Ontem ouvi no rádio que uma garota de 14 anos havia sido morta acidentalmente (versão oficial)pelo "namorado" de trinta e tantos anos. Em 2007 outra garota de 14 anos morreu tragicamente aqui em POA ao lado do "namorado" de 30 e tantos anos - nesse caso, até onde eu sei, a polícia acabou indiciando o próprio não lembro se por dolo ou culpa.
Não vou aqui entrar no objeto das investigações: no meu entender, a ocorrência policial se deu já bem antes desses trágicos desfechos, e, pior, com a conivência de pais e familiares que negligenciaram seus deveres de tutela.
Quando se fala em pedofilia, a sociedade imediatamente associa a prática a algo distante, a uma submundo remoto onde pervertidos anônimos satisfazem sua mórbida lascívia comprando favores de crianças menos favorecidas ou esclarecidas. Revolta, indignação, repúdio, asco... são inúmeras as palavras que descrevem a reação das pessoas a essa prática.
No entanto, talvez por esse romantismo que contagia toda a nação, a relação "amorosa" entre um homem maduro e uma menina que mal largou as bonecas é vista com passiva complacência: o "amor" justifica tudo. O "amor" pode tudo.
Mas de que "amor" estamos falando?
Alguém em sã consciência acredita que entre uma criança e um adulto pode haver amor diferente do amor entre pais e filhos, entre avôs e netos, entre tios e sobrinhos? Que uma criança de 14 anos é capaz de corresponder à complexidade psíquica e emocional de uma pessoa adulta?
Não, não estamos falando de "amor": estamos falando de PEDOFILIA.
Estamos falando na conseqüência da sexualização precoce que aflige a esmagadora maioria das crianças - particularmente meninas - no Brasil.
Estamos falando da extirpação de uma etapa essencial ao desenvolvimento emocional do ser humano que traz, como conseqüência a médio-longo prazo a infantilização da sociedade como um todo. Porque o crescimento emocional do ser humano segue uma regra simples e clara: vivência não elaborada se torna latente; e em sendo latente se torna dominante.
Essa infantilização já está nos custando caro social e economicamente.
Portanto, meu recado aos pais de meninos e meninas: PÉ NO FREIO. É preciso, é urgente, que se imponham limites.
Não é fácil, não é cômodo, não é conveniente. É um pé no saco. É briga e discussão depois de um dia estressante no trabalho - particularmente porque a maioria dos pais não pensa assim: acha mais fácil deixar o cavalo guiar a carroça.
Depois choram as abóboras esmagadas pelo chão.
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