carro e todo o tipo de cenoura que penduram à frente dos nossos narizes para nos distrair. E divididos assim, deixamos de ver que o inimigo é um só e de todos nós.</div>
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<br /></div>
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Porque ideologia, gênero, religião, raça, futebol, celebridade, marca, carro... quanto mais e mais diferentes, melhor: o motor da evolução é a diversidade! Diversidade é abundância, é riqueza, é beleza: a abelha não perde um segundo de vida querendo forçar o beija-flor a fazer mel. Ainda assim, os dois visitam as mesmas flores e se alternam para extrair o néctar ao invés de competir.</div>
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Por que então nos deixamos influenciar por todas essas "polêmicas"? Já parou para pensar que elas são criadas e insufladas na mídia e pela mídia justamente para acirrar os ânimos, para nos dividir? Quem tem a ganhar com a gente se xingando de <i>coxinha</i>, de <i>mortadela</i>, de <i>bolsomito</i>?</div>
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Eles. Nossa divisão só serve a eles, porque nós precisamos uns dos outros, mas eles só precisam que sigamos distraídos culpando uns aos outros.</div>
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Então, <b>CHEGA</b> de bateção de boca também: a gente está aqui para viver, amar, criar e ser feliz, não pra morrer à míngua coberto de carrapato.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-60600323693808926622017-04-14T09:03:00.001-03:002019-08-30T07:01:42.390-03:00GENTE INGRATA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLEAd2_jNQC2i5ZDsGL6jtRPkDyxyLlinAaKadtsPLBjpaMSSbqLMpYdOK4vEJsx_UqZf9nogWFX9Olk_OKtPnwg5FDkgmDjGDOdUBXNqkoWqXreiJBY8Uprw68bHchgdD7p1ms_grFtc/s1600/angry-girl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLEAd2_jNQC2i5ZDsGL6jtRPkDyxyLlinAaKadtsPLBjpaMSSbqLMpYdOK4vEJsx_UqZf9nogWFX9Olk_OKtPnwg5FDkgmDjGDOdUBXNqkoWqXreiJBY8Uprw68bHchgdD7p1ms_grFtc/s320/angry-girl.jpg" width="320" /></a></div>
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O ingrato entra na vida da gente se fazendo de grande coisa, com o nariz empinado e logo começa a revirar tudo, apontar defeitos e criticar e mostrar tudo o que falta, tudo que é pouco ou precário, onde, como e porquê precisamos "melhorar".<br />
<br />
A essa altura, era pra gente dizer: "espera aí: isso aí que você está pisoteando é a minha vida, minhas conquistas, minha família, o <b>meu mundo</b>. Mas a gente não diz, porque há um fundo de verdade nos defeitos que o insatisfeito apontou, afinal, a gente sempre poderia ser e estar melhor, a vida sempre pode melhorar, né?<br />
<br />
Então a gente dá um suspiro, arregaça as mangas, pega o balde, o rodo, o espanador e começa a faxina sem se perguntar o que o insatisfeito pretende <b>para si</b> com aquilo tudo. E é aí que cometemos o primeiro erro, porque imaginamos que, como nós, o ingrato queira o melhor para as pessoas de quem gosta sem que isso necessariamente represente algum benefício para si mesmos. Só que isso não é verdade, porque o ingrato não quer o que é melhor para nós: ele quer o que julga melhor para si mesmo. Ele quer que mudemos as nossas vidas e até quem somos, como nos vestimos e nos comportamos para provermos o que <b>ele</b> precisa para se sentir bem consigo mesmo, sem precisar um esforço significativo de crescimento e/ou adaptação para compartilhar a vida com a gente.<br />
<br />
E mais: via de regra, o ingrato dá o seu palpite esperando que o cumpramos como soldados mostrando-se decepcionado e criticando se não seguimos ao pé da letra suas instruções. E sempre tem uma desculpa esfarrapada para nos deixar trabalhando sozinhos. Ainda assim, enquanto fazemos todo o trabalho pesado, o ingrato se põe no papel de supervisor, dando palpites e criticando os mínimos detalhes das nossas ações: nada é bom o suficiente, e ele com certeza teria feito melhor - só que não faz. E se fizer uma coisinha que seja, como levar o lixo para a rua, o fará de má vontade ou fará parecer um grande gesto ou sacrifício.<br />
<br />
A conta nunca fecha quando lidamos com ingratos: a gente dá 100, eles devolvem cinco e agem como tivéssemos ficado devendo mais 50. Porque todo o ingrato é, acima de tudo, um egoísta incapaz de reconhecer os esforços que os outros fazem para satisfazer seus caprichos que parecem nunca acabar.<br />
<br />
Gente que se empenha, se questiona e quer avançar na vida é presa fácil dos ingratos porque a inclinação que temos para melhorar e crescer decorre de nossa própria insatisfação. Mas insatisfação e ingratidão são duas coisas bem diferentes. Porque a insatisfação nos motiva a crescer e avançar na vida, e é por isso nem boa nem ruim. É a ingratidão cega as pessoas para a apreciação do quanto avançaram e cresceram, o que acaba resultando em mais insatisfação.<br />
<br />
Eu posso concordar com o ingrato que o sofá da sala está velho e já poderia ter sido substituído há um bom tempo, por exemplo, mas eu trabalhei por aquele sofá, eu pensei muito tempo antes decidir por aquele modelo específico, pesquisei preços, elaborei dezenas de cenários alternativos para a sala com decorações e sofás diferentes até me decidir por aquele sofá que hoje está ali, meio desgastado e desbotado. Eu sei o tempo, a energia e o dinheiro que precisarei despender para trocar de sofá. Além disso, eu lembro muito bem como foi o dia que aquele sofá chegou e como me senti recompensada ao me atirar nele pela primeira vez. Esse sofá que o ingrato tanto critica tem um <b>significado</b> para mim, que vai muito além da forma, do estilo, do status ou valor de mercado: ele é uma recompensa que me dei pelo tempo de vida de que abri mão trabalhando para outras pessoas quando poderia estar me divertindo ou perseguindo meus objetivos artísticos ou pessoais.<br />
<br />
Quando faz pouco do meu sofá, o ingrato está fazendo pouco disso tudo também. Ele está fazendo pouco das minhas conquistas pessoais, dos meus sentimentos e da minha capacidade de julgar e decidir o que é melhor para mim e de apreciar o ponto onde me encontro no aqui e agora, independente de onde pretendo chegar mais adiante.<br />
<br />
Para ele não existem esses <i>checkpoints</i> na vida: se o objetivo do ingrato é uma cobertura no Leblon com vista para o mar, nada que não seja isso é capaz de satisfazê-lo. E quer saber uma coisa? Nem a cobertura no Leblon com vista para o mar irá satisfazê-lo, pois se chegar a conquistá-la, vai achar algum defeito na planta, nas janelas, no condomínio, na vizinhança... qualquer coisa para seguir sendo um ingrato e culpando a vida e os outros pela pouca sorte que tem.<br />
<br />
Quando a gente diz "estou feliz onde estou", o ingrato logo nos rotula de "acomodados", imaginando que não temos intenção de seguir avançando e crescendo pela vida, que estamos estagnados, mortos e vazios. O aqui e agora para o ingrato é só a frustração de constatar o quão longe ele está de onde pretende chegar, e a menor diferença entre o aqui e agora e o que ele tinha imaginado vir a ser é vista como um retumbante fracasso.<br />
<br />
Conviver com uma pessoa ingrata é sujeitar-se ao veneno constante das críticas e reclamações que primeiro nos arranca o prazer de apreciar onde estamos e tudo por que passamos para chegar até aqui, para aos poucos aniquilar a motivação para seguir em frente, pois se tudo porque passamos não vale nada, para que prosseguir? Para juntar mais nadas que não vão valer nada logo adiante também?<br />
<br />
Essa gente negativa também vai minando nossa auto-estima porque é absolutamente incapaz da menor apreciação sincera por nossos esforços, criticando e apontando falhas em todas as iniciativas que tomamos como indivíduos autônomos e não se mostrando satisfeitas nem quando seguimos ao pé da letra as suas ordens e instruções. Se economizamos meses a fio para dar de presente algo que sabemos que o ingrato deseja, ele pode fingir surpresa ao abrir o presente, mas logo logo vai dar um jeito de demonstrar que não era bem aquilo que ele queria e/ou inventar algum motivo para não usufruir.<br />
<br />
A convivência com uma pessoa ingrata também nos ensina a nunca esperar um agrado, um incentivo, um elogio que não venha acompanhado de uma crítica para nos magoar e baixar a auto-estima. O ingrato parece sentir prazer em escolher a torta mais engordante para o seu aniversário, cantar parabéns e lembrar sobre seus quilinhos a mais bem <i>en passant</i>, como quem não quer dizer nada.<br />
<br />
Sim, como você bem deve ter deduzido a essas alturas, pessoas ingratas são muito invejosas e lá no fundo, guardam um rancor tremendo da nossa capacidade de sentir alegria pelo simples fato de existirmos, de parar para apreciar as flores no caminho entre uma e outra meta em nossas vidas, de não julgar o que recebemos pelo status ou valor aos olhos dos outros, mas pelo significado que tem em nossas vidas. Ao ingrato é impensável alegrar-se pelo par de meias recebido da tia no Natal, porque para ele tudo o que conta é o par de meias em si, não o gesto, a lembrança, o carinho e o trabalho que a tia teve ao sair de casa enfrentando sozinha as ruas e lojas lotadas. A dimensão do outro, sua existência, sentimentos, anseios e temores não existe para o ingrato: tudo que existe é a sua vontade, sempre insatisfeita. Você pode carregar o mundo nas costas pela pessoa ingrata, e ela ainda vai reclamar que é pouco ou nada daquilo que ela esperava, queria ou precisava.<br />
<br />
E sabe o que mais? Cedo ou tarde, o ingrato vai apunhalar você pelas costas: a questão não é <b>se</b>, mas <b>quando</b>. E vai fazê-lo sem dó nem piedade, e ainda por cima culpá-lo e fazer pouco do seu sofrimento. Porque é assim que gente ingrata faz, é assim que gente ingrata é.<br />
<br />
Aí eu pergunto: vale a pena?<br />
<br />
Ninguém no mundo merece que você abra mão de quem é, de onde veio e para onde quer ir, e tenha certeza: pessoas gratas à vida jamais em hipótese alguma cobrarão isso de você.<br />
<br />
Pessoas ingratas não valem o tempo que perdemos ouvindo as suas queixas, e muito menos que façamos o menor esforço para agradá-las. A gente pode ajudar, mas ao menor sinal de ingratidão, se afaste e deixe que a pessoa se vire com seus problemas. Se não fizer isso, você vai acabar dedicando mais tempo para resolver os problemas dela do que os seus. E sabe o que o ingrato vai estar fazendo enquanto isso? Arranjando mais problemas para você resolver. Entenda: é uma teia, e se você se deixar prender a coisa fica muito, mas muito complicada. Por isso é que eu digo: ao menor sinal de ingratidão, recue. Recolha as mãos e deixe a pessoa se virar sozinha. Isso não é maldade, é pedagogia.<br />
<br />
E nem perca tempo tentando dar o troco depois de ter sofrido alguma ingratidão. Deseje Luz e deixe que se vá. A vida sempre retorna o que a gente dá e tem seu próprio jeito de lidar com gente ingrata, tirando cada vez mais. Isso se chama carma e é tão certo como o sol que nasce a cada dia. E tampouco fique parado na beira da estrada esperando para ver o carma se abater sobre a vida da pessoa ingrata. Vou contar um segredo: o que o carma gosta mesmo é de esperar até que a gente deixe para trás a história toda para então acontecer.<br />
<br />
Porque o carma do ingrato não tem nada a ver com a gente. O carma em si tem muito menos a ver com as coisas que nos acontecem do que com a maneira como reagimos quando as coisas acontecem, sejam "boas" ou "ruins" - coloco entre aspas, porque esses julgamentos são relativos: muitas coisas que julgamos "ruins" acabam sendo boas mais adiante, e vice-versa.<br />
<br />
O carma da pessoa ingrata é não saber reconhecer quando coisas boas acontecem, e seguir reclamando, futricando e querendo mais. E isso acaba não só tirando as coisas "boas" mas criando coisas "ruins", e aí a pessoa ingrata age impensadamente criando ela própria uma reação em cadeia de coisas "ruins" e se não se corrigir pelo caminho, acaba se dando muito mal na vida.<br />
<br />
Mas o mais importante aqui é o <b>seu</b> carma, e ele vai ser determinado pela maneira como <b>você</b> reagir quando sofrer uma ingratidão. É preciso entender antes de mais nada que a ingratidão em si não foi o seu carma: ela é e sempre será o carma que o ingrato criou para si mesmo pelas próprias palavras e ações. Para você, a ingratidão é um teste como que num intervalo entre um carma e outro, e cabe a você e mais ninguém decidir se vai usar esse intervalo para criar um carma bom ou ruim: no caso específico você vai ter que escolher entre crescer e aprender a impor limites aos outros criando um carma "bom", ou criar um carma "ruim" abandonando o próprio caminho de crescimento para se vingar do ingrato. E vai colher futuramente as consequências dessa decisão. Simples assim.<br />
<br />
Meu conselho é e sempre será buscar o carma bom e aprender a lição. Aquele sofá velho e desbotado vale muito mais do que a pessoa ingrata que o criticou, porque não foi ganho de mão beijada: você foi lá, batalhou, suou e conquistou aquele sofá e não existe motivo no mundo para se desfazer dele até que você mesmo decida que ele já deu o que tinha que dar. E o presente que deu, os esforços que dispendeu, as mudanças que fez em si e o tempo de vida que dispendeu por um ingrato não foram desperdiçados: você sai da situação mais maduro, mai fortalecido e determinado a valorizar e agradecer ainda mais à vida por tudo que é sólido e verdadeiro ao seu redor. Porque a pessoa ingrata pode ter trazido muitas coisas, mas roubou a verdade de quem você é, do quanto vale como ser humano e do quanto pode acrescentar ao mundo pelo próprio esforço e criatividade.<br />
<br />
Gente ingrata também é muito anti-ecológica, se você quer saber. E se a gente entra na jogada deles acaba morrendo por dentro e virando outro consumidor ingrato, voraz e insatisfeito que quando morrer ao invés de lembranças vai deixar um monte de quinquilharias, carnês e prestações para os outros pagarem.<br />
<br />
Será que isso é viver?<br />
<br />
Não é. E tenho certeza que como eu, você é e pode muito mais por si e pelos outros nesta vida, e como eu, tem muito a agradecer, mesmo e talvez até por causa de tantas ingratidões que sofreu.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-78300059586292000082017-03-22T14:21:00.001-03:002017-03-22T14:21:29.668-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE X: STONE WALL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK-3oCc5l02kHQXcAqvp-34KffLBIr2uI2DZ3AKMeREEMNJZn0CALumJZGgRUcQBAjzMQpzzZrniqxOjLUfZnTFdNQCifZ8MARSfnYnnlot2mWzJxQlW3EUmpxS8fq1ReWur_4kylnUrs/s1600/peace+of+mind.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK-3oCc5l02kHQXcAqvp-34KffLBIr2uI2DZ3AKMeREEMNJZn0CALumJZGgRUcQBAjzMQpzzZrniqxOjLUfZnTFdNQCifZ8MARSfnYnnlot2mWzJxQlW3EUmpxS8fq1ReWur_4kylnUrs/s320/peace+of+mind.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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<i>Stone wall</i> (muro de pedra) é uma estratégia de sobrevivência que visa oportunizar às vítimas de abuso o tempo e o espaço pessoal necessários para recuperar-se de situações emocionalmente extenuantes e reassumir o controle sobre a própria existência. E isso só se consegue afastando completamente o abusador do seu dia-a-dia, obstruindo qualquer possível via de acesso físico e virtual.</div>
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<br /></div>
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Parece drástico, mas é absolutamente necessário, particularmente quando se trata de narcisistas, porque eles não só não têm o menor respeito ou consideração pelos limites dos outros, como não assumem responsabilidade por absolutamente nada, sentindo-se mais do que à vontade para entrar e sair da sua vida conforme lhes for conveniente - isso se chama <i>hoovering</i> (pairar).</div>
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<br /></div>
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Em média, são necessários 7 rompimentos para que a vítima de um narcisista finalmente consiga encerrar de vez a relação. O problema é que a cada reconciliação, a "lua de mel" fica mais curta e o abuso mais pervasivo e violento. Isso acontece porque na cabeça do abusador, o seu perdão tem o efeito de um convite para abusar mais. Além disso, a cada vez que você tenta romper a relação, ele se sente humilhado pelo que quer que tenha se obrigado a fazer manter a relação, acumulando rancores e arquitetando vinganças com crescente crueldade. Não é a primeira nem será a última vez que ele passa por isso, então ao primeiro limite que você impuser na relação, ele já colocará seu plano B em ação. Não tenha ilusões: enquanto você ainda comemora o encontro da sua "alma gêmea" ele já está prospectando um parceiro-reserva para qualquer contingência.</div>
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<br /></div>
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A coisa mais importante para ser entendida nesta vida é que você não tem o poder de mudar ninguém além de si mesmo. Ao contrário do que ensinam as novelas, filmes e romances, o amor não é uma força mágica com poderes de transformar a fera numa pessoa normal. Isso se chama vontade e tem que partir da própria pessoa: ela é que precisa fazer todo o esforço e tomar por si só a iniciativa de buscar ajuda profissional e empenhar-se de corpo e alma na própria mudança.</div>
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<br /></div>
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Essa mudança de paradigma é importantíssima, particularmente para as mulheres brasileiras que seguem sendo emocionalmente educadas como se o abuso, os ciúmes, a gritaria, as atitudes extremas e violentas e a manipulação fossem "provas de amor". Assim como boas notícias não vendem jornal, amores saudáveis não dão bons romances, porque seus enredos carecem do tempero que prende o leitor. Mais do que modelos a serem buscados, os relacionamentos descritos nessas obras de ficção devem servir como exemplos dos sintomas de relacionamentos ruins e seus finais felizes vistos muito mais como uma vírgula do que pontos finais, porque encerram o ciclo daquele romance encaminhando para o próximo num <i>crescendo</i> que se não for interrompido a tempo, culminará num <i>thriller</i> de terror.</div>
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<br /></div>
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O amor não "perde a cabeça", não grita, não humilha, não machuca e jamais, em hipótese alguma, agride fisicamente. Amor é, acima de tudo, <b>respeito</b>. Mais do que qualquer outra coisa, o respeito é essencial a <b>todos</b> os relacionamentos. Sem respeito, não há apreciação, sinceridade, confiança e companheirismo, que são as bases necessárias a um relacionamento sólido e gratificante.</div>
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<br /></div>
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A falta de respeito é sim mais do que motivo para acabar com qualquer relacionamento. Ninguém quer, precisa e muito menos merece ser obrigado a conviver com alguém que não o respeita. Se por questões práticas o afastamento total não é viável no momento, o conselho é buscar o quanto antes a ajuda psicológica (acredite-me: você vai precisar de terapia para entender e superar em si as deficiências que o tornam vulnerável a esse tipo de pessoa) e com a ajuda dele, praticar o <i>grey rock</i> que descrevi na Parte IX desta série, enquanto se prepara e reúne as forças emocionais necessárias para botar em prática o próximo passo que é o <i>stone wall</i>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, o <i>stone wall</i> é a absoluta erradicação da presença dessa pessoa da sua vida, erguendo uma barreira que a impeça de sequer contactá-lo por vias indiretas. Tendo estabelecido que seu parceiro, amigo, colega, vizinho ou familiar é um narcisista, com a ajuda do terapeuta você vai cuidar de se fortalecer emocionalmente para criar novas circunstâncias de vida e lidar com as consequências de eliminar essa pessoa da sua vida. Sim, isso requer planejamento e muita cabeça fria porque é algo que você terá que começar enquanto ainda estiver convivendo com essa pessoa tóxica e ainda vai duvidar de si e voltar atrás várias vezes até que finalmente entenda que não tem volta.</div>
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<br /></div>
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O <i>stone wall</i> não é um joguinho de se fazer de difícil para chamar atenção, mas a única forma segura de se livrar do drama e do sofrimento e colocar um ponto final no abuso que você vem sofrendo. Tendo decidido pelo <i>stone wall</i>, guarde segredo absoluto e ensaie mentalmente a situação até sentir-se preparado para dar o primeiro passo que é afastá-lo do seu convívio diário.</div>
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<br /></div>
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Você vai precisar planejar cuidadosamente este afastamento, porque narcisistas tendem a reagir com violência e crueldade ao sentirem-se rejeitados. Você vai precisar observar o momento, criar circunstâncias e recorrer a subterfúgios para conseguir isso. Não hesite em pedir ajuda, mas seja muito cauteloso ao escolher seus confidentes para evitar cair nas mãos de um <i>flying monkey</i> - e, creia-me, muitas pessoas tiveram a desagradável surpresa de constatar não poderem contar com as próprias famílias para isso.</div>
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O ideal é poder contar com um intermediário absolutamente neutro e isento, como um advogado, por exemplo e deixar toda a negociação a cargo dessa pessoa, reportando-se a ela e a ela somente - sem exceção. A ideia é evaporar-se da vida do narcisista, e fazê-lo pode ser desconfortável e gerar alguma culpa. Se ajuda, lembre que o respeito é uma via de mão dupla: quem não dá, não merece receber; engula seco e vá em frente. </div>
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<br /></div>
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Se está casado ou numa relação estável, existem questões legais que você não pode ignorar a não ser que esteja disposto a perder a guarda dos filhos junto com quaisquer bens que tenha compartilhado com o narcisista. Acredite-me: ele irá lutar com unhas e dentes para manter tudo exatamente onde está mesmo que já esteja desfilando publicamente com o novo parceiro e prometa de pés juntos "livrar-se" dele para ficar só com você. Isso é só uma estratégia para ganhar tempo até que consiga consumar sua vingança subtraindo tudo que lhe for mais precioso para então largá-lo como um saco de lixo - o que fará com um sorriso de grande satisfação e intenso prazer.</div>
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<br /></div>
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Se você tem filhos menores com o narcisista, o mais provável é que tenha que esperar até que atinjam a maioridade para conseguir afastar-se por completo, mas ainda assim é possível implementar boa parte do <i>stone wall</i>, tomando várias precauções como bloqueá-lo e aos seus <i>flying monkeys</i> em todas as redes sociais das quais participe e instruindo seus amigos e familiares a fazerem o mesmo. Também é importante estabelecer um sistema de contatos indiretos com ele, restringindo-os a emails e mensagens - evite até mesmo os telefonemas. E esses contatos devem ater-se <b>somente</b> às questões objetivas como horários em que ele virá pegar as crianças ou trazê-las de volta: não responda às provocações e não discuta em hipótese alguma. Tampouco permita que ele passe do portão da sua casa ou emprego: informe porteiros, colegas e vizinhos que tal pessoa não está autorizada a ingressar nas áreas comuns do condomínio. Se junto com o advogado tiver juntado provas suficientes, obtenha uma ordem restritiva e não hesite em chamar a polícia sempre que se sentir ameaçado.</div>
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Documente tudo. Acostume-se a manter uma agenda, registrando datas e horários para todo o contato que tiver com ele: você pode vir a precisar desses relatos em juízo ou numa delegacia de polícia e não pode confiar na própria memória, porque a tensão emocional e os desvios cognitivos que o narcisista implantou em você na "lua de mel" tendem a confundir sua percepção depois de algum tempo, e parecer confuso e inseguro diante de um juiz ou delegado não vai ajudar em nada.</div>
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Tipicamente, o narcisista desrespeitará os dias e horários estabelecidos para a visitação, tentando aparecer de surpresa ou ignorando as crianças por semanas, mesmo meses a fio para aparecer de uma hora para a outra coberto de sorrisos e com os braços carregados de presentes. Registre e documente tudo e informe seu advogado <b>sempre</b> que isso acontecer.</div>
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O ideal é poder contar com alguém que não esteja emocionalmente envolvido na situação para representá-lo em todos os contatos com o narcisista. Você pode combinar com um motorista profissional da sua confiança para levar e buscar as crianças nos dias de visita, por exemplo. E se o narcisista se recusar a devolver as crianças, não hesite em acionar a justiça: não é raro que eles usem desse artifício para forçar um <i>tête-à-tête</i> - que é a última coisa que você quer que aconteça, a não ser que goste de ser abusado verbal e, em certos casos, fisicamente.</div>
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Se o narcisista é que ficou com a guarda das crianças, a primeira coisa a entender é que ele (ou ela) as usará para chantageá-lo sem a menor consideração pelo prejuízo que suas ações venham a causar aos próprios filhos. Mais razão ainda para documentar absolutamente tudo. Considere usar parte do tempo que tem com as crianças para prover o amparo e assistência psicológica profissional de que certamente necessitarão nem que seja preciso agendar horários flexíveis ou especiais com o terapeuta: ele será uma peça-chave no caso que estará montando junto com seu advogado para obter a guarda e preservar seus filhos do sofrimento causado pelo convívio com uma pessoa emocionalmente perturbada.</div>
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Resista às tentativas de chantagem que se sewguirão. Ao contrário do que o narcisista tentará fazer parecer, ela não acabará no momento que você ceder, mas ficará cada vez pior. Ceder à chantagem de um narcisista é se colocar nas mãos de uma pessoa que não quer nada de bom para você e tudo que se relacione a você - incluindo seus filhos, mesmo que sejam filhos dele também. Ao ver-se preso à teia, em situações aparentemente sem saída, pense no amanhã, no que quer para si e, principalmente, na qualidade de vida que quer para os seus filhos e <b>busque ajuda profissional</b>. Aplique o <i>grey rock</i>: faça-se frio, duro e insondável como uma pedra cinza para o narcisista: não lhe dê nenhuma reação emocional e procure ganhar tempo até <b> você e sua rede de apoio</b> encontrarem uma saída.</div>
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Nem todos os narcisistas são psicopatas, mas todos os psicopatas são narcisistas e <b>estabelecer essa diferença é difícil até para profissionais especializados</b>. Não tendo como saber se você e sua família correm risco real e imediato, é prudente partir do princípio de que esse é o caso e tomar as devidas precauções para reduzir e, se possível, eliminar os riscos. As crônicas policiais nos trazem exemplos diários de pessoas que falharam em se acautelar devidamente.</div>
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Agora, se você não tem filhos com o narcisista, todo o processo é bem mais direto desde que você aceite que provavelmente perderá bens e dinheiro no processo. Se tiver tempo, recursos e suficiente frieza emocional, você até pode manobrar para reduzir o prejuízo, mas já vou avisando: demanda tempo, sagacidade e muita diplomacia para conseguir se afastar de um narcisista sem deixar para trás alguns anéis e fios de cabelo.</div>
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O próximo passo é cortar todas as vias de comunicação e livrar-se de tudo que sequer lembre a existência dessa pessoa: fotos, presentes, cartas, mobília, roupas... o que for. Se puder, mude de casa, mude de ares, mude de círculos sociais. Afaste-se dos amigos dele e de qualquer amigo ou mesmo familiar seu que tente defendê-lo sem desculpas ou explicações. Troque todas as suas senhas e bloqueie o narcisista e todas as pessoas próximas a ele em todas as redes sociais de que participe e revise as configurações de privacidade dos seus perfis de forma a controlar o acesso às suas informações: nunca faça <i>check-ins</i> públicos em bares, restaurantes, academia, locais de trabalho, etc... não faça updates públicos e seja muito criterioso ao aceitar pedidos de amizade.</div>
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Apague o número dele do seu telefone e troque o seu número para não receber mais nenhuma ligação ou mensagem. E se recebê-los, não responda - de preferência sequer visualize emails e mensagens. Outra coisa: se o narcisista tinha acesso ao seu computador, tablet ou celular, a fim de evitar surpresas desagradáveis, procure o quanto antes um técnico e peça que faça uma varredura por atividades suspeitas e/ou programas espiões.</div>
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Tendo feito isso, discipline-se para não buscar online qualquer informação sobre a pessoa. E sempre que sentir aquela urgência em falar umas verdades, escreva numa folha de papel e depois queime tudo. Certifique-se de ficar fora do radar dele: narcisistas defendem com unhas e dentes o que consideram ser seu círculo de influência e a melhor maneira de se proteger dos seus ataques é deixar que siga agindo livremente dentro dele. Se recuse a ouvir fofocas ou novidades sobre o narcisista: a partir do momento que o tirou da sua vida, nada do que ele fizer o do que acontecer do outro lado do muro é da sua conta ou responsabilidade.</div>
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Creia-me: a menor concessão só vai servir para atrair ainda mais caos e sofrimento para a sua vida.</div>
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E não perca um segundo do seu tempo para tentar devolver na mesma moeda: a vingança é o piloto-automático do narcisista. Sequer cogite ficar por perto para ver quando ele quebrar a cara. Mais cedo ou mais tarde é exatamente isso que vai acontecer e, acredite em mim: isso não vai trazer a menor satisfação, não vai ajudar em nada na sua vida, a única coisa que esse tipo de pensamento faz é aprisionar você àquela pessoa e permitir que ela continue controlando os seus sentimentos. Entenda: o <i>grey rock</i> é uma estratégia a qual os próprios narcisistas recorrem com frequência como forma de afirmar o quanto são superiores, mas enquanto para eles isso é só um jogo de cena, para nós é o ponto final, significando que paramos de jogar e largamos mão de vez.</div>
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Pratique algum exercício físico para dar vazão à raiva que vai sentir à medida que se desintoxica e percebe a extensão do abuso, a crueldade das mentiras, maquinações e manipulações a que se submeteu por aquela pessoa. Sim, a consciência do quanto traiu a si mesmo e do quanto se sacrificou por alguém que absolutamente não o respeita como um ser humano é muito, mas muito revoltante. Mas isso é problema dele, não seu.</div>
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Nos momentos de fraqueza, entenda que você está se recuperando de um vício - literalmente. Os ciclos de sofrimento e êxtase que o narcisista criou na sua vida o deixaram viciado em emoções intensas. Todos sabemos o triste fim que aguarda os viciados mais cedo ou mais tarde na vida, e eu não quero isso para você. Você não quer isso para si mesmo.</div>
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Vai passar. Os primeiros dias podem ser bem difíceis, mas quanto mais tempo você passar totalmente alheio à mera existência daquela pessoa, melhor, mais fortalecido e mais em paz vai se sentir.</div>
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Finalmente, fica o conselho: não busque outro relacionamento sério enquanto sentir o menor impulso de dar uma lição no narcisista. Primeiro, porque é usar outra pessoa exatamente do mesmo jeito que o narcisista usou você. Segundo, porque está fragilizado emocionalmente e as chances de cair como um patinho nas garras de outro narcisista são imensas, particularmente dos que se disfarçam de ombro amigo, cheios de compreensão e conselhos dimensionados para desarmar as poucas defesas de que dispõe e abusar de você logo adiante.</div>
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Concentre-se mais em resgatar sua auto-estima pelos próprios meios: aproveite para estudar, viajar e se enriquecer como pessoa. Igualmente, aproveite para revisar alguns conceitos ultrapassados sobre si mesmo, o que quer, o quanto se dispõe a dar e o que merece receber em troca nos relacionamentos em todas as instâncias da vida. E tendo definido, cuide de nunca mais deixar por menos.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-77601145774472785672017-03-18T11:46:00.000-03:002017-03-18T11:46:10.008-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE IX: GREY ROCK<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpSsegoUITHn6shrajQz4MdyeJ_LikJyx0fgogKLyAI8paF0d75YIy3cnq15slUd-X58SBIH0ACEenncy-o9RH7pUHqsu2q1mcvhq2eSTL34qiZvSsBT0T0zwHGhyphenhyphenll2vWtNmgIfVtFPo/s1600/greyRock.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpSsegoUITHn6shrajQz4MdyeJ_LikJyx0fgogKLyAI8paF0d75YIy3cnq15slUd-X58SBIH0ACEenncy-o9RH7pUHqsu2q1mcvhq2eSTL34qiZvSsBT0T0zwHGhyphenhyphenll2vWtNmgIfVtFPo/s320/greyRock.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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O termo g<i>rey rock</i> (pedra cinza) foi cunhado por psicólogos comportamentais para designar uma técnica de auto-defesa emocional que com a prática leva à neutralização do abuso emocional. Por aqui conhecemos essa estratégia como "cara de paisagem" - algo que aplicamos na maioria das vezes de forma espontânea ou inconsciente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Basicamente, o <i>grey rock</i> consiste em fazer cara de paisagem e não deixar transparecer emoção alguma, dedicando-se a <b>observar sem absorver</b> a toxicidade de pessoas "difíceis", e seu emprego é recomendado sempre que nos sentimos desconfortáveis na presença de alguma pessoa ou em determinados ambientes. Nem todas as pessoas "difíceis" são narcisistas, mas todos os narcisistas são pessoas "difíceis". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Praticar o <i>grey rock</i> vai ajudá-lo em três níveis:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ol>
<li>neutralizar o impacto da agressão verbal no momento que ocorre</li>
<li>preservar e/ou clarear seu raciocínio durante a agressão verbal</li>
<li>ajudá-lo a reconhecer em si mesmo os pontos sensíveis que o tornam vulnerável às agressões</li>
</ol>
<b><i>Observe, não absorva*</i></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A agressão emocional é sempre e necessariamente uma estratégia de intimidação à qual recorrem indivíduos emocionalmente fracos quando vêem frustradas tentativas anteriores e mais sutis de manipulação. Pense numa criança fazendo birra: por impressionantes que pareçam os gritos e ofensas do abusador, ele está agindo exatamente da mesma maneira. Gritos e ofensas são sinais de derrota, não de vitória. Portanto, a primeira coisa que precisa entender é que quando o outro grita e ofende, a vantagem é sua, conquanto se mantenha calmo e não entre no jogo do agressor: gritos e ofensas são uma tentativa de empurrá-lo para o único terreno onde o agressor se sente em vantagem, porque é um terreno que domina melhor do que você e se você está lendo este artigo, é bem provável que já tenha cedido anteriormente, e se arrependido profundamente depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu quero ajudar você a acabar de vez com esse arrependimento. Eu quero que você assuma o controle sobre a própria vida e decisões. Eu quero que você viva em paz, porque a felicidade só faz ninho onde existe paz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez não seja muito fácil no começo, mas nós precisamos que você persista, que insista depois de ter falhado: ninguém é perfeito e é muito difícil manter a calma quando estamos sendo ameaçados e/ou acusados de coisas tenebrosas. Ninguém nasce com sangue de barata, mas podemos aprender. E não tem limite de idade para aprender.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, eu quero que você comece praticando a <b>observação</b>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Observe</b> aos outros, observe a si mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O humor do parceiro/amigo/colega mudou? Observe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O seu humor mudou? Observe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O humor das pessoas à sua volta mudou? Observe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E enquanto observa, pergunte-se:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ul>
<li>Como está se sentindo com essa mudança?</li>
<li>Está ansioso, nervoso, tenso?</li>
<li><b>Por quê</b>?</li>
</ul>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quando nos sentimos ansiosos, nervosos ou tensos, nosso instinto de sobrevivência está mandando um recado, antecipando uma situação potencialmente ameaçadora antes mesmo de termos consciência disso. Então, observe e pense. Tente lembrar se disse ou fez alguma coisa que pudesse ter incomodado essa pessoa - pessoas "difíceis", e narcisistas em particular, se ofendem com as palavras e atitudes mais inocentes e insignificantes, e isso é problema <b>delas</b>, não seu - a não ser que pretenda andar pela vida pisando em ovos e sendo usado e abusado por esse tipo de gente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se o outro simplesmente explodiu na sua cara sem aviso, eu quero que você recue um passo dentro da sua cabeça. <b>Faça cara de paisagem e não reaja</b>: não diga nada, não faça nada - <b>apenas observe</b>. E observando, pergunte-se: <b>por que esta pessoa está agindo assim comigo exatamente neste momento?</b> Lembre: <b>neste primeiro momento, o foco não é você</b>. Por mais que o outro queira fazer parecer, <b>o foco é ele</b>: ele é que está incomodado, ele é que tomou a iniciativa, ele é que começou, logo, o problema é dele, não seu. Observe do que está sendo acusado, exatamente: quando se trata de narcisistas, eles têm o patético hábito de acusar os outros de agirem exatamente como <b>eles próprios</b> estão agindo pelas suas costas. Então, ao invés de se defender das acusações, por revoltantes e irreais que pareçam, <b>observe e guarde</b>. Não responda às acusações, apenas diga que retomará a conversa quando ele estiver mais calmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Caso a explosão resulte de você ter criticado alguma conduta do outro, e ele reagir acusando você, finja ser um disco riscado e insista no seu questionamento original: <b>não se deixe enrolar</b>. Quando acuadas, essas pessoas costumam partir para o ataque, muitas vezes recorrendo a argumentos totalmente estapafúrdios com o intuito de colocá-lo na defensiva. <b>Mantenha a calma, faça cara de paisagem e volte à crítica que fez no começo de tudo</b>. Ouça o que ouvir, mantenha-se calmo na certeza de que existe <b>os motivos que o levaram a começar a conversa são válidos</b>, e isso é <b>tudo</b> que importa no momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se estiver discutindo com um narcisista, prepare-se para ter todos os seus fracos atingidos com crueldade. Esse <i>modus operandi</i> é tão universal que a gente chega a desconfiar que narcisistas não nascem: são fabricados em série e escondem o código de barras por trás do umbigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Não absorva</b>. Essas pessoas são como vampiros que se alimentam das emoções dos outros - e são viciadas nelas. Como todo o viciado, elas vão aumentando as doses na tentativa de voltar a sentir o "momento mágico" da primeira vez que experimentaram. Isso é particularmente perverso nos relacionamentos "amorosos" - e aqui falo especificamente dos narcisistas: como são incapazes de reciprocidade, a etapa da acomodação por que passam os relacionamentos afetivos normais é para elas o fim do relacionamento. Portanto, o momento de sedimentação que permite a uma relação se consolidar no companheirismo capaz de manter-se por uma vida inteira é o fim, para o narcisista, porque no seu entendimento, amor é a paixão desenfreada cheia de incertezas e inseguranças: esse nível de intensidade tem que ser uma constante para o narcisista e ele fará de tudo para prolongá-lo, mesmo que isso signifique esgotar o parceiro emocionalmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A questão aí é que como seus sentimentos não são autênticos, por exacerbados que aparentem ser, depois de uma briga descomunal, o narcisista vira para o lado e dorme como um bebê enquanto você perde o sono tentando se acalmar e fazer algum sentido de tudo que aconteceu. Em poucos meses, você estará em frangalhos enquanto ele já busca a próxima vítima - e, acredite-me, <b>sempre há uma próxima vítima</b>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Observar sem absorver é o primeiro passo para você se salvar antes que a toxicidade dessa pessoa destrua sua identidade e vontade de viver. Até aqui eu venho explicando e demonstrando como funciona a mente dessas pessoas, para ajudá-lo a entender o porque de serem capazes de fazer tanto mal aos outros e seguirem convencidas de que elas é que foram as vítimas. <b>Nem você nem ninguém vai mudar isso</b>. Você só pode mudar a si mesmo. Você só pode salvar a si mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pratique meditação, qualquer método que o ajude a criar e manter uma barreira invisível entre suas emoções e essa pessoa: <b>observe</b> a pessoa tóxica, entenda a pessoa tóxica, mas <b>não absorva</b> sua toxicidade na certeza (e isso é absoluta certeza mesmo) que <b>nada do que elas dizem ou fazem é por sua causa, em absolutamente todos os sentidos</b>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ideal é afastar-se, cortar relações e ignorar a própria existência de pessoas tóxicas, mas isso nem sempre é possível: às vezes essas pessoas são nossos pais, irmãos ou parentes de quem não podemos simplesmente nos afastar de uma hora para outra - e creia-me: pessoas tóxicas são especialistas em criar circunstâncias que tornam difícil a distância física. Não podemos absolutamente mudar o seu comportamento, como nos tratam ou como se dirigem a nós: enquanto existirem, seguirão manipulando, fofocando, caluniando e criando dramas desnecessários por motivos fúteis, nos agredindo e ofendendo sempre que quiserem de nós algo que não estamos dispostos a dar. Como eu afirmei mais acima, esse é o jogo <b>delas</b>, e é um jogo no qual sentem-se vencedoras há décadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Observe, não absorva</b>. Repita para si como um mantra. Escreva num bilhete e cole na geladeira, se necessário: <b>observe, não absorva</b>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Usando o <i>grey rock</i>, ou "cara de paisagem", você aprende a ocultar o impacto emocional que elas têm sobre si. Você se expõe menos aos ataques primeiro, porque se sua expressão é neutra, fica muito difícil para elas identificarem os seus pontos fracos para usá-los contra você. Segundo, porque ao verem que não conseguem extrair o suco precioso das suas emoções, elas acabarão desistindo, deixando-o em paz enquanto partem para buscar outra vítima, e como a iniciativa terá partido delas mesmas, se sentirão menos inclinadas a buscar a vingança fazendo a sua caveira por aí. Aí sim, você pode implementar o próximo passo que é cortar todo o contato, erradicando todos os traços da presença dessas pessoas em sua vida, fechando a porta e botando uma boa trava com cadeado para nunca, mas nunca mais mesmo abrir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* a técnica "observe, não absorva" foi desenvolvida pelo terapeuta norte-americano Ross Rosenberg, um dos poucos especialistas no tratamento de vítimas dos narcisistas.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-12620454612285560442017-03-17T10:11:00.000-03:002017-03-17T10:11:29.461-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE VIII: O QUE É MEU É MEU, O QUE É SEU É NOSSO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhIZJEZbltZDBwoOuLUk9yuhV9xhh4WiG_8n09pCUa4Yqc_xZk3xeaGpZs5-iqpjAPuZWTRt52jnLvcUrRt7Mx7uFzFZWwaiIY1AkPmpcr76t6-APTbJGhQRQE5Nt4SrGnHKGExN2CMYM/s1600/selfish.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhIZJEZbltZDBwoOuLUk9yuhV9xhh4WiG_8n09pCUa4Yqc_xZk3xeaGpZs5-iqpjAPuZWTRt52jnLvcUrRt7Mx7uFzFZWwaiIY1AkPmpcr76t6-APTbJGhQRQE5Nt4SrGnHKGExN2CMYM/s320/selfish.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é uma crença muito frustrante para quem precisa conviver com um narcisista em família, na escola ou no trabalho: ao mesmo tempo que protege com unhas e dentes o que considera "suas coisas", narcisistas não mostram o menor respeito e não têm o menor pudor em usar, abusar ou mesmo surrupiar os recursos alheios. Isso é feito de maneira mais ou menos ostensiva, dependendo do grau de dissimulação do narcisista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Narcisistas dissimulados gostam de se mostrar generosos, comprando a lealdade dos outros com presentes e agrados - preferencialmente adquiridos com recursos de terceiros: é a famigerada cortesia com o chapéu alheio Se pretende levar a nova conquista numa viagem, por exemplo, os recursos necessários serão obtidos de colegas, amigos, familiares ou mesmo o parceiro-titular, com as "emergências" variando de tom e intensidade na proporção do empréstimo desejado: transporte, hospedagem, dinheiro para as despesas, seja o que for. E ele é capaz de elaborar com riqueza de detalhes as histórias mais trágicas e confidenciá-las a você com as mãos tremendo e os olhos marejados, se for preciso. Sei de um que tirou férias, redecorou o apartamento e gozou de um estilo de vida privilegiado por três anos com o dinheiro que extorquia de uma idosa convencida que estava ajudando com exames, consultas e medicamentos no tratamento de um tumor no cérebro da parceira dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nem mesmo um saldo bancário bastante favorável inibe o narcisista de tentar viver às custas dos outros. Para obter esses recursos, ele pode prestar um pequeno favor à vítima do golpe, como oferecer sua preciosa presença para um jantar (a ser pago pela vítima), mostrando-se particularmente aberto e compreensivo, ouvindo suas lamúrias e aconselhando-a "de todo o coração", para pouco tempo depois pedir de volta algum favor: carro, roupas, dinheiro ou as chaves da casa de praia, e por aí vai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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No que tange a recursos e favores, independente da natureza, a relação com um narcisista é sempre assimétrica. Narcisistas delirantes consideram o tempo investido na presença de alguém capital suficiente para essa troca, enquanto os dissimulados cuidam de simular a reciprocidade inflando o significado e importância do que quer que estejam oferecendo em troca. Se você ligar num momento de necessidade, por exemplo, o narcisista cuidará de informá-lo que tem um compromisso importantíssimo para pouco mais adiante, então virá ao seu encontro controlando o relógio tão ansiosamente que, constrangido, você acabará agradecendo e dispensando-o - talvez para flagrá-lo sentado num bar com amigos meia hora depois. É que os tais "compromissos urgentes" nunca são tão urgentes - se é que existem de todo - como o narcisista gota de fazer parecer, mas sim uma estratégia que ele emprega para valorizar-se aos seus olhos, extorquindo sua gratidão sem dar absolutamente nada em troca. Porque ele sabe como nos sentimos em dívida quando alguém larga tudo para se fazer presente quando chamamos.</div>
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Narcisistas também podem usar objetos de sua propriedade para obter acesso irrestrito às residências de pessoas consideradas necessárias, "emprestando-os" ou deixando-os sob a guarda dessas pessoas pretextando algum incidente ou situação inesperada, manobrando para obter as chaves do local onde se encontram seus objetos, garantindo assim não só o livre acesso como o uso dos recursos do local (telefone, luz, cama, cozinha, o que for) com o adicional extra de lá poder se instalar em caso de necessidade e pelo tempo que julgar necessário - caso em que removê-lo antes que tenha encontrado outro refúgio se mostrará difícil, conflituoso e potencialmente arriscado.</div>
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Nada do que o narcisista faz é espontâneo muito antes pelo contrário: tudo é planejado, medido e dimensionado para servir a segundas intenções.</div>
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Como percebe objetos como extensões de si mesmo, eles precisam ser os melhores, maiores, mais vistosos e invejados, devendo ser expostos como obras de arte. Manipulá-los envolve alto risco, pois o menor dano é visto como uma ofensa pessoal. No nível psicológico, esses objetos são extensões físicas que servem para compensar deficiências do narcisista. A paixão do sujeito franzino por seu 4x4 trai um traço de narcisismo mensurável pela extensão da sua relação com o veículo, que pode ir cumulativamente da mera ostentação ao ciúme doentio.</div>
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Paralelamente, o narcisista desvaloriza tudo que é propriedade dos outros. O que é dele é para ser guardado e o que é dos outros, usado (senão abusado) e descartado. O zelo e apreciação que dedica aos seus objetos não se estende à propriedade alheia, por ele tratada de forma desdenhosa e desleixada mesmo que seu objeto seja um surrado par de calças jeans e o do outro um <i>smoking</i>. Essa desvalorização é ainda maior se o narcisista deseja para si o objeto de outrem, que ele barganha para comprar barato, para depois, ainda por cima, exibi-lo para terceiros, cantando vantagem do tolo que enrolou.</div>
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Quando abrimos as portas de nossas casas, o fazemos entendendo que o visitante obedecerá o código de conduta implícito em nossa cultura, permitindo-se algumas liberdades à medida que a amizade ou relação se aprofunda ao mesmo tempo que esperamos reciprocidade nessas liberdades. Isso não existe com o narcisista, que a partir do instante que avança da soleira da porta passará a testar deliberadamente os seus limites, e se você não se mostrar inflexível, ele não só tomará conta do ambiente como não mostrará o menor constrangimento em aparecer de surpresa a qualquer momento do dia ou da noite acompanhado de estranhos e incentivando-os a se comportarem com o mesmo relaxamento que demonstra ao atirar-se no sofá, revirar a geladeira ou as estantes, bisbilhotar pelos outros cômodos ou ligar a televisão como se estivesse em casa. Isso pode ocorrer de maneira mais ou menos dissimulada. Para forçar seus limites ele pode, por exemplo, se mostrar tocado e agradecido pela sua hospitalidade, ou confidenciar que o excessivo rigor do parceiro torna a própria casa um ambiente inóspito onde ele não se sente à vontade; ou pode simplesmente dispensar arrogantemente os seus protestos: tudo depende do grau de utilidade que atribuiu a você na escala das suas relações.</div>
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Por outro lado, se o visitante é você, sempre há alguma coisa impedindo que se sinta à vontade na casa do narcisista. Às vezes é um sentimento vago, por mais solícito que ele se mostre, que impede que você relaxe naquele ambiente. Muitas vezes é porque soube pelo narcisista das "manias" do parceiro ou outras pessoas que lá residam, e para evitar qualquer inconveniente ao anfitrião, você cuida de obedecer às "regras da casa". Seja como for, é difícil sentir-se "em casa" na casa de um narcisista na mesma proporção que ele parece sentir-se à vontade na sua casa.</div>
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Empréstimos ao narcisista são a fundo perdido. Seja dinheiro ou objetos, tendo conseguido por as mãos em alguma coisa sua, é muito difícil que venha a devolver, podendo "perdê-la" se você insistir muito. É uma coisa tão absurda que ele pode chegar a jogar fora o que tomou emprestado só para não devolver. Os empréstimos são outra estratégia que narcisistas usam para conhecer os seus limites enquanto determinam o seu grau de "utilidade".</div>
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Não é raro que a iniciativa para criar uma relação de trocas desta natureza parta do próprio narcisista, que tentará emprestar ou mesmo "doar" alguma coisa, via de regra algo de que ele queira se desfazer e que para você tem igualmente pouco uso ou necessidade como uma peça de vestuário, por exemplo; insistindo e argumentando ante a sua recusa de forma a constrangê-lo a aceitar. Tendo aceitado esse "favor", você naturalmente se sentirá obrigado daqui para a frente a corresponder. Não surpreendentemente, no entanto, os objetos e/ou favores que ele virá a pedir em troca serão incomparavelmente mais valiosos e úteis, e se não tiver seus limites muito firmes e claros, você pode facilmente chegar a ponto de se privar de coisas das quais necessita para atendê-lo.</div>
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O que é preciso entender disso tudo é que independente da natureza da sua relação com um narcisista, ela sempre será não-recíproca e assimétrica, com a balança pendendo cada vez mais para o lado dele. E quanto mais o narcisista dever, mais vai lhe cobrar e mais à vontade mais à vontade vai se sentir para tomar o que quiser quando e como lhe aprouver.</div>
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E isso vai seguir acontecendo até que você entenda que se depender do narcisista, sua obrigação é entregar todos os seus ovos de ouro sorrindo e mostrando-se agradecido pelos ovos podres que recebe em troca.</div>
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Simples assim.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-62718537835510183932017-03-10T10:14:00.001-03:002017-03-10T10:14:02.647-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE VII: NENHUM REMORSO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifpKnPxvDEGx7S8JKeyHlMEkw0t6aPeUcDPvr3RI4KGYkXB7bb3WEM7VEznyBx2LRwUq5mE5XJjbpsq3cyNseNWm5hMQmLrrcX4aXgV4a37lrUCnCMh1DTxhMKR75HCntk0T0o5B_oRf8/s1600/how+do+they+do+it.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifpKnPxvDEGx7S8JKeyHlMEkw0t6aPeUcDPvr3RI4KGYkXB7bb3WEM7VEznyBx2LRwUq5mE5XJjbpsq3cyNseNWm5hMQmLrrcX4aXgV4a37lrUCnCMh1DTxhMKR75HCntk0T0o5B_oRf8/s320/how+do+they+do+it.jpg" width="320" /></a></div>
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Uma pessoa pode apresentar comportamentos tóxicos sem ser necessariamente uma pessoa tóxica. A diferença entre "comportar-se como" e "ser"se mede pela capacidade de perceber o prejuízo que causa aos demais, demonstrar remorso autêntico e se esforçar de fato para corrigir tais comportamentos.<br />
<br />
O narcisista é incapaz disso: ele cria o caos e culpa os outros. Se chega a admitir um erro, o faz como estratégia para manter a boa vontade da outra pessoa podendo até prometer corrigir-se, e simular pedidos sinceros de ajuda ao ofendido, para tão logo se sinta seguro, não só abandonar todos os esforços retomando o comportamento tóxico anterior ao conflito, como transferindo ao outro a responsabilidade e empenho em "consertar" a situação e cuidando de responsabilizá-lo não só direta e pessoalmente, como perante terceiros, podendo até recorrer à Justiça buscando "reparação".<br />
<br />
Quanto mais grave for a ofensa por ele cometida, mais ofendido se mostrará com a vítima. Isso porque além de ser incapaz de admitir os próprios erros, ele projeta seus próprios nos outros: se explora financeiramente uma pessoa ela é que o está explorando; quando trai seu parceiro, o faz porque está sendo traído; se abusa dos favores, é porque está sendo abusado e não há prova ou argumento capaz de fazê-lo ver a realidade.</div>
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Até porque tentar trazer à razão um narcisista pelo diálogo é como falar por um telefone sem fio: por mais que seja claro e objetivo, o narcisista reage como se você tivesse falado outra coisa completamente diferente. Você diz "pedra" e o narcisista entende "pau". Você pode repetir "pedra", explicando e demonstrando sua aparência e constituição física. O narcisista então dirá: "todo mundo está sabendo que é um pau, só você é burro de não ver e insiste em usá-lo como uma pedra". Diante da sua persistência, muitas pessoas intelectual e/ou emocionalmente frágeis começam a duvidar de si mesmas, dos próprios olhos e ouvidos e acabam pedindo desculpas. Outras, achando que não vale a pena discutir, decidem deixar para lá.</div>
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Esse "telefone sem fio" com inversão de culpa se chama <i>gaslighting</i>, e é entendido como uma estratégia de manipulação que cria uma cortina de fumaça, distraindo o oponente do foco da discussão ao mesmo tempo que o leva a duvidar dos próprios sentidos e cognição.<br />
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Assim entendemos porque partimos de um princípio de realidade que admite objetivamente não só a existência como a autonomia das outras pessoas.</div>
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Explico: toda a forma de manipulação parte do pressuposto de que o outro existe e está ali como um indivíduo autônomo cuja vontade queremos dobrar. Se não acreditássemos nisso, não haveria necessidade de divisar estratégias que o induzam a agir conforme nossas vontades ou expectativas. Essa noção é fundamental no que se chama "princípio de realidade". Só que o narcisista não atingiu esse estágio evolutivo.</div>
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Embora desfilem pelo mundo agindo e discursando como as pessoas mais racionais e maduras, emocionalmente os narcisistas seguem paradoxalmente presos à noção primitiva de um "eu" não individualizado, mas fundido todo o resto. Seus esforços naturais de diferenciação e autonomia foram sequestrados, de forma que sua personalidade não se formou amalgamando predisposições genéticas, experiências, sensações e influências para formar um todo ao qual novas experiências vão se juntando e redefinindo ao longo do tempo. Ela foi, sim, estilhaçada sob a pressão das expectativas do seu ambiente de origem para encaixar no molde que lhe era destinado: os fragmentos julgados "bons" foram consistentemente isolados e elevados à condição de definidores do próprio ser do narcisista ao mesmo tempo que os "ruins", julgados inaceitáveis, foram rechaçados e recalcados a ferro e fogo, resultando numa espécie de <i>golem</i> de aparência impressionante, mas essencialmente artificial.<br />
<br />
Como se não bastasse, esse ambiente essencialmente opressor mostrou-se também perverso, pois os próprios elementos de referência se isentaram de prover eles próprios o exemplo prático das atitudes e comportamentos que exigiram da criança, ainda por cima usando insidiosamente do vexame e da humilhação como formas de punição.<br />
<br />
A questão é que, como bem apontou Jung, queira ou não todo ser humano tem um lado obscuro ou uma "sombra", como ele próprio denominou. É nela que arquivamos e seguimos acumulando os rancores, raivas, frustrações, angústias, ressentimentos e todos os sentimentos e impulsos "negativos", junto com os aspectos ou vieses que desprezamos ou julgamos inaceitáveis em nós mesmos. Esse caldo de hostilidades vive em constante ebulição no inconsciente de todos, sem exceção. Ainda segundo Jung, enquanto não nos tornarmos conscientes e lidarmos com nossas próprias sobras, elas seguirão nos assombrando, materializando-se em pessoas ou circunstâncias que as reflitam de volta para nós.<br />
<br />
Paralelamente a isso, suficientes pesquisas já comprovaram que a noção de justiça é integra a programação genética do ser humano: bebês de colo protestam tanto ao se verem alvos como ao perceber injustiças cometidas a terceiros.<br />
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Tendo tudo isso em mente, podemos começar a entender a dimensão da sombra carregada desde cedo pelos narcisistas e desenvolver alguma noção dos mecanismos inconscientes que lhes permitem ignorar completamente a presença de conteúdos negativos em si mesmos, projetando-os nos outros com tanta obstinação. </div>
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Cada pessoa com quem o narcisista trava contato não é por ele percebida dentro do contexto específico daquele momento não como um indivíduo, mas como um <i>golem</i> personificando um dos conteúdos do seu próprio inconsciente. Se percebe o contexto da interação como "positivo", ele vê o outro como um <i>golem</i> benigno; se negativo, como maligno independente do histórico das interações entre ele e cada pessoa.<br />
<br />
Por isso, mesmo que olhe, toque e se dirija a você, não é você à luz da sua história pessoal e de de tudo que ambos vivenciaram juntos que ele vê, mas a parte específica de si mesmo que as suas atitudes estão evocando naquele exato contexto. Parece maluco, e de certa forma o é. Imagine viver só "no momento" e terá como consequência os dois extremos: o Buda iluminado cuja noção de "eu" engloba o "todo", e o narcisista que é exatamente o oposto: um "eu" que se afirma pela negação do "todo". </div>
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O narcisista é impermeável ao sentimento de remorso porque, em última instância, tudo que faz é direcionado e si mesmo e as consequências de suas ações habitam o vácuo representado pelas vidas dos outros cuja existência desconhece, já que nada existe ou persiste fora do seu campo de percepção. Não é que o narcisista "decida ignorar": ele é de fato incapaz de extrapolar qualquer dimensão humana fora do espectro limitado e limitante das suas projeções. O universo do narcisista não é real, objetivo, linear, lógico e causal conforme o percebemos; mas uma Ilha da Fantasia povoada por <i>mínions</i> onde ele reina onipotente, onisciente e onipresente.</div>
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Quando insulta e ofende a sua honra, por exemplo, o narcisista está apenas usando-o como um receptáculo da cólera que sente para consigo mesmo naquele momento. E aqui deixo uma dica preciosa para o momento que alguém se ver injustamente acusado por um narcisista: suas acusações costumam revelar exatamente o que ele próprio está fazendo às escondidas.</div>
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Por ofensivo que consiga ser, nada do que o narcisista faz ou deixa de fazer nesta vida tem a ver com qualquer um, além dele mesmo. As pessoas que cruzam o seu caminho são hospedeiros temporários para suas próprias facetas. Se o agradam, são boas, ótimas, excelentes, as melhores do mundo. Se o contrariam são más, péssimas, incompetentes, as piores do mundo. E esses julgamentos são tão fluidos como circunstanciais: a pessoa maravilhosa de ontem é o hipócrita de amanhã não por ser consistentemente uma pessoa assim ou assado, mas por ter cedido ou negado um agrado ou favor.</div>
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Obviamente sua irresponsabilidade pessoal não os isenta da culpa. Muito mais que passar a mão pela cabeça e sentir pena dos "coitadinhos", o que eu pretendo aqui é ajudar você a compreender os mecanismos psicológicos que permitem a essas pessoas cometer maldades e se mostrar ultrajadas quando confrontadas com as consequências.</div>
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Se devidamente endereçado antes da idade adulta, o narcisismo pode ser contido de forma a não evoluir para a malignidade. Dificilmente será erradicado, mas com os devidos cuidados e atenção de terapeutas especializados, pode ficar limitado às formas mais brandas com as quais é possível conviver, estabelecendo vínculos afetivos em contextos relativamente benéficos.</div>
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O indivíduo com tendências narcísicas sempre será mais refratário às críticas do que a média das pessoas, e seguirá criando intrigas e manipulando os outros para obter alguma vantagem pessoal; mas pelo menos o fará dentro do princípio de realidade, aceitando alguma responsabilidade sobre suas ações e será, pelo menos, capaz de sentir remorso pelos danos que sua conduta porventura vier a causar - por mais que relute em admiti-lo publicamente.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-55090201061372521712017-03-08T14:14:00.001-03:002017-03-08T14:14:15.818-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE VI: INTIMIDAÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXoxL0QvbP9a1mRyVNzsrEvZ8fjFc9gY5YJYZLOJG1YKCyrWuX4z8OE5IGDbAc8bBu2C62u15I2i7VdRPUiKx1qmrUmXDE9SDcBeSq2xVjPCNVl3BnoNLBJDbxBXhyPo9eXx0RUmsF-EE/s1600/harassment.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXoxL0QvbP9a1mRyVNzsrEvZ8fjFc9gY5YJYZLOJG1YKCyrWuX4z8OE5IGDbAc8bBu2C62u15I2i7VdRPUiKx1qmrUmXDE9SDcBeSq2xVjPCNVl3BnoNLBJDbxBXhyPo9eXx0RUmsF-EE/s320/harassment.jpg" width="316" /></a></div>
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A intimidação é um comportamento estratégico usado para forçar outro a entregar alguma coisa. O assalto é o exemplo clássico: antecipando que você não entregará seus bens por livre e espontânea vontade, o bandido se aproxima apontando a arma para sua cabeça. Assustado e temendo pela própria vida, você entrega o que ele está exigindo.<br />
<br />
Portanto, sempre que sentir-se intimidado por alguém, cabe a pergunta: o que essa pessoa espera obter de mim desta maneira? </div>
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Intimidadores seguem exatamente a mesma lógica do assaltante. Só não andam apontando revólveres por aí. Ao invés disso eles usam da linguagem oral com ofensas ou insinuações, e/ou corporal, mostrando dominância ou superioridade com uma postura corporal invasiva, desrespeitando seu espaço pessoal. Mas apesar de parecer representar um perigo real e imediato, essa atitude é um blefe: se a pessoa que intimida tivesse o poder de obter pelos próprios meios o que espera de você, ela o deixaria em paz.<br />
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Fica a dica, então: sempre que alguém apela para a intimidação, é porque está numa posição de inferioridade, logo, o problema é dele e a vantagem, sua.</div>
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Seria temerário, no entanto, confrontar cegamente indivíduos que usam da intimidação para se impor, pois quanto mais frágeis se sentem por trás do <i>mise en scène</i>, mais violenta será sua reação. O importante aqui é saber que é isso que está acontecendo, entender que você é que tem vantagem na situação e tentar ganhar tempo até encontrar uma saída que não comprometa sua integridade física, mental, emocional e financeira. A reação ideal quando se sentir intimidado é dizer calma e firmemente "desculpe, não posso tratar disso agora" e se afastar.<br />
<br />
O que o narcisista não consegue pela boa vontade das suas vítimas, ele busca obter pela intimidação seja por chantagem ou ameaças que podem ser sutis e subjetivas (acabar com a amizade, por exemplo), como passíveis de enquadramento penal. Tudo depende tanto do <i>modus operandi</i> do narcisista em questão como do quanto ele está necessitado do que quer que se encontre em seu poder.<br />
<br />
Em outras palavras: enquanto as pessoas seguirem deslumbradas com seu <i>elan</i>, fazendo concessões na ilusão de estarem sendo beneficiadas pelo que quer que a atitude do narcisista pretenda oferecer, ele seguirá se sentindo à vontade para tomar mais do que se dispõe a contribuir seja em termos materiais ou emocionais. Mas o menor sinal de desconforto ou tentativa de impor limites às liberdades que se permite são percebidas pelo narcisista como uma humilhante ofensa pessoal.</div>
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Digamos, por exemplo, que o narcisista é seu sócio num empreendimento e você acaba de descobrir que ele vem desviando quantias significativas do caixa da empresa para gastos pessoais. Ao tentar confrontá-lo, por mais tato que use, suas palavras serão tomadas como uma ofensa pessoal e ele reagirá colérica e desproporcionalmente elevando o tom do que seria uma discussão normal entre sócios a uma enxurrada de ofensas e desaforos pessoais que fazem parecer pequenas as transgressões dele diante da sua incompetência em conduzir o negócio e cumprir com as suas obrigações, enfatizando o quanto está cansado de carregá-lo nas costas e inventar desculpas para os clientes que, por sinal, o seguirão quando deixar a sociedade. Intimidado, você cede só para constatar algum tempo depois que ao invés de diminuir, os saques aumentaram. A empresa está no vermelho, os fornecedores começam a suspender as entregas ou só vender à vista, os impostos e a folha de pagamento estão em atraso. E enquanto você corta despesas em casa, mal conseguindo rolar a dívida do cartão de crédito e perde noites de sono tentando resolver os problemas, seu sócio narcisista troca a BMW com seis meses de uso por uma Land Rover zero quilômetro. E quando as intimações e cobranças judiciais se acumulam na sua mesa, ele resolve levar a nova namorada para passear na Bahia. Afinal, nada disso é problema dele, porque você é o sócio-titular e ele não tem patrimônio algum em seu nome para ser apreendido e levado a leilão. Por esdrúxula que pareça, essa situação acontece com muito mais frequência do que se imagina. Que o digam os advogados e contadores.</div>
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Com amigos, por exemplo, o narcisista pode abusar da hospitalidade, indo e vindo quando quer e bem entende e ignorando as regras do condomínio que, afinal, não foram feitas para ele que nem inquilino é. Ou ele pode tomar objetos emprestados sem pedir, abrir a geladeira e beber a única cerveja sem se dar ao trabalho de perguntar. E se o amigo reclamar, a própria existência da "amizade" será posta em xeque, e suas intenções virulentamente atacadas como egoístas, mesquinhas e por aí a fora. Ao ceder, o amigo arrisca chegar em casa do trabalho um dia para encontrar o narcisista com a namorada ou uma turma de estranhos degustando o vinho que você vinha reservando na adega e devorando os petiscos que comprou para receber os amigos no dia seguinte.</div>
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Se for seu colega de trabalho, o narcisista pedirá que complete ou corrija suas tarefas às escondidas do chefe. "Fico lhe devendo essa" é a promessa que nunca é cumprida, pois ele sempre tem uma "emergência" que o impede de retornar o favor. E se por azar flagrá-lo cometendo algum ato ilícito, se deixar intimidar a ponto de fazer vistas grossas para meses, para subitamente ser demitido sumariamente como se fosse o autor dos ilícitos que ele cometeu - e não se surpreenda se a "denúncia" tiver partido do próprio narcisista.</div>
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O que os exemplos acima pretendem demonstrar é que ceder à intimidação só piora situações que já eram difíceis de manter. Ceder à intimidação por mais que evite alguma situação desagradável no presente, não só não impede que o que quer que se tente evitar acabe acontecendo de qualquer jeito, como abre um caminho sem volta para mais abusos e exploração. É como a chantagem: depois de ter pago o preço, que garantia você tem que de que vá parar? A pessoa bem pode decidir - e normalmente é o que acontece, que tendo obtido a quantia inicial com relativa facilidade, vale tentar arrancar outro tanto mais.<br />
<br /></div>
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Por difícil que pareça quando acontece, o ideal é pagar o blefe do narcisista logo de saída e arcar com o prejuízo livrando-se dessa pessoa de uma vez por todas, porque tendo conseguindo intimidá-lo uma primeira vez, o narcisista seguirá intimidando com mais urgência e agressividade para obter o que quer, como e sempre que quiser até que você não tenha mais nada a oferecer, caso em que, independente do quanto tenha cedido e sido condescendente, será humilhado publicamente e descartado como uma fralda usada.</div>
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Caso a situação envolva risco pessoal ou patrimonial, não tente resolver tudo sozinho. Procure manter a calma por acuado que se sinta, e tente ganhar tempo do jeito que der, nem que para isso precise fingir um desmaio ou sair correndo do local: não tenha medo de parecer fraco ou covarde, até porque é assim que o narcisista o vê de qualquer jeito, caso contrário não tentaria intimidá-lo. O importante é interromper no ato a intimidação sem se comprometer com resposta alguma, e tratar de buscar apoio e conselho junto a familiares, amigos e profissionais em quem confia. Dê preferência a pessoas que não tenham nenhum envolvimento com o narcisista e seja totalmente honesto, por embaraçosa que seja a situação: você não é a primeira nem será a última pessoa a ter se submetido a situações vexatórias sob a pressão de um narcisista. Na verdade, eles costumam agir exatamente assim e forçar exatamente os limites que você julga mais elevados, porque sabem que as pessoas preferem comer sozinhas o pão que o diabo amassou a permitir que alguém saiba sobre a lama por onde se deixaram arrastar. Se você leu o post anterior sobre os <i>flying monkeys</i>, a esta altura já entendeu que é exatamente isso que vem acontecendo desde o começo, pois desde o momento que você cedeu pela primeira vez, o narcisista vem se encarregando de espalhar a "novidade" aos quatro ventos.</div>
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Não se desespere se se vir retratado ao ler essas linhas aparentemente duras: tudo, mas tudo mesmo nesta vida tem solução. Cada um de nós veio a este mundo suficientemente equipado para superar qualquer desafio que a vida apresente, e capaz se solucionar qualquer problema. Confie na qualidade do que carrega no coração e entre as orelhas: ninguém neste mundo está tão ocupado em ajudá-lo como você mesmo.</div>
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<div style="text-align: justify;">
Por piores que sejam as fofocas, armações, calúnias e difamações de que você pode se ver alvo por não ceder à intimidação do narcisista, mantenha-se firme e confiante, na certeza de duas coisas: primeiro, que seriam muito mais graves caso tivesse cedido e, segundo, que todas as pessoas que entram em contato com o narcisista são alvos de fofocas, armações, calúnias e difamações do mesmo jeito que você, e se parecem poupadas ou premiadas pelas atenções dele, é só porque estão cedendo, talvez mais vergonhosamente que você.</div>
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Erga a cabeça e siga em frente com sua vida, lembrando as sábias palavras de Abraham Lincoln:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<b><i>Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas nunca todas as pessoas o tempo todo.</i></b></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Não perca seu precioso tempo de vida tentando explicar ou defender-se, muito menos tentando expor ou vingar-se do narcisista: isso só o manterá dentro do foco de atenção dele estendendo desnecessariamente uma situação que de outra forma se encerraria caso ele estivesse concentrado em outra vítima. As pessoas não são estúpidas: cedo ou tarde acabam vendo o narcisista pelo que realmente é e se afastando.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se parar e avaliar com calma e lucidez, resistir à intimidação, afastando-se do narcisista corresponde a separar o joio do trigo. É um momento de verdade, um divisor de águas que vai ensinar quem são seus verdadeiros amigos. Depois da tempestade sempre vem a bonança, e seu jardim, amigo, voltará a florir ainda mais do que antes.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-36355776574075781822017-03-07T09:50:00.001-03:002017-03-10T13:32:13.517-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE V: FLYING MONKEYS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPH8zUv7710A039xHMO5QxjsIbf_xptxHUMim3UfKOwaocTAaWtKycmMBo2eZ5u82RorEpsom_9IctVmZC4gw92GLzlbnKDr1YNGBHJkVctxhkmQrfqihZ65yMD6OCiee2UkmpqPRY0TQ/s1600/flying+monkey.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPH8zUv7710A039xHMO5QxjsIbf_xptxHUMim3UfKOwaocTAaWtKycmMBo2eZ5u82RorEpsom_9IctVmZC4gw92GLzlbnKDr1YNGBHJkVctxhkmQrfqihZ65yMD6OCiee2UkmpqPRY0TQ/s320/flying+monkey.jpg" width="306" /></a></div>
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<br />
Antes de falar sobre <i>flying monkeys</i>, gostaria de deixar algumas coisas bem claras:<br />
<br />
Primeiro: não existe "fofoca inocente" e ninguém é fofoqueiro por acidente: toda fofoca visa prejudicar alguém ao mesmo tempo que garante alguma vantagem ao fofoqueiro. Esta é uma das poucas regras sem exceção, por menor que seja a vantagem objetiva para o fofoqueiro, como por exemplo, exibir-se como uma pessoa "influente" que tem acesso a "informações privilegiadas" que o objeto da fofoca só revelaria a alguém muito íntimo, mesmo apesar de, na maioria das vezes estar repassando uma fofoca de segunda ou terceira mão.<br />
<br />
Revelar "segredos" da vida de uma pessoa a terceiros é desrespeitoso, perverso e desleal. É pura maldade, muitas vezes gratuita. Gente civilizada ao ouvir uma fofoca se interessa mais no que ela revela do fofoqueiro do que no conteúdo da fofoca em si, pois é das mentes pequenas que vêm as maiores traições. Não que sejam lá tão brilhantes assim, é tudo questão de foco, como bem definido por Eleanor Roosevelt:<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i><b>Grandes mentes discutem idéias, mentes medianas discutem eventos e mentes pequenas discutem pessoas.</b></i></blockquote>
A fofoca é uma arma poderosa na construção e destruição de carreiras e reputações. Pedimos a Deus que nos mantenha longe das más línguas, fugindo delas como o diabo da cruz. Mas nem toda a reza do mundo impede que elas venham até nós e de forma particularmente ofensiva quando entramos mesmo que desavisadamente na mira de um narcisista. Porque se há arte ou ofício em que o narcisista se supera é em criar intrigas plantando fofocas por onde quer que passe.<br />
<br />
E mentes pequenas e medianas são o terreno fértil onde ele cultiva seus <i>flying monkeys</i>.<br />
<br />
<i>Flying monkeys</i> são os macacos voadores que servem à Bruxa Malvada do Leste no Mágico de Oz, e que ao mesmo tempo que espionam o reino para informá-la sobre tudo que acontece, atazanam e aterrorizam seus desafetos.<br />
<br />
Os <i>flying monkeys</i> a serviço do narcisista fazem exatamente a mesma coisa, chegando a comprar brigas que não são suas por "tomar as dores" do narcisista. Portanto, regra de ouro número 1 para não virar uma marionete a serviço de terceiros é jamais tomar a si as dores de outro adulto e ir "tirar satisfações" no seu lugar. Se começar a realmente observar o comportamento das pessoas ao seu redor, provavelmente vai se surpreender com a quantidade de tempo e energia que as pessoas desperdiçam tramando e manipulando para que outras tomem uma atitude (que caberia a elas próprias tomar) ou assumam alguma responsabilidade no seu lugar.<br />
<br />
Manipulados pelo narcisista, os <i>flying monkeys</i> praticam o <i>bullying</i> ou assédio moral convencidos de estar defendendo uma boa causa e/ou punindo uma pessoa egoísta e cruel.<br />
<br />
A imensa maioria das pessoas em algum momento já usou ou foi usada como um <i>flying monkey</i>, isso faz parte do aprendizado necessário ao convívio social, e costumamos evitar esse tipo de envolvimento tão logo atingimos plena consciência das ramificações e consequências negativas para todos os envolvidos. Essa consciência pode ser atingida cedo na infância ou na idade adulta, dependendo do tempo que cada pessoa leva para amadurecer emocionalmente, abandonando a crença de que o mundo deve se curvar e adaptar aos seus desejos e caprichos e aceitando de vez o princípio de realidade, ou a existência de limites e consequências para suas ações; tornando-se capaz de suportar a dor como contingência e recusando gratificações imediatas que tenham como resultado dano ou prejuízo para si ou para os outros.<br />
<br />
Em toda a sua vida, o narcisista jamais chegará a atingir a maturidade emocional caracterizada por esse estágio. Ainda ontem li um artigo num site para psicólogos aqui do Brasil algumas "dicas" para tratar o narcisista com carinho e compreensão e ajudá-lo a buscar ajuda profissional. Nada poderia ser mais errado e até insidioso para as pessoas que estão sofrendo sob o domínio tirânico de um narcisista: o narcisismo é tão curável quanto a psicopatia, a sociopatia e outros transtornos de <b>personalidade</b>. O narcisismo não é uma condição ou doença, é um desvio estrutural causado por traumas profundos e persistentes nos estágios iniciais da formação afetiva de um ser humano. A personalidade narcisística é o "robô gigante" que essa criança criou para defender-se, e fez isso tão cedo no desenvolvimento que ao chegar à idade adulta já não existe distinção entre seu organismo e a máquina que inventou. A única possibilidade de reversão desse processo é a intercessão terapêutica anterior à sua consolidação tanto da criança como de todos os seus familiares, entre os quais, via de regra, haverá pelo menos, senão vários narcisistas.<br />
<br />
De mais a mais, ainda são raros os especialistas em saúde mental devidamente preparados e emocionalmente equipados para tratar devidamente o problema. O que se vê nos fóruns de ajuda mútua são cônjuges e familiares que tendo procurado a ajuda de um terapeuta acabaram vitimizados também por esse, sendo inúmeros os casos de pessoas que foram não só sujeitas a tratamentos, internações e medicamentos de que não necessitariam se vingassem se afastar física e emocionalmente dos narcisistas em suas vidas.<br />
<br />
Enfim, voltando aos <i>flying monkeys</i>... antes de sair pela tangente, eu estava dizendo que os <i>flying monkeys</i> são um estágio na nossa evolução emocional e para isso não é preciso nenhuma ciência: basta observar o comportamento de crianças e adolescentes nos pátios das escolas. E para conhecer as estratégias de sobrevivência social praticadas pelo narcisista, basta observar o comportamento dos <i>bullies</i>, e, particularmente no tema que estou abordando aqui, os da sua "turma", particularmente como a pessoa do <i>bully</i> é o que sustenta e mantém sua "união", e em como essa fragilidade é compensada por gestos, gostos, crenças, comportamentos e modismos estereotipados que só fazem sentido no contexto da gangue. Via de regra, o <i>bully</i> maior, ou o "cabeça" é aquele que se recusa a abandonar os trejeitos e modismos, no máximo os adaptando quando é transferido para um ambiente novo, onde logo cuidará de criar outra gangue. Os demais, quando adequadamente providos de estrutura e amparo emocional não têm grandes dificuldades em abandonar o "jeito de ser" da gangue ao deixá-la seja por iniciativa própria ou pela intervenção de alguma autoridade ou referência adulta.<br />
<br />
Embora muitos narcisistas persistam criando e liderando gangues, clubes, grupos, empreendimentos, cultos ou times para dar vazão à raiva e hostilidade que permeia sua relação com o mundo ao longo da vida adulta; outros tantos reservam tais sentimentos para manifestá-los na intimidade de seus lares. Aqui arrisco a hipótese totalmente empírica e sem nenhum embasamento em pesquisa, de que os primeiros foram vítimas de abuso paterno ou de uma referência masculina quando pequenos e os segundos de abuso materno ou de uma referência feminina, tendo os primeiros como foco da hostilidade a sociedade em geral e os segundos os círculos íntimos compostos por amigos e familiares.<br />
<br />
Desculpem se saí pela tangente outra vez: enquanto escrevo, estou elaborando um manancial de informações coletadas ao longo de décadas de leituras sobre um tema que começou como uma curiosidade pré-adolescente sobre o episódio dos <i>Mucker</i>, um grupo de fanáticos religiosos dizimado pelas forças policiais na colônia alemã do Rio Grande do Sul ainda no tempo do Brasil-Império, passando por Charles Manson, pelo suicídio coletivo dos 900 seguidores de Jim Jones em 1979, para citar alguns exemplos, percorreu dezenas de biografias de <i>serial killers</i> até descobrir-se no rastro narcisismo como o longo fio que percorre os meandros e recônditos desse labirinto de tragédias. Muito do que estou escrevendo nestas páginas são constatações, elaborações e notas soltas que só agora começam a ganhar corpo e coerência.<br />
<br />
Como soldados são instruídos apenas com as informações necessárias ao cumprimento de suas funções no terreno de batalha, o narcisista abastece seus <i>flying monkeys</i> com informações parciais, a sua versão do fato, ou mentiras deslavadas, conforme convir no momento. Isso se aplica a todas as pessoas visadas pelo narcisista, incluindo os próprios <i>flying monkeys</i>. Essa estratégia cria um clima de desconfiança e competição quando não animosidade orquestrado pelo narcisista para evitar qualquer troica de informações não supervisionada, com o adicional de criar um clima de suspeição para neutralizar potenciais queixas, reclamações ou tentativas de exposição por quem quer que se sinta por ele lesado ou prejudicado.<br />
<br />
O narcisista não tem o menor pudor em caluniar seus <i>flying monkeys</i>, alimentando e superdimensionando eventuais indisposições, e quando aconselha o faz para aprofundar os conflitos a fim de se estabelecer como único elemento "confiável" no grupo.</div>
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<br />
Laços familiares e amizades de longa data podem ser vaporizados pelo narcisista sem o menor remorso ou pudor e em pouco tempo. Quanto mais útil se mostrar o <i>flying monkey</i>, mais o narcisista buscará isolá-lo, intermediando suas relações na tentativa de colocá-lo sob seu controle. Suspeito que assim aja porque manter o controle sobre diversas pessoas relativamente autônomas ao mesmo tempo seja mentalmente extenuante, e o controle absoluto significa menos um elemento com quem se preocupar.<br />
<br />
Não cansarei de enfatizar que servir como <i>flying monkey</i> não oferece imunidade alguma às fantasias humilhantes criadas pelo narcisista. Por mais que você tenha dado provas de fidelidade, honestidade e comprometimento, isso não o impede nem nunca impedirá de expor suas fraquezas e intimidade acrescentando ou mesmo inventando histórias a seu respeito sempre que julgar conveniente ou perceber alguma vantagem.<br />
<br />
O respeito, indulgência e fidelidade absolutos que o narcisista exige para si, ele só dedica ao(s) abusador(es) da sua infância, elevado(s) à condição de ser(es) infalível(eis) e irrepreensível(eis): de maneira simplista, ele(s) precisa(m) ser perfeito(s), para resignificar e tornar aceitáveis as humilhações e maus-tratos de que foi alvo ainda antes de compreender as primeiras palavras.<br />
<br /></div>
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Portanto, para encerrar, desenvolva em si a disciplina de sempre que alguém vier falar de outra pessoa para você, perguntar: <b>o que essa pessoa pretende obter me contando isso?</b> E se não souber responder ou desconfiar das intenções dessa pessoa, pergunte na cara, na lata mesmo: <b>por que está me contando isso?</b><br />
<b><br />
</b> A experiência ensina que é por mentiras e jamais pela verdade que se perdem as amizades que vale a pena manter nesta vida.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-66614822249195771722017-03-05T10:37:00.001-03:002017-03-05T10:37:21.975-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE IV: AMOR EM TRÊS ATOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1Nt8m7AIWcqz1M9EN24_EQEmgT3pSZ69MtsyV32Xp8c1gB54Ujb7Ziy0LStzew-adoyKVBwQVeqxRV3XgKVc0pdyAPBMeMDmHXT96AWIe1LTJwRm995s3HHYz7X13RwC3SoC-Aqt9e_Q/s1600/Couple-arguing.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1Nt8m7AIWcqz1M9EN24_EQEmgT3pSZ69MtsyV32Xp8c1gB54Ujb7Ziy0LStzew-adoyKVBwQVeqxRV3XgKVc0pdyAPBMeMDmHXT96AWIe1LTJwRm995s3HHYz7X13RwC3SoC-Aqt9e_Q/s320/Couple-arguing.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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Para todos os narcisistas, sem exceção, o amor é uma peça em três atos: paixão, desvalorização e descarte. Independente da religião, formação, nível cultural, econômico, formação, histórico familiar ou qualquer outro fator, narcisistas em todo o mundo seguem à risca esse roteiro como autômatos dotados de uma programação prévia. O que varia é o tempo, a intensidade e o estrago que deixam para trás.</div>
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<br /></div>
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As etapas desse ciclo são objeto de várias publicações especializadas e sua regularidade pode ser atestada na leitura dos relatos feitos por homens e mulheres do mundo inteiro em fóruns e grupos online de ajuda mútua. Em centenas de canais no Youtube que tratam exclusivamente do assunto, indivíduos das mais diversas nacionalidades dão seu testemunho, com por milhares de visualizações.</div>
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<br /></div>
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A maneira como o narcisista se relaciona emocionalmente é tão regular e estereotipada que procurar pelo código de barras com os dizeres <i>Made In China</i> já virou piada entre as pessoas que conseguiram se recuperar o suficiente para ver algum humor na situação.</div>
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<br /></div>
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<b>Fase 1: <i>Não sei viver sem você</i></b></div>
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<i><br /></i></div>
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É o chamado <i>love bombing</i> (bombardeio amoroso), caracterizado pelo foco excessivo na relação: a troca constante de mensagens (narcisistas preferem SMS, Whatsapp e outros aplicativos de troca de mensagens a telefonemas porque não permitem que a outra pessoa desconfie de seu paradeiro) a ponto de atrapalhar a vida profissional, familiar e social de seus alvos com um verdadeiro bombardeio de declarações e emoticons que objetivam na verdade mantê-lo informado sobre quando, onde e na presença de quem está a outra pessoa a cada momento do dia. Mais que uma demonstração de afeto, essas mensagens são um exercício de poder, de controle. E a prova disso é que o amoroso e atencioso narcisista reage com mágoa e acusações caso a pessoa ignore suas mensagens ou peça para restringi-las de alguma forma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Flores, bombons, cartões, fotografias e visitas inesperadas com convites irrecusáveis para um jantar, um passeio, uma noitada ou um show também fazem parte do arsenal. À pessoa enlevada por ser alvo de tanta atenção, não passa pela cabeça que esses não são gestos espontâneos, mas movimentos táticos deliberadamente planejados para minar qualquer dúvida ou suspeita ao mesmo tempo que colocam o narcisista na posição de "credor" da relação - uma continha que ele (ou ela) mantém metodicamente para cobrança posterior.</div>
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<br /></div>
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Nas longas conversas íntimas que os casais costumam ter no começo dos relacionamentos, o narcisista fala muito de suas conquistas, seus bens, seu status, seus amigos e seu estilo de vida, planos, sonhos e projetos. Seu passado e família são perfeitamente felizes e resolvidos, mesmo que ao conhecê-los se tenha uma impressão completamente diferente. Na eventualidade de relatar algum momento emocionalmente carregado, o narcisista sempre se retrata como uma vítima heroica de algum engôdo ou conspiração.</div>
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<br /></div>
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Esta primeira fase da relação com um narcisista é tudo que se lê na literatura romântica sobre as "almas gêmeas": a intimidade se estabelece rapidamente com o narcisista ocupando o centro da vida da pessoa em questão de poucas semanas. As emoções são intensas, os sentimentos exacerbados e as brigas costumam ser tão épicas quanto as reconciliações. É o famigerado "entre tapas e beijos": quando tudo está bem é o paraíso, mas "qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água".</div>
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<br /></div>
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O <i>love bombing</i> via de regra coincide com a transição da desvalorização para o descarte da relação na qual o narcisista já se achava envolvido no momento que reconheceu na nova pessoa um alvo potencial para subtrair atenção, recursos, favores e, de quebra, prover alguma vantagem competitiva nas "negociações" com o desesperado parceiro da relação "oficial", e o desfecho do triângulo amoroso por ele criado vai depender do quanto parceiro 1 e parceiro 2 estiverem dispostos a ceder e conceder. Em muitos relatos que li, a situação se arrastou por décadas, e em vários casos só se resolveu pela introdução de uma quarta pessoa no drama - ou pelo próprio narcisista ou por alguma das outras partes.</div>
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<br /></div>
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Quanto mais intenso, dramático e sofrido for esse triângulo para os outros envolvidos, mais o narcisista lutará para mantê-lo, porque o drama alheio por sua causa é a cocaína do narcisista.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b>Fase 2: <i>Você não me entende, você não entende de nada, você não é nada sem mim</i></b></div>
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<i><br /></i></div>
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As críticas que já vinham se insinuando na fase do <i>love bombing</i> se tornam mais ácidas e frequentes. Arregaçando as mangas, o narcisista dá mostras de quem é e para que veio: nada é suficientemente bom, nada está à sua altura, não era nada disso que ele queria. Por mais que se esforce, o parceiro está sempre aquém das expectativas. Sua família é medíocre ou desajustada, seus gostos banais, seus amigos interesseiros, seu trabalho insignificante ou mal-remunerado... pouco a pouco todo e qualquer interesse do parceiro que não envolva o narcisista é insignificante e não merece nenhuma prioridade.</div>
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<br /></div>
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Ao mesmo tempo que deprecia as mesmas qualidades que pareceram atraí-lo em primeiro lugar, o narcisista passa a ostentá-las como se fossem parte da sua própria natureza: se o parceiro é uma pessoa extrovertida, é assim que o narcisista começa a se comportar mesmo tendo se mostrado retraído até então. Se o parceiro é uma pessoa generosa e preocupada com causas sociais, o narcisista passará a se comportar como um paladino nessas questões. E sempre será mais, maior e melhor do que o parceiro. E o que quer que não consiga superar, o narcisista desvalorizará não poupando esforços em demonstrar ao parceiro como suas habilidades ou talentos são limitadas, o que faz tanto através de comparações como sugerindo objetivos inatingíveis sem uma considerável curva de aprendizado - para logo depois criticá-lo por buscar dar passos maiores que suas pernas.</div>
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<br /></div>
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Tudo isso já havia sido insinuado durante o <i>love bombing</i>, mas de maneira sutil ou jocosa, através de piadinhas comparações ou comentários <i>en passant</i> que o parceiro preferiu ignorar para não criar caso. Porque desde o primeiro instante, o narcisista se empenhou em minar os limites do parceiro ao mesmo tempo que fixava e avançava os seus.</div>
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<br /></div>
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<i>Você acha que tem pernas para usar esse vestido curto?</i>, perguntará "inocentemente" o narcisista para assim que se virem na rua passar a olhar ostensivamente as pernas de toda e qualquer <b>outra</b> mulher de mini-saia. A cobrança do livro-caixa do relacionamento que ele vinha mantendo desde o primeiro instante começa a ser cobrada: <i><b>eu</b> desperdicei trezentos Reais naquele jantar só porque <b>você</b> insistiu naquele restaurante!</i>, argumentará para não se comprometer com o pagamento do aluguel. Os exemplos dessa lógica do absurdo são tantos quantos narcisistas existem no planeta: o importante é observar como a balança pende sempre para o lado do narcisista a despeito de todos os esforços do parceiro: na eventualidade de lavar um prato, o narcisista passará a agir como se fosse a única pessoa que faz isso diariamente.</div>
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<br /></div>
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Se o parceiro teve a sensatez e bom senso de manter o vínculo com amigos e família bem como uma fonte de renda própria e independente do narcisista, todos serão alvo de críticas e desvalorização constantes. Muitas pessoas acabam abandonando amigos, família e emprego na vã tentativa de trazer de volta o paraíso do <i>love bombing</i>. Mas a solução é temporária, porque o narcisista logo passará a criticá-la justamente por ter abandonado amigos e familiares e/ou largado o emprego de que ambos tanto precisavam para sobreviver.</div>
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<br /></div>
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Mais uma vez, as circunstâncias variam, mas a sensação de estar no mato sem cachorro com o narcisista é igual para todas as "vítimas". E quanto mais se esforçarem para manter a relação, menos o narcisista se empenhará e mais distante se tornará. A essa altura, as saídas com os amigos e os compromissos se tornarão frequentes, ao mesmo tempo que o narcisista passará longas horas online. O foco obsessivo que parecia ter no parceiro agora se distribui entre uma enormidade de novos "contatos": insatisfeito com o parceiro menos que perfeito, o narcisista começa a buscar alternativas e seu círculo social se expande em proporção geométrica ao encolhimento do círculo do parceiro que já não tem ânimo nem para visitar os próprios familiares e se o faz, o narcisista não o acompanha ou se o acompanha o faz contrariado mostrando-se distante ou abertamente descortês. Isso acontece sempre que o narcisista falha em aliciar amigos e/ou familiares para com eles tecer a rede de intrigas que usa para afastar o parceiro das pessoas que lhe provêm suporte emocional.</div>
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<br /></div>
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Se o narcisista for bem sucedido em aliciar <i>flying monkeys</i> (macacos voadores - a expressão vem do filme O Mágico de Oz), laços e relações construídos ao longo de vidas inteiras correm o risco de ser irreparavelmente rompidos, com ressentimentos antigos que se julgavam resolvidos sendo reavivados e levados ao ponto de ebulição.</div>
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<br /></div>
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Esse purgatório se estende até o narcisista finalmente encontrar um reserva que corresponda a suas expectativas, tendo já testado e comprovado a flexibilidade de limites de que precisa para o clímax da relação que mantém com o parceiro-titular. Porque o clímax para o narcisista não é a descoberta do outro, mas a sua destruição.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b>Fase 3: <i>eu nunca sequer gostei de você</i></b></div>
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<i><br /></i></div>
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O descarte vem como uma tempestade de verão: o dia amanhece com céu de brigadeiro e de uma hora para outra, a tempestade desaba: existe aquela outra pessoa com quem o narcisista já está envolvido até o pescoço. Ele até pode alegar em sua defesa que foi uma noite só ou que nem fez sexo com ela, mas é mentira: a "relação complicada" corre a pleno vapor com o narcisista prometendo mundos e fundos à terceira parte. O parceiro até pode se julgar esperto por ter "descoberto" sobre o <i>affair</i>, mas isso não poderia estar mais longe da verdade, porque assim como o <i>serial killer</i> planeja e executa minuciosamente cada homicídio como num ritual, o narcisista planeja e executa o descarte de forma que o parceiro desconfie e descubra a traição onde e quando ele decidiu. O celular (sempre bloqueado) que o acompanhava até no banheiro não foi "esquecido" na mesa da sala aberto justamente na troca de mensagens entre ele e seu <i>affair</i>, mas deixado de propósito para o parceiro ler, descobrir tudo e ainda ser acusado de invadir a privacidade ou não confiar no narcisista.</div>
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<br /></div>
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Confrontado, o narcisista não só não admitirá responsabilidade alguma sobre o ocorrido como tentará reverter a culpa, e qualquer argumento servirá nesse momento, e quanto mais absurdo, descabido ou despropositado melhor, já que o objetivo é desviar o foco da discussão, passando de acusado a acusador. Não raro, o narcisista acusará o outro por palavras, atitudes ou comportamentos que ele próprio costuma apresentar. Tentar ater-se à questão em foco é extenuante, demanda uma vontade férrea e uma alta imunidade a abusos verbais. E mesmo no fim de tudo isso, terá se voltado à estaca zero, porque o narcisista não discute para buscar um ponto em comum, mas sim para vencer, prometendo se necessário o que não pretende absolutamente cumprir.</div>
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<br /></div>
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Como o <i>serial killer</i>, narcisista tentará estender o máximo a carga emocional desta fase, e dependendo da conivência dos parceiros titular e suplente, pode chegar a estendê-lo por anos a fio, envolvendo a todos numa teia de ciúmes, ressentimentos e intrigas a fim de manter os parceiros titular e suplente competindo constantemente por sua atenção. Intrigas e mentiras deslavadas não são poupadas e se amigos e familiares se envolverem nesse caos, tanto melhor.</div>
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<br /></div>
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Aliás, no que tange a amigos e familiares, ainda antes de definir um novo suplente, o narcisista já vinha cuidando de minar a reputação e credibilidade do parceiro titular, queixando-se e inventando histórias mirabolantes para amigos e familiares, e assim preparando o terreno para que não só não encontre apoio como seja criticado e ridicularizado por esses no auge do descarte, que é quando as pessoas costumam perder a cabeça, tomando atitudes irracionais rodando a baiana, quebrando coisas ou publicando insinuações quando não insultos diretos nas redes sociais.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Li relatos de primeira mão em fóruns de ajuda mútua que se alguém me contasse, jamais acreditaria. São dezenas de indivíduos presos em relações altamente tóxicas, em círculos viciosos com direito a chantagens e baixarias inomináveis que parecem incapazes de romper por iniciativa própria. Por mais que se apontem alternativas viáveis, essas pessoas parecem não conseguir reunir a motivação necessária para romper voluntariamente o ciclo do abuso e reconstruir suas vidas longe do narcisista.</div>
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<br /></div>
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Para estender o máximo possível essa etapa, mesmo depois do parceiro ter deixado bem claro que considera encerrada a relação e não tem o menor interesse em reatá-la, o narcisista usa do <i>hoovering</i> (pairar, em inglês), o bom e velho "sentar mosca": emails, mensagens, "encontros inesperados" de forma mais ou menos insidiosa, sempre dependendo da qualidade e quantidade de favores objetivos subjetivos que tenciona subtrair de ambos os lados, porque a essa altura o suplente já ocupa a tão esperada titularidade e enquanto ele celebra o "grande amor" com amigos e familiares nas redes sociais, o narcisista manobra secretamente para manter o ex-parceiro no banco de reservas, para alguma eventualidade, ao mesmo tempo que cuida de plantar dúvidas quanto à sua reputação e intenções, para desacreditá-lo caso canse da brincadeira e resolva abrir a boca.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não existe prazo de validade para a condição de "reserva técnica" na vida de um narcisista, e sempre que julgar oportuno ou necessário, ele buscará uma brecha para voltar a se insinuar na vida da pessoa.</div>
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<br /></div>
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É por isso que tendo identificado um narcisista em sua vida - com as devidas diferenças, esses três estágios também se aplicam a amizades e relações de trabalho -, o melhor a fazer é afastar-se e bater a porta sem deixar nenhuma fresta. Há duas "técnicas" para isso, que descreverei em outro post: o <i>no contact</i> (nenhum contato), que consiste basicamente em erradicar o narcisista e todas as suas ramificações de sua vida, e o <i>grey rock</i> (pedra cinzenta), que precisa ser aprendido e posto em prática quando não é possível afastá-lo completamente.</div>
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Seguir sendo "amigo" de um narcisista depois de terminar a relação (seja de amorosa, de amizade ou trabalho) é tornar-se um voluntário na linha de frente de conflitos, dramas e sofrimentos não só dispensáveis como contraproducentes. Se você foi vitimado por um narcisista é porque não tem em si a malícia necessária para enfrentá-lo num terreno que ele conhece como a palma da sua mão e até que se fortaleça e atinja a imunidade seguirá sendo um alvo fácil não só para ele, como para outros narcisistas.</div>
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E você só vai chegar a isso se ao invés de dedicar seu tempo e energias a expor ou vingar-se do narcisista, concentrar seu foco e atenção nas fraquezas que o tornaram suscetível a se envolver com alguém tão perturbado, encarando uma a uma e empenhando-se em corrigi-las, fortalecer sua auto-estima e, acima de tudo, aprender a se fazer feliz sem pedir licença a ninguém.</div>
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O narcisista nunca vai mudar e vai seguir incólume pulando de relação em relação. É assim que é e sempre vai ser, e caso tenha dúvidas, lembre como sua relação parecia perfeita aos olhos do mundo. Mas <b>você</b> pode mudar, você pode evoluir e fortalecer-se emocionalmente para encontrar a paz, o amor e a harmonia que merece nesta vida.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-18124292747219793422017-03-03T14:28:00.002-03:002017-03-05T06:29:27.949-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE III: DE ONDE VEM?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1OukvVr0im2xJ6swXVjtJ7jAvNpPR4mWpWmZ5icNazFezJRf02524tLNnPVc4WUyzlQYstbQ6EOEd3B1E0QMHCBOuJQ2hPWgI3HK7xGtt5V7bmkNrNZRRKytHLVxtG1Oj5Ulf5VDEZCM/s1600/SAD-CHILD-facebook.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1OukvVr0im2xJ6swXVjtJ7jAvNpPR4mWpWmZ5icNazFezJRf02524tLNnPVc4WUyzlQYstbQ6EOEd3B1E0QMHCBOuJQ2hPWgI3HK7xGtt5V7bmkNrNZRRKytHLVxtG1Oj5Ulf5VDEZCM/s320/SAD-CHILD-facebook.jpg" width="320" /></a></div>
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Antes que essa sequência de posts se transforme num libelo contra os narcisistas, acho importante nos debruçarmos sobre as causas, porque ninguém "se torna" narcisista por opção. Mais do que uma escolha pessoal, o narcisismo é uma estratégia de sobrevivência emocional num ambiente marcado pela ausência de acolhimento, aceitação, valorização, estimulação, aconchego... enfim, do amor e carinho autênticos que deveriam pautar as relações familiares.</div>
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É preciso entender que todos nós viemos ao mundo sentindo (já que o pensamento anterior à palavra é puramente emocional) como o centro de um universo habitado por criaturas que só aos poucos vamos identificando como seres independentes de nós e dotados de emoções autônomas que nem sempre nos envolvem ou dizem respeito. Num ambiente acolhedor, os adultos responsáveis cuidam para que suas próprias emoções não se reflitam na maneira como interagem com as crianças como, por exemplo, não gritar com o bebê que está chorando de fome e com as fraldas recheadas porque estamos irritados com outra pessoa. Isso até pode acontecer em algum momento, mas jamais pode ser a regra.</div>
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O caso é que em muitas famílias a regra é exatamente essa. Muitos adultos responsáveis não atingiram ainda a maturidade para não projetar nas crianças as próprias emoções. E muitos só atingem esse discernimento na terceira idade, se tanto - daí a importância da presença dos avós na vida das crianças, mas isso é assunto para outro post.</div>
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Pior: tendo perdido as estribeiras, se arrependem e, movidos pela culpa, tentam compensar a má conduta com presentes ou indulgência excessiva exatamente onde a indulgência não cabe, como por exemplo, passando a mão pela cabeça e justificando quando a criança agride um colega na escolinha.</div>
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Essa falta de consciência, esse não estar presente em todos os momentos da relação com os filhos constitui abandono emocional. Falamos muito do abandono físico das crianças, o que causa grande culpa aos pais e cuidadores que trabalham fora de casa, mas o abandono emocional é tão grave, se não pior, porque o cuidador emocionalmente ausente não permite que se formem vínculos autênticos entre os dois e seu distanciamento é sentido pela criança como uma negação de sua existência e relevância como ser humano. Nesse sentido, é muito melhor estar emocionalmente presente por poucas horas no dia da criança do que fisicamente presente, mas emocionalmente ausente o tempo todo.</div>
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Assim como todo acidente aéreo resulta de uma concorrência de causas, um narcisista não se desenvolve unicamente como defesa ao abandono emocional, e vários outros fatores precisam estar presentes, como a humilhação, o desdém, a crítica excessiva, a punição severa quando a criança falha em se moldar às expectativas ou à mera conveniência do adulto, ainda mais quando a reação do adulto se dirige à criança como pessoa, mais do que ao seu comportamento: "criança má", "criança estúpida", "criança chata"... o mínimo que se espera de um ser humano adulto e consciente é saber distinguir entre o comportamento e a pessoa da criança e buscar entender o porquê de certos comportamentos para ajudá-la a corrigi-los tendo em mente o bem-estar e a integridade física e emocional da criança muito mais do que a nossa conveniência. Quem não quer limpar cocô, xixi, vômitos e comida espalhada no chão, que não tenha filhos, porque isso tudo vem com o pacote.</div>
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Grande parte dos narcisistas foi criada por adultos que agiram como se estivessem criando bonecas sempre limpas e bem arrumadas para exibição, nem que para isso seja preciso obliterar a sua identidade. Uma excessiva atenção é dada à maneira como a criança se mostra e comporta perante amigos, familiares e sociedade ao mesmo tempo que o aconchego e aceitação lhe são negados na intimidade. São famílias com duas caras, que mostram ao mundo o Dr. Jeckyl enquanto dentro de casa quem manda é o Mr. Hyde. Todos temos um pouco de Dr. Jeckyl e Mr. Hyde, mas há um limite, um equilíbrio. É claro que esperamos que nossas crianças se mostrem limpas, simpáticas e corteses, mas via de regra reagimos proporcionalmente aos deslizes e visando corrigir o comportamento sem despejar um balde de veneno pelos ouvidos da criança.</div>
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São adultos que também desconhecem o perdão, criando ambientes onde ressentimentos se cristalizam em rancores e mágoas remoídos no silêncio de uma cordialidade expressa ritualisticamente por palavras e gestos estereotipados, emergindo violentamente à menor "quebra de protocolo". Esses adultos discutem, pois são incapazes de dialogar, e ao invés de buscar os pontos em comum visando a harmonia, seguem pela vida tentando impor a ferro e fogo seus desejos, visões e vontades usando de ofensas, críticas e sarcasmo, e formando alianças baseadas em intrigas e fofocas.</div>
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À medida que se desenvolve, a criança vai se moldando e adaptando para sobreviver num campo minado onde nada é gratuito ou espontâneo, aprendendo desde cedo o valor de troca de uma birra, de um grito, de uma porta batendo, uma piadinha, uma mentira ou um tapa na cara; bem como de um sorriso ou elogio, de um pequeno favor ou simulação de carinho.</div>
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Por desconfiar das verdadeiras intenções dos que a cercam, aprende desde muito cedo a interpretar as expressões faciais e identificar os pontos fracos das outras pessoas, fazendo-se invisível literal ou figurativamente para evitar ser o alvo da próxima erupção do vulcão que sente tremer constantemente sob seus pés.</div>
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A maneira como o narcisista se relaciona com as pessoas é reflexo do que aprendeu desde cedo com seus pais e familiares mais próximos. E ao longo da vida adulta, a qualquer pessoa que ingresse em sua intimidade, o narcisista atribuirá o papel de um dos integrantes da sua constelação familiar original, punindo-o sempre que arriscar uma improvisação.</div>
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Resta o porquê do narcisista explorar as pessoas, o porquê de ser incapaz de ajustar-se à reciprocidade nas relações em todas as instâncias, buscando sempre uma posição de vantagem, dando o mínimo e esperando o máximo, querendo que os outros façam por ele o que é incapaz de oferecer; ao mesmo tempo que se queixa constantemente sentindo-se explorado e injustiçado, ou alvo de críticas e ataques gratuitos. Essa distorção no foco da realidade vem de longa data e por isso é impossível fazer com que o narcisista veja as coisas com objetividade, pois sempre entende que está sendo usado, ludibriado, ridicularizado, enganado, desvalorizado e desprezado.</div>
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Não podemos culpá-lo por ser quem é. Mas tampouco podemos passar a mão pela cabeça. O melhor que podemos fazer é reconhecê-los pelo que são com respeito, compaixão e distância para não sermos prejudicados.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-78964130236979045052017-03-02T09:36:00.000-03:002017-03-05T06:29:00.829-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO - PARTE II: SEGREDOS E MENTIRAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWfMw_oKFPZuq9Qz5Ccc3eek_4nd4vK_o3yh5uaEn11-DiCum1RFyP0JUz2wqEgK0je3zFUzQdLiyPie9snBmaySN5Bkes2iFc1zCm9jPbO7aFSa-qIL-g1OxxObL4KZhhXqCc2qT_JUc/s1600/pixabay-lie-pinocchio-cropped-293775_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWfMw_oKFPZuq9Qz5Ccc3eek_4nd4vK_o3yh5uaEn11-DiCum1RFyP0JUz2wqEgK0je3zFUzQdLiyPie9snBmaySN5Bkes2iFc1zCm9jPbO7aFSa-qIL-g1OxxObL4KZhhXqCc2qT_JUc/s320/pixabay-lie-pinocchio-cropped-293775_1280.jpg" width="320" /></a></div>
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Mentiras são o pão com manteiga do dia-a-dia do narcisista e segredos a sua moeda de troca nas relações com os outros. Quem quer que se inclua no campo de interesse de um narcisista encontrará não só um ouvinte interessado como um conselheiro proativo que não satisfeito em aconselhar, se mostrará ressentido caso seus conselhos não sejam postos em prática sem questionamento, porque todo o narcisista julga saber melhor que você o que é melhor para você. Só que isso não poderia estar mais longe da verdade: o objetivo do narcisista ao aconselhar alguém não é tanto o bem dessa pessoa quanto alguma vantagem que espera obter caso a pessoa siga ao pé da letra o seu conselho.</div>
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Embora em várias instâncias pareçam carentes de memória quanto às próprias histórias, particularmente eventos recentes cujas versões ainda estão sendo elaboradas, os narcisistas jamais esquecem os segredos dos outros. Eles constituem uma preciosa munição a ser usada no momento oportuno para vingar-se ou extrair algum benefício.</div>
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Ao mesmo tempo que extraem informações íntimas dos outros, os narcisistas os alimentam com relatos fantasiosos sobre si mesmos, histórias essas que incluem uma pitada de verdade - o suficiente para que alguma coerência seja mantida caso a pessoa busque trocar informações com outros.</div>
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Por atrozes que sejam as "confissões" de um narcisista, sua narrativa sempre buscará justificar suas atitudes e decisões, apresentando-o como vítima das circunstâncias ou da maldade alheia. Se e quando o narcisista admite ter cometido algum erro, é porque os erros (sempre piores) dos outros não lhe deixaram alternativas.</div>
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<br /></div>
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Porque precisam que as conversas girem em torno dos seus interesses, a verborragia dos narcisistas pode dar a impressão de ser sincera e autêntica, mas não é: a riqueza ou excesso de descrições e adjetivos e a intensidade das emoções que os acompanham são o brilho que usam para encobrir possíveis falhas na narrativa. Se depois de conversar longamente com um narcisista você parar para analisar o conteúdo da conversa, na melhor das hipóteses restará a sensação de ter tocado um fantástico balão multicolorido e cheio de nada, pois do muito que foi dito, muito pouco foi por ele revelado. Na pior, terá a incômoda sensação de ter se desnudado completamente diante de um <i>voyeur</i> que sequer desatou o nó da gravata.</div>
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<br /></div>
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Dizem que o narcisista só para de mentir quando fecha a boca. Mas isso não é verdade: o narcisista também mente em pensamento, já que acredita piamente nas mentiras que inventa. Por isso é capaz de jurar de pés juntos, e sem pestanejar mesmo quando confrontado com fatos e provas que contrariem sua versão.</div>
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O narcisista mente até quando não há a menor necessidade de mentir, pela mórbida satisfação que sente ao enganar alguém. E é um prazer tão intenso que o faz sorrir - pense no sorriso de uma criança de 3 anos que acabou de emplacar uma mentira deslavada e terá uma ideia da expressão.</div>
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<br /></div>
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A mentira também é usada na forma de fofoca ou intriga para causar indisposição entre as pessoas, assim o narcisista dilapida relações e isola parentes, colegas e amigos para se colocar como o centro de controle de toda a comunicação entre eles. É o milenar dividir para conquistar.</div>
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<br /></div>
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Por exemplo: ao travar uma nova "amizade", antes de apresentá-la a você, o narcisista cuidará que você já tenha uma opinião negativa sobre ela, plantando informações sobre atitudes ou comportamentos que você condena ou julga desprezíveis de forma que ao serem finalmente apresentados você sente uma repulsa imediata e dali em diante nunca vai conseguir entender como é que seu amigo narcisista consegue parecer tão feliz e à vontade na companhia daquela pessoa. E a recíproca é verdadeira, porque pode ter certeza que assim como fez a caveira daquela pessoa para você, o narcisista cuidou de fazer o mesmo do outro lado, reforçando a barreira que criou para mantê-los afastados.</div>
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<br /></div>
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Da mesma maneira ao ser introduzido ao seu círculo de amizades ou mesmo sua família, o narcisista logo cuidará de criar um ambiente de desconfiança e intrigas minando as relações e afastando as pessoas entre si. </div>
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<br /></div>
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Tentar confrontar um narcisista com provas irrefutáveis não só é inútil como contraproducente como coloca você como alvo da famigerada "raiva narcísica", uma demonstração de força física ou verbal que cresce em violência e virulência na proporção da sua resistência física e/ou emocional que o narcisista não se dispõe a abandonar até que obtenha a "vitória" ou caia de exaustão - caso em que você terá vencido uma batalha,o que fará de você um "inimigo" numa guerra para o resto da vida, porque o narcisista jamais esquece quem o humilhou e cuidará de "dar o troco" seja como for, quando for e independente do quanto custar material e emocionalmente para todos os envolvidos, direta ou indiretamente. Sim, no universo fantástico do narcisista tudo é preto ou branco: ou você está do lado dele, o que significa apoio incondicional e sem contestação mesmo em prejuízo próprio; ou contra, merecendo ser destruído com requintes de crueldade.</div>
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<br /></div>
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Ao comprar uma briga dessas com um narcisista, se prepare para ver seu nome jogado na lama por toda a sorte de calúnias e difamações - envolvendo particularmente os hábitos, comportamentos e atitudes que você mais despreza ou repudia e que jamais cometeria. Prepare-se para ter sua intimidade e da sua família expostos de forma vexatória. Prepare-se também para a quantidade de pessoas que vão não só acreditar como espalhar essas mentiras por aí. E, finalmente, prepare-se para os amigos e contatos profissionais que perderá pelo caminho.</div>
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<br /></div>
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Diz o Buda que é preferível ter paz a ter razão. Em nenhuma outra instância isso é tão verdadeiro como quando cogitamos confrontar um narcisista. Melhor deixar para lá: cedo ou tarde, ele se expõe pelo que é e as outras pessoas vão acabar descobrindo do mesmo jeito que você. Porque mentir, enganar e tirar vantagem fazem parte da natureza dos narcisistas, como é da natureza do escorpião picar a mão que o resgata das corredeiras. Nem você nem ninguém mudar isso nessas pessoas. Se já é difícil mudar a si mesmo, mudar os outros é praticamente impossível, porque a pessoa precisa querer, e raríssimos são os narcisistas que conseguem ver algo de errado no seu jeito de ser.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-73525995177220353942017-02-25T09:38:00.000-03:002017-03-05T06:28:36.845-03:00PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipipUq3JW1n0ypiKtzemQdNQ8mrhxNP5e0jhuRdbo4OkFGwXCb4nbSYx6TZ7WOETrhLrUA7pArM290rP_mQZCse5ysuoMkHAxq9fGAatsCu8Wg2Z5MqSbR97A6fjdByCqvSPtCtBHRsO0/s1600/Trump.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipipUq3JW1n0ypiKtzemQdNQ8mrhxNP5e0jhuRdbo4OkFGwXCb4nbSYx6TZ7WOETrhLrUA7pArM290rP_mQZCse5ysuoMkHAxq9fGAatsCu8Wg2Z5MqSbR97A6fjdByCqvSPtCtBHRsO0/s320/Trump.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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O narcisismo é um transtorno de personalidade resultante de traumas emocionais ocorridos na primeira infância que resulta num congelamento da evolução emocional nessa fase do desenvolvimento pela qual todos passamos e que abandonamos quando nos individualizamos emocionalmente, reconhecendo os outros como seres diferentes e independentes e não mais como fantoches num teatro interpretando papéis que representam nossos próprios sentimentos e emoções - processo clinicamente descrito como "projeção".</div>
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<br /></div>
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Transtornos de personalidade são padrões inflexíveis e mal-adaptados de comportamento, cognição e experiência interior exibidos ao longo de diversos contextos e que se afastam notadamente dos padrões aceitáveis pela cultura do indivíduo. São caracterizados ao longo do tempo por um padrão disruptivo nas relações pessoais, sociais e profissionais, com padrões de comportamento inflexíveis ao longo do tempo, revelando um bloqueio ao aprendizado emocional que incapacita o indivíduo a uma abordagem criativa da própria existência. É exatamente o que Einstein descreveu quando disse:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.</i></blockquote>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para efeitos de diagnóstico, profissionais da saúde mental observam a presença dos seguintes comportamentos:</div>
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<br /></div>
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</div>
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</div>
<br />
<br />
<ul>
<li>Auto-importância exagerada</li>
<li>Preocupação com fantasias de sucesso, riqueza, poder, beleza, inteligência ou romance ideal</li>
<li>Crença de ser alguém especial que só pode ser compreendido por outras pessoas ou instituições igualmente especiais</li>
<li>Requer atenção e admiração constante dos outros</li>
<li>Tem expectativas irracionais por um tratamento favorável</li>
<li>Desprezo pelos sentimentos dos outros, falta de empatia</li>
<li>Usa outras pessoas para atingir seus objetivos</li>
<li>É invejoso dos outros e acredita que os outros têm inveja dele</li>
<li>Tem comportamentos e atitudes arrogantes</li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O grande problema do narcisismo é que o indivíduo que sofre desse mal representa um perigo maior para os outros do que para si mesmo, já que ele vive numa Ilha da Fantasia habitada por fantoches destituídos de dimensão humana, lá colocados para servir e amá-lo incondicionalmente. Todos os <i>serial killers</i>, por exemplo, apresentam fortes traços de narcisismo. Mas a recíproca não é verdadeira: a grande maioria dos narcisistas jamais virá a cometer um homicídio, optando por fórmulas que incorram em menos risco pessoal para dar vazão às tendências sádicas como crimes de colarinho branco, abuso emocional, chantagem, estelionato, exibicionismo, <i>bullying</i>, voyeurismo, sadomasoquismo, <i>stalking</i> e "trolagem" na internet, e outras válvulas de escape que se coloquem no limite da tolerância da sociedade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Invariavelmente, os narcisistas exibem um senso de grandiosidade, falta de empatia pelos outros e necessidade constante de admiração. Narcisistas são arrogantes, auto-centrados, manipuladores e exigentes, tendo dificuldades em lidar adequadamente com a menor sugestão de que sua existência não corresponda objetivamente às fantasias que desenvolvem sobre si mesmos ressentindo-se sempre que não forem alvo do tratamento diferenciado de que se julgam merecedores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora não se inclua na relação dos critérios clínicos, narcisistas são vingativos e capazes de percorrer grandes distâncias e causar enormes prejuízos físicos, financeiros e morais para "dar o troco" aos seus desafetos espalhando calúnias e boatos, destruindo bens, chantageando, roubando e até agredindo fisicamente, sendo capazes de assassinar e sentir-se plenamente justificados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O narcisista acredita ser dotado de talentos e qualidades que o colocam naturalmente num patamar superior ao resto da humanidade e reage violentamente ao menor sinal de crítica que mesmo quando apresentada com tato e de forma positiva é por ele sentida como uma profunda humilhação que requer retaliação dobrada e imediata.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para o narcisista, existem dois tipos de pessoas: as que eles "amam", que são as melhores, as mais qualificadas, fantásticas e extraordinárias do mundo enquanto se comportarem como facilitadoras das suas fantasias; e as que eles "amam odiar" - categoria que inclui qualquer um que se recuse a cobri-lo de elogios.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No que tange às dinâmicas de grupo, testes feitos em diversas universidades mostraram que os narcisistas se revelam por serem as pessoas de quem o grupo tem as melhores impressões nos contatos iniciais. À primeira vista, os narcisistas se mostram positivos, assertivos, simpáticos, interessados e preocupados em liderar o grupo para o sucesso. No primeiro instante, o narcisista manifesta grande interesse em "conhecer" os outros, sendo um ouvinte atento e paciente particularmente dos dramas e problemas pessoais de cada um. Tendo conquistado a simpatia e admiração do grupo, e conhecendo as particulares de boa parte dos seus membros, o narcisista sente-se à vontade para agir conforme sua natureza exploradora, manifestando um alto nível de exigência e expectativas que exigem dos outros dedicação, recursos e empenho sem que ele próprio se dedique a dar a contrapartida e ainda favorecendo alguns "eleitos" não pela competência ou outro critério objetivo, mas pela habilidade em alimentar seu ego grandioso. Começam então as intrigas, os boatos, o desaparecimento de partes inteiras do trabalho que vem sendo desenvolvido e por aí a fora... enquanto o grupo briga e discute entre si trocando acusações, o narcisista assiste com um sorriso sarcástico. No final do período de teste, a primeira impressão altamente positiva, à exceção dos poucos "eleitos", terá sido diametralmente revertida com o narcisista recebendo as piores avaliações quanto ao desempenho, compromisso com o grupo, honestidade, simpatia e capacidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se é problemática em ambientes de teste, essa dinâmica prenuncia catástrofes no ambiente profissional, minando a motivação da equipe, destruindo carreiras promissoras e comprometendo as metas e objetivos do negócio a médio e longo prazo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais do que uma jocosa idiossincrasia - quiçá risível, a personalidade narcisista representa um perigo real e imediato para quem quer que inadvertidamente ingresse no que ele considera ser seu campo de influência. Com sorte, a pessoa se afastará com alguns hematomas no ego, mas se der azar pode acabar na gaveta de um necrotério. Isso porque sociopatas e psicopatas sempre são narcisistas, embora a recíproca não seja sempre verdadeira, já que a imensa maioria dos narcisistas parece satisfazer sua morbidez fantasiando esses crimes. Sob forte estresse, no entanto, no desespero de alimentar a auto-imagem fantasiosa, os narcisistas podem avançar para a psicopatia ou sociopatia, já que não fazem uma distinção significativa entre fantasia e realidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Antes de finalizar: se ao ler esse texto você se perguntou se é um narcisista, pode ficar tranquilo, porque uma outra característica do narcisista é jamais admitir que ele é um narcisista. Você pode ter alguns traços de narcisismo, o que é absolutamente normal e saudável em indivíduos maduros e emocionalmente equilibrados.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-61066451991576735182016-12-31T11:29:00.002-02:002016-12-31T13:36:38.978-02:00... E SATURNO BATE À PORTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7NXbnWN6WmnrYuAN6rtInc-xvCGPVNA-teE3dilyzT_Zt6rjXUTt3tj3M15B_VVzjBoju26Fy_4vLDxb3Y5D1s_zZL_ZU9r62SNOOBMYfhNJSjXqJMaMizdw_84UlPkkbUb-U32v6KQk/s1600/lost_time_by_vanleith-d4em3se.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7NXbnWN6WmnrYuAN6rtInc-xvCGPVNA-teE3dilyzT_Zt6rjXUTt3tj3M15B_VVzjBoju26Fy_4vLDxb3Y5D1s_zZL_ZU9r62SNOOBMYfhNJSjXqJMaMizdw_84UlPkkbUb-U32v6KQk/s320/lost_time_by_vanleith-d4em3se.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2016 encerrou com "chave de ouro" os desvarios de 36 anos de foco excessivo no ego, no "eu". Foram 36 anos de "eu contra todos", "eu é que mando", "quem sabe de mim sou eu", "eu sou", "eu quero", "eu vou", e danem-se os outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para os observadores - sim, ainda restam uns poucos por aí - 2016 foi o auge do porre coletivo cujos efeitos começaram a ser sentidos já em 2011 e 2012. Muitos, antevendo o rumo da festa, cuidaram de se manter lúcidos e ajudar a tantos quanto possível. Outros tantos foram forçados a abandonar a festa por algum acidente de percurso. Mas muitos outros embarcaram no trem da alegria narcísica, inebriados pela ilusão de que o mundo foi feito exclusivamente para o seu deleite e que as outras pessoas existem para satisfazê-los ou serem humilhadas, caluniadas e difamadas se se recusarem a fazer o papel de fantoches facilitadores das suas fantasias megalomaníacas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que se viu nas redes sociais em 2016 é apenas a expressão da distorção de valores criada por uma cultura que se baseia no mito do cavaleiro solitário, que vibra quando o herói salva o cachorrinho ignorando as centenas de milhares de vidas perdidas no grande cataclismo do qual ambos escapam ilesos pelo milagre de uma trucagem razoavelmente bem feita para simular a realidade na ficção. Uma cultura baseada na competição a qualquer custo, doa a quem doa; na esperteza, na malandragem, em levar vantagem em tudo, na impunidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, chega de 2016, porque qualquer ser humano minimamente consciente sabe bem do que estou falando, e aos inconscientes não adianta falar: eu poderia escrever uma Bíblia e ainda assim eles entenderiam qualquer outra coisa que lhes agrade mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que eu quero dar aqui é a chave não só para 2017, mas para os próximos 36 anos. E isso é muito importante particularmente para as pessoas que não estarão aí para aproveitar o ciclo de Vênus, ou a bonança que virá depois. Se lá atrás, na década de 80, tivéssemos optado pela oitava superior das vibrações solares, os próximos 36 anos seriam de paz, fartura e consolidação de um novo projeto de humanidade apoiado por toda a tecnologia desenvolvida desde meados do século passado. Mas optamos pela oitava inferior descrita no primeiro parágrafo e a colheita é tudo isso que está aí e que não podemos mais ignorar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Igualmente, não podemos mais ignorar nossa própria responsabilidade no caos no qual nos vemos inseridos. É hora de parar de projetar nos outros nossas culpas e defeitos, passar uma esponja com detergente no passado, despertar e disciplinar nossas consciências para buscar a oitava superior na qual devíamos ter ingressado coletivamente na virada do milênio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para isso, é preciso darmos individualmente o salto quântico para buscar o Grande Conhecimento que é tão simples como difícil de aplicar. Minha dica: começa com a respiração, com respirar funda e pausadamente pelo menos 10 vezes antes de reagir. Este é o primeiro passo para se tornar um agente no mundo, e não mais uma folha indefesa à mercê da correnteza criada pelas outras pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>O caminho do Grande Conhecimento é ilustrar a virtude brilhante,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Amar as pessoas e repousar numa conduta perfeitamente boa.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabendo manter a quietude,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a pessoa é capaz de determinar que objetivo deve buscar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabendo que objetivo deve buscar,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a pessoa é capaz de atingir a calma da mente.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabendo atingir a calma da mente,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a pessoa é capaz de obter êxito no repouso tranquilo.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabendo obter êxito no repouso tranquilo,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a pessoa é capaz de deliberar cuidadosamente.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sabendo deliberar cuidadosamente,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a pessoa é capaz de colher o que realmente deseja.*</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que em 2017 você obtenha a quietude para seguir por si os passos da plena realização, criando em sua pessoa um centro de equilíbrio que irradie e contagie a todos ao seu redor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Namastê.</div>
<div style="text-align: justify;">
_/\_<br />
<br />
* I Ching - O Livro das Mutações, nota de Confúcio à linha 6 do Hexagrama 52 (Gen - Quietude)</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-80415385434811724262016-02-18T12:03:00.001-02:002016-02-18T12:18:13.348-02:00MARA E DEUS<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYVcaIrPykI03lWREESJ5FqLMReRbT7KbZJh4eYCyHr_S_RA1agQUNeH27cQJmsdJqwWOczfTVLG7fJ2fzFgnjEICYS1CYZRKwIQHr7J96NPRINsM8_mTA4ivtqZ1DBBiYQWk_5EpazJg/s1600/ofelias-little-girl-painting_2478-no-verse.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYVcaIrPykI03lWREESJ5FqLMReRbT7KbZJh4eYCyHr_S_RA1agQUNeH27cQJmsdJqwWOczfTVLG7fJ2fzFgnjEICYS1CYZRKwIQHr7J96NPRINsM8_mTA4ivtqZ1DBBiYQWk_5EpazJg/s320/ofelias-little-girl-painting_2478-no-verse.jpg" width="246" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aquele teria sido um
dia como outro qualquer, não tivesse Mara concluído que era Deus.
Já devia ter desconfiado por causa dos pássaros, mas diabos, era
Deus e não Einstein. “Daqui em diante os dias têm que ser sempre
especiais” pensou “é assim que deve ser quando se é Deus”.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas logo descobriu que
isso só não adiantava: os dias continuaram lerdos e cinzentos. E
Mara concluiu que para ser Deus também precisaria parecer Deus. Os
desenhos que encontrou em livros e na internet não ajudaram muito:
não queria de uma hora pra outra virar um velho barbudo e rebugento,
ainda mais com aquelas roupas e sandálias horríveis! Parecer com
<i>aquele</i> Deus estava definitivamente fora de cogitação.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“Ainda assim tem os
pássaros”.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Também havia as
flores, os pequenos animais e, mais recentemente, algumas nuvens.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Com as nuvens, foi
assim: outro dia ela chorou e o dia começou a chover. Ao acordar
esquecida das lágrimas, o dia também esqueceu da chuva. Tentou
chorar, só pra ver o que acontecia, mas não adiantou. Podia chorar
daquele outro jeito, sem motivo algum, mas não conseguia chorar
quando queria.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Decidiu rir, e isso foi
bem mais fácil. “Como pode?”, perguntou-se “ser tão mais
fácil sorrir do que chorar, quando é muito mais difícil ser
feliz?”</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Abriu o caderno de
matemática desperdiçando horas preciosas para decifrar a lição.
“Se fosse mesmo Deus” cutucava uma vozinha lá no fundo,
“entenderr matemática ia ser mais fácil que dar um pum”.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fechou o caderno
contrariada: “E Deus, por acaso, precisa de matemática?”</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ligou a televisão e
pelo resto da tarde esqueceu o assunto.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Às sete e vinte em
ponto o perfume da mãe entrou pela porta da frente.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sem nem perguntar como
havia sido o dia, ela já veio reclamando da bagunça e mandando
recolher os cadernos espalhados na sala. Mara sentiu ganas de usar
seus poderes divinos, mas se conteve: Deus não perde seu precioso
tempo com picuinhas.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Desligou a tv e deixou
a sala sem o menor rastro de sua divina presença.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Às dez pras oito o
perfume do pai chegou batendo a porta.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Às oito e quinze os
três sentavam à mesa hipnotizados pela tv.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Foi quando Mara
concluiu que Deus não devia assistir televisão: todas aquelas
notícias horríveis só serviam pra lembrar que devia estar mais
preocupado com a paz no mundo e o fim do aquecimento global do que
com a cassata que esperava no freezer.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- O que você faria se
fosse Deus? – perguntou de repente ao pai.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Trocaria de carro,
mandava meu patrão pro espaço e ia morar nas Bahamas – respondeu
o pai sem vacilar.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- E você, mãe?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dona Margarete respirou
fundo, olhando para o teto.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Bem... – começou
puxando forte do fundo do cérebro – Não acho que fosse precisar
de plástica nem de lipoaspiração... Assim, se eu fosse Deus ia ter
todas as roupas e sapatos que quisesse... E também ia viajar,
conhecer o mundo... Paris, Miami, Nova Iorque...! Ia ver tudo que é
museu, ir à ópera... a Broadway... ai, tanta coisa!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Calada, Mara concluiu
que seus pais não entendiam nada de ser Deus: o que eles queriam era
ser ricos como o Onassis.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- E você, minha filha?
– perguntou o pai.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Eu?! – Mara dá de
ombros – Não sei... acho que nada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Nada?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- É difícil ser Deus,
porque qualquer coisa que a gente faça pode ter sérias
conseqüências, então acho que de medo eu não ia fazer nada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nisso começou a
novela, e todo o brasileiro sabe que novela é mais importante que
Deus.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A empregada entrou e
saiu como uma sombra sem sequer tilintar os pratos e talheres que
recolhia da mesa. Mara a seguiu até a cozinha.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Marialva, o que você
faria se fosse Deus?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Acabava com a miséria
no mundo – foi a resposta imediata – E de quebra acabava com tudo
quanto é bandidagem.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- E depois?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Ah, depois eu ia
dencansar. Que só dar conta de tanta miséria e bandidagem deve ser
uma trabalheira danada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Mas, se acabar com a
miséria e a bandidagem no mundo, pra onde é que elas irão? Porque
se alguma coisa some num lugar, tem que aparecer em outro, porque
nada deixa simplesmente de existir, exceto quando a gente morre, mas
ainda assim fica a carcaça...</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Ora, bolas! –
impacientava-se Marialva – Deus é Deus, ele dá um jeito.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Mas, se <i>você</i>
fosse Deus, que jeito daria?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Sei lá – Marialva
bateu com as mãos na água ensaboada da pia – Não sou Deus
mesmo... mas que coisa... Sabia que pensar assim é pecado?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Pecado? – repete
Mara com assombro.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- É. – afirma
Marialva secando as mãos no avental – Imaginar que a gente pode
ser Deus é pecado, e dos grandes.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mara podia ter
respondido que sendo ela própria Deus, não era pecado algum, mas
deixou por isso. Naquele momento Deus decidira que estava com sono. O
mundo que esperasse.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na manhã seguinte,
Deus acordou atrasado para a escola, porque mesmo cansado e
sendo Deus, não conseguiu pregar o olho antes das 4 da manhã.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Engoliu um copo de Nescau enquanto vestia o uniforme e correu até a
parada do ônibus.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Indiferente à presença divina, o coletivo passou batido, cuspindo gente pelas janelas.
Mara teve ganas de gritar uns palavrões, então ocorreu-lhe que
sendo Deus, não precisava de ônibus. Podia simplesmente parar o
tempo, ou fazer que passasse mais devagar e assim ir andando até a
escola e aproveitar cada detalhe daquela manhã radiante.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus chegou na escola
depois do recreio, e com isso, ganhou um bilhete nada amigável para
ser assinado pelos pais.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“Acabei esquecendo de
parar direito o tempo...”, pensou. “Ou, quem sabe, estivesse tão
ocupado com coisas mais importantes. .. Afinal, Deus está em todas
as partes e ao mesmo tempo, mas não tem como a cabeça estar em mais
de um lugar...”</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Querem ficar calados,
pelo amor de Deus? – gritou a professora de português
interrompendo o raciocínio de Mara justo quando chegava a essas
conclusões importantes.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Não entendi,
professora... – Mara levanta a mão – Quando é que Deus lhe deu
o direito de barganhar em seu nome?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A classe explode em
gargalhadas.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Logo, Deus ganhava um
segundo bilhete ainda menos amigável para ser assinado pelos pais.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Eu não entendo... –
Mara argumentara ao diretor, que por ser padre devia ter muita
experiência nessas coisas sacras – Não foi o próprio Deus quem
disse “não usareis meu nome em vão”?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Padre Manfredo teve que
sorrir:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- É que não levamos
as coisas assim, no pé da letra...</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Mas sempre esperam
que <i>Deus</i> leve, não é?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O diretor fechou a
cara, rabiscou alguma coisa no bilhete e a mandou esperar no
corredor.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Enquanto esperava, Deus
ficou sentado na secretaria pensando. E quanto mais pensava, mais
concluía que as pessoas não levavam Deus tão a sério quanto
parecia. Afinal, a qualquer coisa que acontecia exclamavam “Deus me
livre!”, um grande rebuliço era sempre um “Deus nos acuda”,
sempre que se despediam, era “vá com Deus”, como se Deus fosse
um chaveiro, um celular ou um cartão de crédito “não saia de
casa sem ele”... E Deus isso, Deus aquilo.... Ela é que não
queria ser mandada de lá pra cá por qualquer bobagem... Mas o pior
era o “<i>meu</i> Deus”... Ora, e lá Deus era propriedade de
alguém?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A cigarra tocou, e Deus
foi mandado de volta à sala de aula.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Por sua causa, aquela
bruxa mandou a gente ler todo o capítulo pra semana que vem, e já
avisou que vai ter prova!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aquela não era a
vontade de Deus.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Saindo da escola ao
meio-dia, resolveu caminhar de volta também. Entre a casa e a escola
havia pelo menos umas três igrejas, um centro espírita e um
terreiro de umbanda. Decidiu espiar se estava por lá.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O primeiro templo era
uma sala comercial adaptada para acomodar um monte de pessoas
sentadas em longos bancos perfilados à esquerda e à direita. Ao
fundo, uma escrivaninha coberta por uma pano branco fazia as vezes de
altar. No canto, uma bateria, microfones e amplificadores
misturava-se a uma barafunda de fios remendados. Um sujeitinho moreno
e atarracado, enfiado num terno barato a recepcionou do fundo da
sala:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Ah, uma jovem fiel! O
quê a aflige, minha filha?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Nada. – mentiu Mara
– Só entrei pra olhar. Gostei da idéia da música.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Então volte às
sete, que é quando temos nosso culto... – convida o homem – É
muito bonito: todos cantamos em louvor a Deus.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Ótimo! – exclamou
Mara se retirando.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Espere! – exclama o
homem entregando um folheto – Leve isto, e vá em paz, minha filha.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ó
Deus de Abraão, de Jacó e de José</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Tua
Luz nos traz justiça</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Confirmando
a nossa fé</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por
isso aqui estamos e erguemos nossa voz</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
Senhor é meu Pastor</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dize
e responderei</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus seguiu então para
o segundo templo, bem mais requintado e luxuoso que o primeiro. </span><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Logo
à entrada, à guisa de recepção, numa caixa de acrílico
transparente cheia de notas e moedas lia-se a inscrição “dízimos
aqui”. Um pequeno grupo de pessoas se espalhava pelos bancos
contemplando as paredes lisas com olhares vazios. Uma mesinha no
canto disponibilizava panfletos impressos perfeitamente organizados
em pilhas com impressões em cores diferentes. Deus pegou um azul.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">SINAIS
DA SEGUNDA VINDA</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Jesus
Cristo Voltará à Terra</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
Salvador disse a Joseph Smith: "Eu Me revelarei com poder e
grande glória (...) e (...) habitarei com os homens na terra por mil
anos, e os iníquos não permanecerão." (D&C 29:11; ver
também capítulos 43 e 44, "A Segunda Vinda de Jesus Cristo"
e "O Milênio".) Jesus nos disse que certos sinais e
acontecimentos irão prevenir-nos quanto à proximidade de Sua
segunda vinda, também chamada de "o grande e terrível dia do
Senhor" (D&C 110:16).</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Assombrado, Deus seguiu
a leitura:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os
Lamanitas Tornar-se-ão um Grande Povo</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
Senhor disse que quando Sua vinda estivesse próxima, os lamanitas se
tornariam um povo reto e respeitado. "Mas antes que venha o
grande e terrível dia do Senhor (...) os lamanitas florescerão como
a rosa" (D&C 49:24). Grande número de lamanitas da América
do Norte e do Sul e do Pacífico Sul estão hoje recebendo as bênçãos
do evangelho.</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E mais adiante:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
Conhecimento dos Sinais dos Tempos Pode Ajudar-nos</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ninguém,
exceto o Pai Celestial, sabe exatamente quando o Senhor virá. O
Salvador ensinou a esse respeito ao contar a parábola da figueira.
Ele disse que, quando vemos a figueira soltando folhas, sabemos que o
verão está próximo. Da mesma forma, quando virmos os sinais
descritos nas escrituras, saberemos que Sua vinda está próxima (ver
Mateus 24:32-33).</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
Senhor deu esses sinais para ajudar-nos. Podemos, dessa forma,
colocar nossa vida em ordem e preparar a nós próprios e a nossa
família para o que ainda está para vir.</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Não
devemos preocupar-nos com as calamidades, mas esperar com alegria a
vinda do Salvador. O Senhor disse: "Não vos perturbeis, pois,
quando todas estas coisas (os sinais) acontecerem, sabereis que as
promessas que vos foram feitas se cumprirão" (D&C 45:35).
Ele disse que os que forem retos não serão destruídos quando Ele
vier "mas suportarão o dia, e a terra ser-lhes-á dada por
herança (...) e seus filhos crescerão sem pecado (...) pois o
Senhor estará em seu reino, e a Sua glória estará sobre eles, e
ele será o seu rei e o seu legislador" (D&C 45:57-59).</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Discretamente, Deus
surrupiou um exemplar de cada cor, enfiou na mochila e saiu dali sem
pagar o dízimo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A terceira parada foi num prédio cinzento onde se entrava subindo uma enorme escadaria. O
interior era escuro e frio, e as paredes decoradas com uma profusão
multicolorida de pinturas e estátuas competindo pela atenção com
os vritrais das janelas em arco. Como nas anteriores, longos bancos
se alinhavam perfeitamente, mas este templo tinha seis fileiras que
convergiam numa abóbada dourada dominada pela fantasmagórica
figura de um enorme cristo ensanguentado suspenso por fios de náilon. Num canto logo à esquerda, duas velhas
ajoelhavam diante de dezenas de velas. Dali é que vinha o
cheiro rançoso de parafina.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Curioso, Deus
seguiu pelo tapete vermelho até chegar a cúpula dourada.
À esquerda e à direita, reparou na riqueza dos entalhes das
casinhas que abrigavam as imagens coloridas em dourado, vermelho, cinza e branco.
Intrigado, Deus subiu os cinco degraus que colocavam a cúpula meio
metro acima do resto do lugar. Uma mulher austera apareceu do nada para arrastá-lo escada abaixo:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Não tem respeito? –
ralhou.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Por quê? É
proibido? – perguntou Mara confusa.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Os passos dos fiéis
páram ao pé da escada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- E Deus, pode?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- É onde <i>ele </i>mora.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus ficou parado,
boquiaberto enquanto a mulher subia os degraus resmungando:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Essas crianças de
hoje... Não têm respeito por nada!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus
observou a cúpula tentando encontrar o seu quarto. A única
coisa com alguma privacidade era uma pequena capelinha dourada,
trancada à chave. Mas ele é que não ia querer morar numa casinha
tão apertada, ainda mais ficar trancafiado daquele jeito, sem poder
sair quando quisesse!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">De saída, recolheu um
panfleto impresso em tinta cor de laranja.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Eu,
pecador, me confesso...</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">...
Tende piedade de nós</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">cântico
de entrada:</span></b></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
ti meu Deus cantemos os homens louvor</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ao
teu amor respondam com mais amor</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Senhor
a tua igreja somos nós</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Numa
só voz</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
teu tudo que somos e o que temos</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E
aqui vimos para adorar</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Senhor,
a graça imensa de viver</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sem
merecer,</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
graça de ser filho e de te amar</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vamos
louvar</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E
agradecer</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Da
culpa tantas vezes repetida</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em
nossa vida,</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Senhor,
a tua Igreja militante</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Quer
neste instante</span></i></div>
<div class="western" lang="en-US" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Pedir perdão</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Senhor,
no sofrimento e na alegria</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">De
cada dia</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ajuda-nos
a amar o que é melhor</span></i></div>
<div class="western" lang="en-US" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E o teu amor</span></i></div>
<div class="western" lang="en-US" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.27cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aumente em nós</span></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus saiu dali
perguntando-se o que aquela gente fizera de tão horrível, e o que ele fizera para merecer tanta gratidão. Do que estavam falando? Ele ainda não fizera
nada, era Deus só a uns dois dias... Ou será que já era Deus antes
de saber? Talvez antes fosse Deus em outra pessoa, e era ela só há
pouco tempo. Se fosse assim, sabe-se lá o que tinha feito antes...
Deus é que não sabia.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Esses pensamentos foram
esquecidos ao chegar à porta do prédio baixo e mal conservado onde dezenas de pessoas humildes se espremiam, algumas tão doentes que
mal conseguiam parar em pé. Quando Deus já ia entrando, um homem magro de terno e sandálias advertiu:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Tem que esperar na fila.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus entrou na fila e
esperou. Aos sussurros, as pessoas contavam dores e mazelas mazelas. Deus
esperou por mais quinze minutos, mas como a fila não andava decidiu
deixar para outra hora. Àquela altura já eram duas e meia e
Marialva devia estar subindo pelas paredes.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas tinha ainda uma
última parada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Entrando por uma viela lamaçenta, chapinhou até um
casebre reformado com as paredes caiadas de branco.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Está fechado. –
anunciou uma velha gorda debruçada na janela de um barraco logo à
frente ainda antes que Deus tocasse a grade do portão – Se quer
serviço, bote num envelope com o nome, o pedido e o dinheiro.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Deus catou na mochila uma
nota de 1 real, e demorou para rabiscar um pedido numa
folha do caderno. Dobrou cuidadosamente a folha com o dinheiro dentro
e ficou esperando.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Bota aí, na
caixa do correio. – disse a velha sumindo por trás da
cortina floreada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">No último instante,
Deus mudou de idéia. Guardou a folha dobrada com o dinheiro e voltou
chapinhando até a avenida.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Como era de se esperar, Marialva estava subindo pelas paredes:</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Por onde andou, menina? Tem idéia do susto que
me pregou? De onde é que saiu esse barro todo? Agora eu é que vou
ter que lavar!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mara quase respondeu
que não cabe aos mortais questionar os caminhos de Deus, mas achou
mais prudente largar a mochila no quarto e esperar enquanto o almoço esquentava no microondas.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">______________</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">imagem: </span><span style="background-color: #f1f1f1; line-height: 18px; text-align: center;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“The Child Grew Strong in Spirit”, por Ann Guerri</span></span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-68996494797671912172015-07-02T08:49:00.002-03:002015-07-02T08:50:43.513-03:00RATOS NO PORÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMvSp95IuDGj5rY74s2021zEvDYr9CuX48lLZufDgMk73tJL5g64-T5b9xnsiz2kY6bSjKqrH-eIyu0sU3hx7OSudZHty3j_SMHuIqfOQb3s8bTsEO_ZHKyP11iI_qFhz9310EfxQk0dw/s1600/mouse-in-house.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMvSp95IuDGj5rY74s2021zEvDYr9CuX48lLZufDgMk73tJL5g64-T5b9xnsiz2kY6bSjKqrH-eIyu0sU3hx7OSudZHty3j_SMHuIqfOQb3s8bTsEO_ZHKyP11iI_qFhz9310EfxQk0dw/s320/mouse-in-house.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Rato é coisa braba: só depois de ver o primeiro é que a gente descobre que a casa está infestada - provavelmente há anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Podemos reagir de várias maneiras - minha experiência é que elas seguem esta ordem:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro, superado o horror, a gente tenta se convencer que era só um, e que entrou na nossa casa por acidente. Afinal, a gente não mora em nenhuma pocilga, né?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas ficamos alertas: inspecionamos cuidadosamente as embalagens dos gêneros antes de usar, damos uma geral na despensa, compramos latas para acondicionar tudo que possa atrair os roedores e, confiantes na nossa capacidade de lidar com a situação, seguimos em frente com o que quer que esteja ocupando nossa atenção no momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a lembrança daquele rato não nos abandona. Acordamos no meio da noite ouvindo ruídos estranhos na casa. Prendendo a respiração, nos esgueiramos até a cozinha, agarramos uma vassoura e acendemos a luz de sopetão... nada!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltamos para a cama rindo de nós mesmos. Na manhã seguinte, reparamos que metade das bananas foi roída durante a noite.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nojo, fúria, frustração e raiva, muita raiva: como pudemos ter sido tão idiotas de deixar as frutas ao alcançe daquele monstro?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse espírito, decidimos encontrar o diabo do rato nem que seja preciso colocar a casa abaixo. Arregaçamos as mangas e começamos pelos locais mais óbvios.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao movermos aquela caixa de papelão cheia de cacarecos que já deveríamos ter posto fora há anos, o cheiro da urina e fezes nos faz recuar nauseados. Colocamos uma máscara de dentista, e limpamos o local só para nos depararmos com a mesma cena por trás do armário, da cristaleira, do fogão... onde quer que olhemos, encontramos os vestígios, nunca o rato.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas sabemos que ele está aqui. Mais: sabemos agora que não é só um, que são muitos, e que certamente já estão aqui há muito, muito tempo. Tanto tempo que nunca saberemos desde quando, como, porquê e quantos são.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Envergonhados, tratamos a questão como um segredo sujo. Afinal, todos acreditamos que em casa limpa não entra rato. E tentamos resolver sozinhos o problema quando justamente o que deveríamos fazer é buscar imediatamente a ajuda de algum exterminador de pragas, de um especialista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Podemos perder o resto das nossas vidas armando arapucas e ratoeiras convencidos que se pegarmos um a um, eventualmente acabaremos com a praga. É a ilusão de controle. E não vai adiantar. Na verdade, é muito pior, pois só vai perpetuar o trauma de termos que lidar com cada vez mais cadáveres esmigalhados em poças de sangue que teremos que limpar sozinhos. Pode ser que com o tempo a gente crie como que uma crosta emocional que nos impeça de sentir aquele horror. A mesma crosta que vai nos impedir de sentir qualquer prazer na vida também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há quem depois do terceiro ou quarto rato morto decida ignorar e deixar que a casa se infeste até que os ratos percam a inibição de compartilhar da sua cama - e eles irão, pode ter certeza: se você deixar tudo como está, os ratos irão tomar até o seu travesseiro. Muita gente a essa altura, se deprime a tal ponto que nem sente quando os ratos começam a devorar suas extremidades e vai morrendo aos poucos, se esvaindo no próprio sangue. Outros enlouquecem e tocam fogo na cama e queimam junto com os ratos. Com sorte, algum bombeiro evitará o pior. Com sorte, sairão com queimaduras leves. Muitos, no entanto, ficarão tão deformados que mal se reconhecerão no espelho pelo resto da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há quem depois do terceiro ou quarto rato morto decida dedetizar a casa por conta própria, e acabe se envenenando a cada alimento que levar à boca, a cada roupa que trocar, a cada vez que deitar entre os lençóis. Ou exagere na dose inicial, e caia intoxicado no meio da cozinha para só ser descoberto semanas depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há ainda quem decida simplesmente abandonar a casa, faça as malas, bata a porta e se vá, deixando que os próximos inquilinos se virem com o problema. Muito bem, a maioria dos ratos ficou para trás, mas na pressa de encaixotar a mudança, alguns ratinhos podem seguir junto, escondidos no fundo das malas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E há quem remova todos os gêneros, afaste todos os móveis, esvazie todos os armários, arrume cuidadosamente uma pequena mala de mão só com o essencial e saia, entregando a chave a um especialista para que proceda à erradicação de forma segura; retornando depois para arejar, limpar, organizar e então chamar o caminhão de mudança, porque seja como for, depois do primeiro rato aquela casa nunca mais será "segura" para si.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, finalmente, há quem adote um gato (ou mais de um), ganhando assim não só a proteção atenta como a amorosa companhia de um amigo confiável com quem compartilhar o aconchego nas noites de inverno.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por quê falei de ratos? Porque com a mentira é a mesma coisa.</div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-81536243966526508082015-02-22T08:14:00.000-03:002015-02-22T08:14:07.117-03:00SÍNDROME DO DÉFICIT DE NATUREZA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk24NZ2PCrHv8Spp2JvUCItv7O6xjbaFLBDO6Uoq4Dh9Pb90jtJn7zze7ZEGX7N8CqlpZGLTcDfZu5k2-kPYMovmI9cLZ_VygXcMUx8f8ia201JQi7fYS2YDCsWzV7D74fP-VYqwb5JLY/s1600/10978504_824357070974591_50689191114793910_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk24NZ2PCrHv8Spp2JvUCItv7O6xjbaFLBDO6Uoq4Dh9Pb90jtJn7zze7ZEGX7N8CqlpZGLTcDfZu5k2-kPYMovmI9cLZ_VygXcMUx8f8ia201JQi7fYS2YDCsWzV7D74fP-VYqwb5JLY/s1600/10978504_824357070974591_50689191114793910_n.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
Um galho inteiro do plátano em frente ao meu vizinho despencou estrepitosamente momentos atrás, me arrancando dos braços de Morfeu.<br />
<br />
Em seu abandono, os velhos plátanos crivados de parasitas vão aos poucos se desfazendo de membros inteiros na luta pela sobrevivência.<br />
<br />
Neste conglomerado humano, asfalto e concreto são as únicas prioridades.<br />
<br />
Alguns instantes depois vi esta foto no Facebook.<br />
<br />
A primeira coisa que me saltou aos olhos foi o contraste entre a sensação de liberdade, a pulsação de vida que a presença desse horizonte aberto despertou dentro de mim e a opressiva sensação de confinamento causada pelo que a vista de minha janela (e olha que sou privilegiada por ter uma praça logo do outro lado da rua), que me sujeita a um modelo de urbanização que não só permite como incentiva que o concreto se erga como uma muralha sequestrando o horizonte para disponibiliza-lo apenas a uma minoria por um preço adicional - ainda assim é questionável a qualidade do "horizonte" oferecido, já que a esta altura só mostra a proliferação desordenada do cancro de concreto e asfalto em todas as direções.<br />
<br />
A felicidade se alimenta da beleza, e a beleza na mídia é como fast-food: enche os olhos mas não nutre a alma.<br />
<br />
Não bastasse isso, a ausência de um horizonte, de alguma coisa bela e perene à distância priva-nos da noção de dimensão, de perspectiva.<br />
<br />
Desenvolvemos uma visão míope da vida.<br />
<br />
Sem perspectiva, sem dimensão, nosso <i>modus vivendi et operandi</i> é o imediatismo.<br />
<br />
Imediatismo não é "viver no momento", como a propaganda gostaria que você acreditasse. Não é <i>carpe diem</i>, porque é muito mais frustrante do que prazeiroso.<br />
<br />
Não é o <i>Wu Wei</i>, porque seu método de ação é projetado externamente, voltado a moldar o ambiente ao indivíduo, e não uma ação interna de transcendência dos fatores externos. Mesmo a falácia pseudo-zen do pensamento positivo e das manifestações é uma negação do Wu Wei, configurando via de regra apenas um retrocesso ao pensamento mágico da infância.<br />
<br />
O imediatismo é a negação do <i>Tao</i>, o "Caminho"; e nisso, a negação do próprio universo no qual nos inserimos como uma mísera partícula de fóton, se tanto.<br />
<br />
É viver num frenesi unidimensional, buscando resultados imediatos para problemas imediatos, sem nenhuma perspectiva passada ou futura, logo, sem nenhuma solução de continuidade.<br />
<br />
Enclausurados entre as muralhas das nossas cidades, alienados da dimensão e perspectiva da Natureza - nossa referência mais próxima do Universo; fantasiamos ter criado um todo à parte, como se a Terra fosse uma bolha suspensa no vácuo onde imitamos os deuses do Olimpo, entretendo-nos com jogos de guerra e poder; quando uma tempestade solar de significativa magnitude (que um dia virá com certeza) é o que basta para nos pulverizar em segundos.<br />
<br />
Sem a menor perspectiva da dimensão cíclica da natureza, mentimos, roubamos, chantageamos, manipulamos, prejudicamos, exploramos e chegamos a matar, como se os outros seres humanos não fossem mais que peões enfileirados para para serem dispostos conforme a vontade imediata em nossos tabuleirinhos de xadrez; quando um único meteoro com uma massa significativa (que um dia nos atingirá com certeza) é o que basta para que nada ou muito pouco reste da nossa empáfia.<br />
<br />
Enfim, tudo isso para dizer que a única alternativa que vejo ao estado atual das coisas é um retorno á natureza: o que não implica absolutamente abrir mão da tecnologia de que dispomos mas antes adequá-la à promoção da vida e não da morte no planeta em todos os níveis.<br />
<br />
A quem ainda não tenha lido, recomendo fortemente que procure, leia e releia <b><i>Walden - A Vida nos Bosques</i></b>, de Henry David Thoreau, publicado inicialmente em 1854 e hoje mais atual do que nunca. Este livro fornece todo o substrato intelectual para ajudá-lo a começar a visualizar alternativas práticas ao (comprovadamente fracassado) modelo de mundo em que vivemos.<br />
<br />
Se não todas, boa parte das "síndromes", "distúrbios" e doenças em geral que afligem o homo-urbanus são meros sintomas de uma doença maior: a <b>Síndrome do Déficit de Natureza</b>.<br />
<br />
Só existe um remédio para essa doença, e ele passa muito, mas muito longe da indústria farmacêutica. A cura começa ao se abrir os olhos e ver a ilusão pelo que é:<br />
<br />
Controle imediato não é controle, é paliativo.<br />
<br />
Poder imediato não é poder, é dominação.<br />
<br />
Vida imediata não é vida, é sobrevivência.Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-62024559582372841032014-07-06T10:32:00.001-03:002014-07-06T10:37:29.709-03:00ELA, A ESCOLA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnFC4P-iZ0giNjK1D8GUDf1KtcKbEAtSZrBMrVQXoQuqUwlAMU-OXB5UuFhqnM0aIG8OR1AhWomgjW77WF7fKOUIL96B4Ll3JW-AzVk744iFxfrKIzuJGiSm-rF5fbamWl4CM7GZplFAA/s1600/if-you-dont-eat-your-meat-how-can-you-have-any-pudding.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnFC4P-iZ0giNjK1D8GUDf1KtcKbEAtSZrBMrVQXoQuqUwlAMU-OXB5UuFhqnM0aIG8OR1AhWomgjW77WF7fKOUIL96B4Ll3JW-AzVk744iFxfrKIzuJGiSm-rF5fbamWl4CM7GZplFAA/s1600/if-you-dont-eat-your-meat-how-can-you-have-any-pudding.jpg" height="219" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que eu sinto estar errado no sistema de ensino é uma questão estrutural, de princípio, de como currículos são rigidamente estabelecidos e impostos tendo seus conteúdos exigidos à totalidade dos indivíduos no mais total e absoluto desrespeito à individualidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não somos máquinas, "educação" não é um "processo" como produzir sapatos ou eletrônicos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Educar (propriamente) uma criança é acima de tudo e antes de mais nada, uma interação. Não é um "processo" ou "procedimento" - atividades essencialmente unidirecionais em que um objeto sofre a intervenção de um sujeito. Não sei quanto a você, mas quando olho para uma criança, qualquer criança, vejo TUDO menos um objeto. Vejo um mundo, um manancial, um infinito de possibilidades; o divino em sua mais autêntica e pura expressão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E me dói pensar que aquela centelha de vida, de amor, de pureza e curiosidade logo logo estará sendo violada, tripudiada, reduzida e diminuída pela máquina da "educação" - o mais eficiente dos mecanismos de opressão do estado, pois oprime de fora para dentro e reprime de dentro para fora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, não é "economicamente viável" pensar-se numa escola que não produza "conhecimento" de forma seriada e massiva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, não é "economicamente viável" a abolição do "currículo" pelo menos nas séries iniciais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda assim, é o que <b>precisa ser feito</b>. <b>Urge que seja feito</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que a ciência já revelou sobre a química e o funcionamento do cérebro humano por si só já basta para entendermos que NÃO EXISTE UM INDIVÍDUO IGUAL AO OUTRO NO PLANETA. Somos todos únicos. Cada um de nós experimenta, apreende, aprende e vivencia a existência de forma única. Cada indivíduo tem seu próprio ritmo de aprendizado, e suas próprias inclinações, que o levarão a interessar-se por temas de diferentes naturezas em momentos diferentes de sua evolução intelectual e emocional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que acontece quando a escola entra em nossas vidas?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Subitamente nossa curiosidade natural, nossa sede espontânea de conhecimento que é por natureza dinâmica, rica e variada; é bloqueada, canalizada e redirecionada para o que a <i><b>sociedade</b></i> determina e impõe como relevante ou importante tendo por critério unica e exclusivamente nossa futura utilidade (sim, <b>utilidade</b>) para o sistema econômico que a apoia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Somos forçados, somos coagidos e obrigados a acumular pacotes pré determinados de "conhecimento" sobre temas pré determinados e numa ordem pré determinada; sob pena de sofrermos vexames, humilhações e toda a sorte de ataques pejorativos e aflitivos à nossa integridade (quando não sanidade mesmo) psíquico-emocional. Ataques esses cujos efeitos seguiremos sentindo ao longo de nossas vidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">À indústria-escola não interessa se nunca na vida vamos encontrar um emprego prático para a fórmula da bhaskara: à</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> indústria-escola tão somente interessa que a fórmula de bhaskara é "conteúdo obrigatório".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">À indústria-escola tampouco interessa se em nosso "aprendizado" atingimos um nível mínimo de compreensão da fórmula de bhaskara, a sintetizarmos a complexidade do seu significado de maneira que nos habilite a dominar seus usos e aplicações e a empregá-la criativa e/ou construtivamente: à indústria-escola basta que tenhamos demonstrado nossa capacidade de aplicar mecânica e repetitivamente a fórmula de bhaskara aos modelos que pré-determinou com a variação mínima requerida pela eventual necessidade futura dessa "ferramenta" em outras áreas, e que isso ocorra o mais rapidamente possível para desocuparmos o assento deixando-o livre para o próximo bloco de "matéria-prima".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O problema com a maneira como educamos nossas crianças, e que resulta justamente na perplexidade e frustração de 9 entre 10 educadores que ainda se importam com o que estão fazendo nesta vida; é que <b>o sistema escola-indústria é um monumental equívoco histórico</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ele tem uma gravíssima falha de origem, de concepção: conhecimento não se forja a ferro e fogo como vem sendo feito desde a Revolução Industrial - aliás, pare e pense: não é no mínimo intrigante a coincidência existente entre o surgimento da escola como instituição e a Revolução Industrial? Porque foi lá, naquele momento, que a escola abriu as portas para o povo. E somente e tão somente (me repito para enfatizar) porque <b>a indústria precisava de gente devidamente treinada para operar as suas novas máquinas, e capaz de ler os manuais de instrução para repará-las</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A escola "universal"*, seguida pelo "ensino obrigatório" que culminou na atual indústria-escola tem suas raízes na <b>ECONOMIA</b>, não na pedagogia. A pedagogia veio a posteriori, para tapar os buracos, para apontar os culpados sejam pais, alunos ou professores, mas nunca o sistema em si... Enfim, a pedagogia foi criada para tentar resolver os problemas que seguiram e seguem aparecendo, porque a RAZÃO de ser da indústria-escola tem um erro de ORIGEM. E ninguém precisa ser um Einstein pra saber que pau que nasce torto cresce torto e acaba morrendo torto ou apodrecendo e caindo por si.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os sinais dessa podridão estão por aí, por todos os lados: no estágio de complexidade praticamente inadministrável que atingimos neste Terceiro Milênio, e no rastro dessa (doente) visão mercantilista do mundo e das interações humanas, "educação" é só mais um sistema econômico, mais um mercado, mais uma atividade para gerar renda e capital, mais um "produto". E quanto maior o interesse econômico, quanto mais capital um produto gera, maior a resistência da indústria em mexer na sua forma ou, no caso, na essência desse produto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas é PRECISO, é URGENTE que se comece a pensar numa revolução aí. O futuro da humanidade depende disso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ouvimos diariamente a gritaria frustrada de uma legião de educadores e pedagogos sobre o crescente, o gritante a galopante empobrecimento da educação. Sobre o crescente, gritante e galopante declínio no "desempenho" dos alunos. Quem olha de fora como eu, não cansa de se abismar com a crescente, gritante e galopante estupidificação da humanidade como um todo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E não pode ser diferente quando pelo <b>erro de origem</b> do sistema de educação vigente, o entretenimento acaba sendo a única dieta oferecida à curiosidade natural do ser humano. Uma dieta de <i>fast-food</i> em sua imensa, em sua esmagadora maioria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não digo que essa revolução de que falo deva se estender aos níveis ditos superiores da educação. Não sei, não pensei nisso. Por ora, só posso pensar que se os alunos chegassem a esses níveis de aprendizado tendo já satisfeita a sua curiosidade natural e definidas as suas inclinações; naturalmente chegariam a esses níveis dotados tanto das bases como da disciplina necessárias à extensão e aprofundamento desses conhecimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enfim, meu foco aqui é a infância, para quem é, repito, URGENTE e ESSENCIAL que reformulemos as estruturas e flexibilizemos os currículos, para que estimulem, que instiguem, que catalisem, enfim; a curiosidade natural (e essencialmente <b>efêmera</b>) que <b>toda a criança tem</b> sobre o que quer que a interesse a cada momento; ao invés de seguir impondo regras e barreiras e desvios que confundem e obstruem esse fluxo, gerando complexos, resistência, aversão, frustração e alienação da própria natureza e inclinações únicas em cada indivíduo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O conhecimento penetra. E nisso demonstra ter a mesma qualidade da água. Se for demais, encharca o solo e se perde. Se for de menos, a terra se torna árida e infecunda. Como a água, o conhecimento deve ser distribuído com gentileza e em respeito às peculiaridades de cada tipo de solo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alguns requerem regas mais volumosas e frequentes para frutificar. Outros do pouco que recebem conseguem florescer em miríades de formas. Outros necessitam a adição de complementos que os tornem mais férteis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um mestre ou professor não tem condições de atender a demandas tão específicas quando tem ao seu cuidado mais de 10 ou 12 crianças.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tampouco as diferentes proporções e variedades na dosagem desses conhecimentos podem ser respeitadas dentro de um sistema rígido e inflexivelmente atrelado a critérios quantitativos e competitivos que premiam ou punem indivíduos pelo atingimento de metas pré-estabelecidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma escola orgânica, dotada de maleabilidade para aceitar e estimular a unicidade de cada criança; seria uma escola de paz, de serenidade, de cooperação; provendo incontáveis oportunidades não só de multiplicação de conhecimento, mas de aprofundamento pessoal, de auto-conhecimento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois é através dos assuntos aos quais nos inclinamos, dos temas que ressoam dentro de nós que começamos a nos identificar como pessoas, e encontrar nossos rumos e nosso caminho nesta vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se tais oportunidades nos são negadas, como viremos a identificar nossa real inclinação e buscar as atividades que nos integrem e estimulem a crescer como pessoas, como indivíduos?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não me surpreende nem um pouco que tantos cheguem aos 30, aos 40, ou mesmo aos 50 anos sem a menor noção do que querem fazer nesta vida; ou mesmo tendo já feito muita coisa, conquistado carreiras e estabilidade financeira, se sintam frustrados, abatidos e vazios de sentido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como poderia ser diferente, se durante todo o período em que deveriam estar provando e testando sua curiosidade e interesses, ao invés de serem estimulados nessa busca foram forçados ou mesmo coagidos a dispender ou mesmo restringir seu imenso potencial pessoal a temas por eles então percebidos como totalmente desprovidos de relevância?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Que oportunidade foi-lhes dada para desenvolver em si a curiosidade, o interesse, a observação, e a introspecção que natural e necessariamente as segue?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De que ferramentas a escola-indústria os proveu para ingressar no mundo adulto como criadores da própria existência?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E, finalmente, qual ou quais as válvulas de escape que cada indivíduo acabou desenvolvendo para dar vazão à sua curiosidade natural? </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alienação e escapismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alienação de si, e fuga do que é percebido ora como caos, ora como vazio interior.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como adulto e pai, esse indivíduo só poderá gerar mais indivíduos alienados de si e fugindo do que é ora percebido como caos, ora como vazio interior. É tudo que tem a oferecer a seus filhos intelectual e emocionalmente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, eu sei que é muito difícil reverter as engrenagens. Mas essa engenhoca enferrujada e cheia de remendos ainda movida a vapor não nos serve mais neste Terceiro Milênio, e precisa mudar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Precisa mudar logo. Radicalmente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Fica o pensamento nesta manhã chuvosa de domingo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Namastê!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">______________________</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">* Não sou de maneira alguma uma elitista contrária ao ensino universal e obrigatório. O que vou contra é a <b>maneira </b>e a<b> estrutura</b> desse ensino universal, e isso se aplica a escolas públicas e privadas, salvo raríssimas exceções.</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-90106054695013770682014-05-21T09:40:00.005-03:002014-05-21T09:41:46.051-03:00AÇÃO <===> REAÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgErJEMO4UQd9EuYI4E-zCI7Z6O3_XNlY9R4Eayu9f4kefnaFVeH1ctHQupzJ3xIHpDwsQT-yHAM2E2z2OKiqbaTo-ZvZ97__HK3Ki74y8vV40kkePUMnDe8ka4a2dcRgj40H13IEx7Iq8/s1600/action-reaction.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgErJEMO4UQd9EuYI4E-zCI7Z6O3_XNlY9R4Eayu9f4kefnaFVeH1ctHQupzJ3xIHpDwsQT-yHAM2E2z2OKiqbaTo-ZvZ97__HK3Ki74y8vV40kkePUMnDe8ka4a2dcRgj40H13IEx7Iq8/s1600/action-reaction.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um contexto cultural que confunde prudência com insegurança, temperança com hesitação, cautela com temor e passividade com falta de auto-estima; nos empurra cotidianamente às reações imediatas, a falar e agir antes de pensar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Reagir ao impulso, ao sentimento não-elaborado, ao calor do momento, enfim; leva inexorável e invariavelmente ao conflito, mágoa, frustração, arrependimento e, no longo termo, à ansiedade, à depressão e outras severas aflições emocionais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vamos combinar: não é um bom caminho para se alcançar a felicidade. Porque é o CAMINHO DA DOR.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tenho falado muito em se "viver o momento".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Meditando agora há pouco, senti que a expressão que tenho usado com tanta frequência precisa ser explicada, pois dependendo de COMO esse momento é vivido, pode-se avançar tanto no caminho da dor como no da felicidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Viver no momento", ao contrário do que o termo sugere, é a atitude PASSIVA, de contemplação, concentração, observação e perspicácia que desenvolve o auto-conhecimento - que é o ÚNICO CAMINHO VÁLIDO PARA A FELICIDADE.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como você pode aspirar à felicidade sem conhecer suas motivações mais profundas?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em termos práticos, é desenvolver e aplicar a disciplina de suspender momentaneamente toda a ação e perguntar-se de onde está vindo a vontade de falar ou reagir dessa ou daquela maneira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa é a chave para se alcançar o famoso "conhece-te a ti mesmo".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Perdeu a oportunidade de usar o sarcasmo e desarmar o "oponente"?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tanto melhor! NINGUÉM é seu oponente neste mundo! Mesmo (eu até diria PRINCIPALMENTE) as pessoas por quem temos ojeriza, com as quais não conectamos em plano algum, estão aí para NOS ENSINAR, não nos boicotar, ou sabotar o nosso crescimento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se você vê qualquer inimigo ao seu redor, troque os óculos: está olhando o mundo pelas cores erradas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se vê ou sente ameaças, olhe para dentro: elas estão EM VOCÊ. É a maneira como você reage a obstáculos e desafios que precisa ser revisada mesmo estando convicto da SUA verdade e que o outro é que está errado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A SUA verdade não invalida a verdade de ninguém. O que existe aí para ser ponderado é a ORIGEM dessa sua verdade, da sua convicção:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É algo que você realmente sente, ou é uma verdade aprendida de convicções incutidas por condicionamento familiar, social ou cultural? Será uma verdade que você SENTE lá no fundo da alma, do coração; ou uma verdade à qual se agarra por status ou aceitação social?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E não estou nem entrando na seara do "outro", porque questionar a SUA verdade NÃO IMPLICA em aceitar a do outro como mais absoluta ou verdadeira - isso é irrelevante ao processo de crescimento pessoal: cada um sabe de si, e não cabe a nenhum de nós julgar, impor, repreender ou reprimir ninguém neste mundo: o outro a quem você está reagindo é sempre movido pelas próprias verdades que para ele são tão reais e absolutas quanto as suas. Confrontá-las ou não é o caminho DELE, não o seu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Questionar as próprias verdades é buscar a autenticidade consigo mesmo, é tornar-se senhor e mestre da própria vontade, e tomar as rédeas da própria vida tendo como compasso absoluto a sua essência, a sua natureza que é ÚNICA e que não pode (nem deve) ser influenciada por qualquer fator externo; nem nas piores adversidades.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E, em essência, TODOS somos AMOR. Todos queremos e buscamos amor. Todos queremos acolhimento, aceitação, plenitude, enfim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas, (e sempre tem um senão) porque desconhecemos nossas chaves, nossos próprios botões - enfim, o que nos move nesta vida; tendemos a buscar MAIS o acolhimento, a aceitação, a plenitude no OUTRO do que em nós mesmos. E assim ocupados em buscar fontes externas, descuidamos de construir em nós mesmos as bases para que acolhimento, aceitação e plenitude criem raízes dentro de nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, "criem raízes": porque o processo é subterrâneo, é INTERNO, vem de dentro para fora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É o processo de se deter a cada momento e avaliar o que nos move, o que motiva nossas escolhas, nossas reações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não falo em ações, porque a falta de auto-conhecimento obstrui qualquer possibilidade de ação, limitando-nos à REAÇÃO. Andamos às cegas por aí tropeçando, caindo e esbarrando nos outros e ainda os culpamos pelos cortes, fraturas e arranhões.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E com isso voltamos, à AÇÃO <===> REAÇÃO, porque "AÇÃO" é um dos pilares da nossa sociedade. Vivemos num ambiente que cultua "pessoas de ação". Todos querem agir ao mesmo tempo. Todos querem ter a iniciativa, o impulso, a motivação: construir, prosperar, acumular. "A melhor defesa é o ataque" é a frase ecoada aos quatro ventos. Essa mentalidade sugere um ambiente hostil, no qual para sobreviver é preciso estar-se constantemente na defensiva, fechado, encastelado na própria torre e disposto a pulverizar qualquer ameaça.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nos apegamos a pessoas, posses e status como se eles nos definissem como indivíduos; e percorremos o mundo em nossas brilhantes armaduras apregoando ideais que nos façam parecer nobres e elevados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas não somos: nosso cordão umbilical pode ter sido cortado no parto, mas segue bem enroladinho e apertado dentro de nós clamando pelo calor e segurança do útero de onde tão abrupta e violentamente fomos expelidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quanto menos nos abrimos a essa verdade, menos conscientes somos do que realmente nos move. Até o monje budista com todo o seu desvelo e desprendimento busca o útero pelo Nirvana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira grande verdade a ser confrontada, aceita e liberada é a perda TOTAL e IRREMEDIÁVEL desse útero como um fator externo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>NENHUMA circunstância externa da vida o trará de volta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse perfeito equilíbrio de segurança, envolvimento, pertença, entrega pacífica e unidade com outro ser é o paraíso perdido com que nos defrontamos no instante que sentimos o doloroso contato com o frio da sala de parto, do áspero tecido em que nos envolvem, da fome que subitamente irrompe em nossas entranhas. Fome (a raiz do medo, porque padecemos sem alimento), sentimento até então desconhecido, porque saciedade era um fluxo constante e não precisávamos fazer absolutamente nada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A vida no útero é uma vida de INAÇÃO. Quando muito, <b>reagimos</b> a algum estímulo externo, algum barulho súbito, alguma agitação no organismo que nos abriga.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, nascemos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">AÇÃO <===> REAÇÃO</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para a maioria, a vida daí em diante segue em círculos: partimos buscando no ambiente as condições que supram a falta desse útero, não as encontramos, nos decepcionamos, sofremos e retomamos a busca sem nunca questioná-la em primeiro lugar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Só existe um jeito de quebrar esse círculo (vicioso!), de transformá-lo numa reta e evoluir: identificar em nós essa busca, tomar nos braços esse bebê com todo o carinho e explicar para ele que <b>o útero se foi, e que não há nada no mundo que possa substituí-lo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O melhor que podemos fazer é adequar nossas expectativas à <b>realidade</b> do ambiente em que vivemos, cientes que <b>nada nem ninguém é CAPAZ de recriar aquela situação</b>; mesmo que tentem com toda a vontade, com todo o amor e dedicação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Faça isso por você mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Faça hoje, comece agora: aceite a vida como ela é, e <b>seja grato por ter sobrevivido à perda da condição ideal e ainda assim acreditar que, sim, há magia e beleza de sobra para sorrir e amar a si e aos outros</b>, por tudo e apesar de tudo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Só esta AÇÃO curadora sobre nós mesmos pode nos libertar do círculo vicioso da REAÇÃO e nos elevar à condição de agentes do nosso próprio destino.</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-7505373144388258572014-05-17T12:16:00.002-03:002015-12-22T13:34:29.415-02:00MEU CAMINHO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwfY9RmigP_SONkWj3P8NCAmKfhFqY_QQo4ItBLqI-LdCl0XpjJQM9iJXjrTUozqPoXG_PbqNlvfRHq85X4UfWdThXc0gLBtxjeGAQDtRPtBuF0eQ03FkdfbQG8wD-LTCMK8SqIk5IyzQ/s1600/3_human-reunion-handprint_corr_cropped.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwfY9RmigP_SONkWj3P8NCAmKfhFqY_QQo4ItBLqI-LdCl0XpjJQM9iJXjrTUozqPoXG_PbqNlvfRHq85X4UfWdThXc0gLBtxjeGAQDtRPtBuF0eQ03FkdfbQG8wD-LTCMK8SqIk5IyzQ/s1600/3_human-reunion-handprint_corr_cropped.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sei que eu prometi falar sobre essa doença contemporânea de tornar tudo que é feio, mau, assustador fofinho, lindinho, sexy e limpinho, mas hoje eu quero escrever livremente o que me vier à cabeça, sem um tema pré-definido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Talvez até porque tem muito a ver com essa mesma mania de fazer tudo dourado, sexy e cor-de-rosa que anda por aí; junto com uma outra doença que aflige a sociedade moderna que é o tal "poder da mente", o tal "pensamento positivo", essa ideia mágica e infantilizada de que basta botar uma ideia na cabeça e você vai ter sucesso, ser feliz e, de quebra, ficar podre de rico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para a maioria das pessoas que vivem presas à <i>matrix</i>, isso já ganhou força de lei.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E quem não anda por aí se fazendo de bem resolvido, quem tem a honestidade de se expor como realmente é: um ser pensante que tem mais dúvidas que certezas, que se permite momentos de introspecção e melancolia - por que não?; é visto como um derrotado, uma influência ruim gerando campos de energias "negativas". Um leproso energético espalhando sua doença por aí.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pessoas "bem sucedidas" não têm dúvidas: estão SEMPRE certas! E, se porventura alguma sombra de dúvida arrisca anuviar o horizonte, ela é escorraçada com fórmulas mágicas, distrações e sorrisos forçados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como se não bastasse o hipnotismo da mídia, as pessoas andam se auto hipnotizando por aí, como se parar na frente do espelho e repetir "Eu sou feliz! Eu me basto!" fosse a a chave do paraíso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nada poderia estar mais longe da verdade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A "chave do paraíso" - se é que existe tal coisa; é enfrentar os próprios demônios, permitir-se descer aos confins do inferno com a confiança de saber encontrar por sua própria conta e risco o caminho de volta; e renascer das próprias cinzas. É se tornar o "leproso" de quem os pseudo-bem-sucedidos fogem como o diabo da cruz. É se submeter ao isolamento, condição essencial para começar o processo de busca que leva ao discernimento entre o que é de fato a nossa natureza, o que nos foi impresso pelo ambiente em que crescemos e com quem convivemos, e quem sentimos que devemos ou queremos ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Isso requer mais coragem do que levantar de manhã, pintar a cara, plantar um sorriso na frente do espelho e sair pra rua vender o próprio peixe. E dá-lhe batom pra tanto sorriso e creme pra tanta ruga de sorriso artificial. (Cá entre nós, fico com as minhas rugas, porque quando eu rio, eu rio com a alma, com todo o corpo e o coração e quero mais é me olhar no espelho e ver essas rugas todas: cada uma delas é a marca de uma grande emoção por que eu passei).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque é lá, sozinho no deserto de brasas, sem NINGUÉM para ajudar, que você vai conhecer a medida e a extensão da sua força; sua fibra, sua vontade de viver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Lá, no calor desse deserto, você encontra a verdade. A SUA verdade, que é única e não interessa a ninguém mais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E é lá que você ou transcende ou se perde de vez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque o deserto de brasas não é para os desesperados, nem para os fracos de coração.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É a provação do guerreiro: porque é lá, onde toda a esperança fenece que a gente vai buscar lá no fundo da própria alma a sementinha da criação, que não é maior do que um ínfimo grão de areia, e no começo mal dá para iluminar a palma da mão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O primeiro momento é desolador: então é isso? Isso é TUDO que me restou? É tudo que existe em mim?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É tudo: o universo inteiro cabe num grão de areia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E nesse momento, nesse próprio pensamento, descobrimos que o NOSSO UNIVERSO INTEIRO está contido naquele ínfimo grão de areia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É quando se começa a sentir o calor nas palmas das mãos e se sabe que neste calor está a cura, porque o grão de areia se expande e contrai com as batidas do nosso coração.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em algum tempo, ele mais parece uma pérola. Ainda é pequeno, mas apresenta uma forma mais ou menos definida. Podemos pegá-lo entre os dedos, manipulá-lo, observar seus contornos, a luz que cintila. A luz da Paz interior, da certeza de que essa pequena pérola que é todo o nosso universo é tudo de que precisamos para começar a caminhada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É quando entendemos (finalmente!), a dimensão da nossa imortalidade: pois nosso ego morreu, acabou, jaz no chão como um monte de farrapos que já não nos serve mais. E ainda assim, estamos vivos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando todos esperam que sigamos nos debatendo em dor e negatividade; sorrimos com a alma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Falamos de coisas que ninguém entende.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vemos dimensões no mundo como poucos (privilegiados) conseguem ver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E parecemos loucos aos olhos deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Logo nos cobrarão "coerência", "equilíbrio", "sensatez"... RESISTA! Tudo que estão pedindo é que você volte a ser aquele monte de farrapos, porque sua Luz incomoda: os faz cientes dos próprios farrapos - melhor mantê-lo na zona de conforto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tenha paciência: eles só estão evitando a dor. Mais cedo ou mais tarde, ela virá, porque vem para todos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tenha compaixão: nem todos estarão dispostos a pagar o (alto) preço do crescimento. A maioria ainda assim seguirá presa aos velhos padrões, acrescentando novos farrapos para cobrir as partes que ficarem expostas. Podemos lhes apontar o caminho da Luz, mas não podemos percorrê-lo por eles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Seja flexível: você não pode se furtar à convivência com nível menos elevado de vibração. Elas são a maioria, então melhor é aceitar o fato e se adaptar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Evite a crítica: só porque você descobriu a SUA verdade, não quer dizer que ela se aplique a ninguém mais. Ela é sua, e cada um tem livre-arbítrio para descobrir a própria verdade do jeito que melhor lhe convier. Se a sua verdade o levou ao veganismo, não critique quem come carne. Se a sua verdade o levou ao Budismo, não critique quem não segue o Caminho do Meio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ter vencido sua provação e alcançado sua própria Luz não faz de você uma pessoa melhor do que os outros; apenas uma pessoa melhor para você mesmo e PARA os outros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esta é a MINHA verdade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É o que aprendi e sigo aprendendo a duras penas desde que a carta da Torre desceu sobre a minha vida pulverizando todas as certezas, hábitos, ilusões e acomodações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda não estou livre de recaídas, mas sigo andando.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Comecei me arrastando sobre um braseiro, agora já caminho em meus próprios pés.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao longo desse percurso me deparei com inúmeras miragens: distrações, soluções fáceis, ilusões de conforto que só serviram para aumentar a dor e o desespero.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estou aprendendo a identificá-las no ato. Vejo as montanhas ainda ao longe, e é para lá que vou. Para o alto daquela que me chama e que eu sei que é onde mereço e devo estar, porque é lá que encontrarei a minha plenitude: quem eu melhor sou, o que de melhor eu sei fazer, minha razão de viver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, ainda piso em brasas; mas meus pés já quase não sentem mais sequer o calor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por estranho que pareça: está valendo cada minuto, e sou grata à vida por ter me colocado aqui; porque o que estou ganhando é muito, mas infinitamente mais gratificante que um sorriso de batom na frente do espelho seguido de um dia de expectativas frustradas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Espero por nada: eu é que faço o meu destino. O carrego nas mãos, no calor do grão de areia que orbita e cresce ao meu redor, segundo a minha vontade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estou viva, e meu aprendizado faz de mim uma curadora de almas num tempo que nega o espírito e cultua a matéria, o imediato, o superficial.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este é o meu caminho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora vá buscar o seu. Não posso mostrar o caminho, mas estarei aqui torcendo e ajudando no que puder.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">NAMASTÊ!</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-57425593251826913342014-04-26T11:38:00.000-03:002014-04-26T11:38:39.020-03:00O TAL DO "PENSAMENTO POSITIVO"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZhdNeL2bicUG05P4SEbe31n0Ks4j7merJFoy-H4KcA0mpJWuj1eIvbdtIY-5MFjJQkyJEVM-Hiycm3rcUdokPTGoRGKjrE2SZiFBOkV26nXEVA2FttUGBJrT49O98FsHr5FXMvNQM0NU/s1600/morocco-portugal-spain-240.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZhdNeL2bicUG05P4SEbe31n0Ks4j7merJFoy-H4KcA0mpJWuj1eIvbdtIY-5MFjJQkyJEVM-Hiycm3rcUdokPTGoRGKjrE2SZiFBOkV26nXEVA2FttUGBJrT49O98FsHr5FXMvNQM0NU/s1600/morocco-portugal-spain-240.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Pense posivito e o universo responderá."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este é o mantra da atualidade. A ponto de virar obrigação, e se algo ruim acontece, é sua culpa: você não "mentalizou" de forma suficientemente positiva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Dicas" para ser mais positivo e alcançar o "sucesso" seja em que área for, vêm rendendo milhões à indústria da informação e alguns poucos "facilitadores" de plantão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E, no centro desse bombardeio, estamos nós, meros mortais. Seres falíveis, sujeitos a inseguranças, medos, dúvidas e crises de toda a sorte; angustiados em focar em tudo que move, tudo que muda, tudo que é transitório; presos à ilusão de que projetando pensamentos e energias "positivos" seremos capazes de manipular esses movimentos para que atendam aos nossos anseios. Envolvidos no malabarismo diário de manter no ar todas essas bolas enquanto a vida nos carrega vertiginosamente por rios e montanhas, prestamos mais atenção aos movimentos caóticos de nossas mãos do que ao fantástico cenário a renovar-se constantemente ao nosso redor. E nisso, a cada dia, perdemos mais um pouco da perspectiva sobre nossas próprias vidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É muito difícil ser "feliz" e "positivo" quando se vive angustiado tentando controlar pessoas e circunstâncias ao nosso redor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda mais porque sabemos, lá dentro, lá no fundo; que não temos esse poder. Mas nos falta paciência para esperar que o tempo aja por si: queremos precipitar as coisas, porque a nossa criança está fazendo a maior gritaria dentro de nós. Nossa criança quer. E quer para si, mesmo que isso implique em privar os outros. Nossa criança não se importa com mais ninguém: só ela existe em todo o universo. Logo, o universo TEM QUE DIZER SIM. SEMPRE.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Pense positivo e o universo responderá" é uma fórmula que SÓ FUNCIONA se o seu pensamento está alinhado com o propósito do universo. E aqui, a má notícia: o propósito do universo não é satisfazer suas vontades, vaidades e pulsões.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O universo tem propósitos próprios e não está nem aí para nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tampouco deuses, anjos, santos ou entidades estão aí para atender nossos caprichos, então, pode "pensar positivo" o quanto você quiser: o universo, seu deus, seus anjos, santos ou entidades seguirão de ouvidos moucos:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto seu "pensar positivo" seguir sendo a projeção da sua vontade sobre coisas, pessoas ou circunstâncias, você vai seguir vivendo às escuras, envolto no véu da ilusão; sofrendo e se angustiando porque as coisas "não saíram como eu queria".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse "pensamento positivo" que lhe venderam é o pensamento mágico, a ilusão de poder que um bebê que sofre quando privado do seio materno exerce sobre o ambiente. Esse "pense positivo e o universo responderá", na verdade empurra você para uma posição de impotência, de fraqueza: você vai lá, mentaliza, energiza, bota toda a sua vontade nisso ou naquilo e... nada! Daí se frustra, se angustia, se deprime e enfraquece mais ainda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A gente só assume o controle sobre a própria vida quando entende que o único controle que realmente exercemos é a forma como reagimos a esta ou aquela coisa, pessoa ou circunstância.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não existem fórmulas mágicas para se viver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Infelizmente, é difícil alcançar esse entendimento sem dor, sem perda - na verdade sem uma grande perda -, sem frustração, sem chegar ao fundo do poço.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque é lá, no fundo do poço, quando toda a Luz parece ter lhe abandonado e toda a esperança e propósito se esvaem; que você se vê como realmente é: uma jornada única, solitária por definição, pois os maiores eventos da sua existência (nascimento, iluminação e morte) só podem ser experimentados na solidão. Nem seus pensamentos podem ser compartilhados. Alguns conceitos e ideias, sim; mas esse fluxo constante que nos absorve diariamente e único e solitário por natureza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E essa solidão não pode ser preenchida por coisa alguma, pessoa alguma, evento ou circunstância alguma. Só você pode preenchê-la com aceitação, compaixão e amor a si mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Pensar positivo" não tirou nem NUNCA VAI TIRAR ninguém do fundo do poço: essa é uma força que só emerge dentro de nós quando já estamos no processo de subida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Abrir mão do controle, restringir toda a ação, toda a palavra ao absolutamente necessário. Essa é a lição a ser aprendida no fundo do poço. Um pouco de distração é bom, mas uma alma ferida não se cura no turbilhão do mundo: só piora. Porque o turbiilhão do mundo é a fogueira das vaidades e das vontades; é a Roda de Samsara, o reino do ego.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E, acredite em mim e em todas as religiões realmente espiritualizadas: o ego não é o melhor amigo da alma, porque ele está mais identificado com a criança e seus quereres e inquietações com tudo que se move e é transitório, do que com o que está calmo ao seu redor, que é do que a alma se ocupa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma alma se cura na calma e no silêncio. É por isso que toda a religião espiritualizada aconselha o recolhimento, aconselha a introspecção; a olhar para dentro pesando e analisando os próprios anseios à luz das nossas crenças e convicções. E nessa análise, reavaliar a ambos com a mesma frieza de um cirurgião. É quando a gente descobre que andava baseando a própria vida em modelos que não nos servem bem, por mais que (aparentemente) sirvam a todos ao nosso redor. Igualmente, concluímos que muitos dos anseios que tanto nos afligem têm bases frágeis, quando não questionáveis: e encontramos satisfação maior em abrir mão deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não tenha medo de fazer essa análise. E, se no processo, descobrir que vinha deixando de lado tudo aquilo que realmente importava para você; reverta essa roda. Sobre isso, você tem controle.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse é TODO o controle que você tem na vida: o COMO VIVÊ-LA.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Você não controla o "com quem", o "quando", o "quanto"... mas você tem pleno controle sobre o onde - será que está vivendo no lugar onde se sente melhor?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Você tem controle sobre suas ações, sobre as coisas que faz para prover seu sustento - será que está na profissão certa para você?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Você tem controle sobre suas escolhas, sobre o que priorizar na vida; mesmo que isso implique contrariar a todos ao seu redor. Até porque, cabe a você e só a você escolher como é que vai lidar com essas reações, o quanto vai permitir que interfiram no curso que traçou para si mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando começar a formular essas perguntas, você vai começar a sentir que está se mexendo, levantando e erguendo os braços para começar a subida. A cada resposta, vencerá alguns centímetros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E não se assuste se cair de volta mesmo depois de ter subido alguns metros. Não se recrimine: somos humanos. Não precisamos nem podemos acertar sempre. Se cair, dê-se um abraço, um chamego. Encontre conforto lembrando que a cada lição aprendida, um erro não voltará a ser cometido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E confie. Acima de tudo, confie. Seja honesto consigo mesmo, e confie.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quanto mais honesto você for, quanto mais sincero for o propósito que colocar cada vez que, agarrado às paredes lisas do poço e tremendo de medo de cair, você ousar soltar uma das mãos para alcançar um pouco mais acima arriscando perder o equilíbrio precário que a tanto custo conquistou; mais o universo o apoiará para que avance.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Pensar positivo", mais que projetar sua vontade de forma infantilizada sobre o mundo, é resgatar de dentro de si a própria verdade e projetá-la sobre sua vida, efetuando as mudanças de que necessita e sobre as quais tem poder de decisão e mudança.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">NAMASTÊ!</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-48080115402476768242014-02-07T22:09:00.005-02:002014-02-07T22:11:29.515-02:00LEMBRANÇA INVENTADA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglNW8tw45imXK4Iae-3odpLFvIeCsZNecybxxZ2bgW1I-x7s-K2lZI9V_Nxei14Bu37Z8t4HLkOtMnTkdNtFn4ZNgNe7nUiAqDG2ubEL7Pbvc3T6pU1wqCfFokUcyHyaxzVyuO6_UG6Vs/s1600/old-hands.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglNW8tw45imXK4Iae-3odpLFvIeCsZNecybxxZ2bgW1I-x7s-K2lZI9V_Nxei14Bu37Z8t4HLkOtMnTkdNtFn4ZNgNe7nUiAqDG2ubEL7Pbvc3T6pU1wqCfFokUcyHyaxzVyuO6_UG6Vs/s1600/old-hands.jpg" height="320" width="314" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">SE ME ALEMBRO BEM...</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Era a
senha.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As mãos
trêmulas, de dedos nodosos e enrugados tateavam incertas os bibelôs
na cristaleira, perfilados como recrutas diante da bandeira a
tremular nos embaçados olhos descoloridos.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com um
suspiro, nos resignávamos, tamborilando dedos, rolando os olhos e
distraindo os ouvidos com qualquer som que viesse de fora da janela.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alheias
à nossa falta de respeito, as pupilas cintilavam ao encontrar o
objeto da súbita erupção mnemônica. A pele amarelada e áspera se
fazia aveludada percorrendo carinhosamente cada minúcia do
intrincado crochê enfeitado com miríades de miçangas coloridas.</span></span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Cada
lembrança ele guardava assim. E a cada invocação, perdia-nos em
devaneios acrescentando pontos e firulas.</span></span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com o
passar dos anos, os pequenos bibelôs se tornaram irreconhecíveis; e
a coleção tão extensa, tão complexa, que ao buscarmos em nossas
próprias lembranças não os associávamos mais.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Descuidamos dos sinais: o tatear incerto se fez trôpego, os nomes que se confundiam, as miçangas e crochês trocando de tempo e
lugar.</span></span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E as
pupilas baças... Ah, antes tivéssemos reparado! Mas não, mais
preocupados em seguir os ponteiros do relógio do que as filigranas da sua narrativa, deixamos de reparar em como voltavam-se cada vez mais para
dentro; e no quanto lhes custava retornar.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ocupados
em adornar nossos próprios bibelôs, nem reparamos quando os crochês e as miçangas desapareceram.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span lang="pt-BR">Então foram-se os bibelôs, e ele</span><span lang="pt-BR"> calou. </span>
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje os olhos
baços contemplam a cristaleira vazia, e é só.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não nos dirige palavra nem olhar: nos ignora.</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Partiu com seus bibelôs enfeitados para
além do reconhecimento.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="western" lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">(foto: "Old Hands", por <a href="http://www.flickr.com/photos/algo/" target="_blank">Alex Algo</a>)</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7451631354202141028.post-28807102233464059422014-02-07T10:41:00.000-02:002014-02-07T10:41:03.690-02:00PRA LER E PENSAR<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhovI0U7SJ4KDOpoWiZ84AK28ZfGjcosc4z0kklE9DIUN4LsGG1kkzi2PN8KerLFzjXH8pqoIBCppsDviI2YJX0-1Umdwhj4YzCPRmvDyLQMg0UBhfMZKBN8DQlb-m7ljWqP78Ws5CzXFY/s1600/Stop-homofobia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhovI0U7SJ4KDOpoWiZ84AK28ZfGjcosc4z0kklE9DIUN4LsGG1kkzi2PN8KerLFzjXH8pqoIBCppsDviI2YJX0-1Umdwhj4YzCPRmvDyLQMg0UBhfMZKBN8DQlb-m7ljWqP78Ws5CzXFY/s1600/Stop-homofobia.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Abertura oficial das Olimpíadas de Inverno de Sochi, "as piores de todos os tempos" já antes mesmo de começar. Até aí tudo bem: as de Londres em 2012 já levaram o caneco, juntamente com Pequim (2008) e Atenas (2004). É que falar mal das coisas parece dar um IBOPE danado hoje em dia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas a crítica à Sochi 2014 vem aditivada desde que a Rússia, ao publicar uma lei visando proteger suas crianças da sexualização precoce promovida pela (falta) de cultura disseminada pela mídia de massas, foi declarada inimiga mundial dos gays.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Intrigado com o fato, o repórter independente norte-americano Brian M. Heiss fez o que NINGUÉM na grande mídia, ou do público em geral, se deu ao trabalho de fazer: arregaçou as mangas e tratou de investigar. (<a href="http://static.prisonplanet.com/p/images/february2014/white_paper.pdf" style="font-weight: bold;" target="_blank">Aqui</a> a íntegra do documento.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao invés de uma matéria, acabou escrevendo uma tese, que pode ser lida em sua íntegra (em inglês) aqui. São 73 páginas de bom jornalismo, aquele que mostra os fatos e estabelece comparações sem induzir nossas conclusões; mais 56 páginas de documentos legais - entre eles a Lei Federal "A Proteção das Crianças de Informação Danosa à sua Saúde e Desenvolvimento" aprovada em 24 de dezembro de 2010 sem que nenhum veículo da mídia internacional sequer fizesse menção - o furor só emergiu depois da Rússia punir algumas empresas dando a entender que a lei era mesmo pra valer.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu li a matéria e recomendo a todos que têm um cérebro e estão habituados a usar. Leituras como essa servem de antídoto para a doutrinação maçiça a que somos submetidos 24 horas por dia; revelando o princípio sórdido do lucro pelo lucro como imperativo universal de uma sociedade que não poderia se importar menos com suas próprias crianças, seu próprio futuro.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Resumidamente, a análise de Heiss indica que:</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A histeria focou na expressão "proteger as crianças da propaganda de relações sexuais não tradicionais". Como se só as relações homossexuais fossem "relações sexuais não tradicionais".</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De fato, se alguém neste mar de desinformação se desse ao trabalho de investigar antes de abrir a boca, iria descobrir que na Rússia o direito PESSOAL à opção sexual é garantido POR LEI desde 1993 - ela segue sendo CRIME em 12 estados norte-americanos.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tampouco lá a opção sexual serve de base para a demissão - o mesmo não se pode dizer dos bastiões da democracia. Aliás, estatisticamente, os gays sofrem mais agressões e crimes de ódio nos Estados Unidos da América do que na Rússia.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se é assim, então porque todo esse furor?</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Simplesmente porque o alvo dessa lei são as grandes corporações, com seus produtos e propaganda que imbecilizam e sexualizam precocemente nossas crianças. É uma lei que foca no SHOW BUSINESS: </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Esta lei, falando francamente, é mais endereçada ao show business. A lei se dirige à mídia de massa e ao show business. Esta é uma das leis no complexo de medidas que estão sendo tomadas no campo do show business.", afirma o deputado Alexei Mitrofanov.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por quê?</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque na Rússia o entretenimento é um mercado de 178 BILHÕES de dólares. São 1,2 bilhões de dólares só na venda de ingressos para o cinema, e mais de 10 bilhões de dólares em publicidade (dados de 2012). E a distribuição de videogames segue um ritmo de crescimento médio de 11% ao ano, devendo chegar a 1,8 bilhões em 2017.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se o "show" da Beyoncé no Grammy tivesse acontecido na Rússia, a gravadora e os promotores do evento pagariam multas pesadas e a cantora, além da multa, ainda prestaria serviços comunitários por duas semanas.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E isso não interessa às grandes corporações, que "coincidentemente" controlam todas as gigantescas redes internacionais de notícias. Ainda mais num momento de estagnação, quando não de retração, de seus mercados tradicionais. Os únicos mercados em expansão somos nós, os emergentes.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que concluo de tudo isso?</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Precisamos <b>acordar </b>para o fato de que nosso bem-estar não é do interesse das grandes corporações. Que qualquer iniciativa para proteger princípios, ética e valores locais, ou que simplesmente interfira nos interesses econômicos das grandes corporações; será combatida com ferrenhas campanhas difamatórias de anti-propaganda, insuflando "manifestações" que nada mais são do que eventos midiáticos orquestrados para gerar imagens emocionalmente impactantes para bloquear de antemão qualquer tentativa de argumentação racional. Quem assistiu ao filme sobre a Hannah Arendt sabe exatamente do que eu estou falando.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A essa altura do campeonato <b>é imperativo compreender que a máquina do sistema de produção para as massas é um organismo que cresceu tanto em tamanho e complexidade que não comporta sequer uma mínima adaptação às especificidades de povos e culturas. Sua estratégia de sobrevivência é o gigantismo do rolo compressor que equaliza a todos dentro de uma margem pré-definida de gostos e valores.</b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dentro desse sistema de produção em larga escala, pluralidade é sinônimo de prejuízo: mais que diversificar a linha de produção adequando-a a públicos diversificados, o sistema se dedica à erradicação da diversidade, moldando o público ao padrão pré-determinado de seus produtos.</span></div>
Luiza Estrellahttp://www.blogger.com/profile/02036572902691066507noreply@blogger.com0