1 de mar. de 2013

E DE REPENTE ME BATEU UMA SAUDADE


BOM DIA!!!
 
Só vi os Lençóis lá de cima. É uma área tão extensa, que até visto do alto o intricado tecido das lagoas e córregos cercados de areias brancas causa impressão. Mas é olhando assim, de perto, que a gente percebe a maestria do vento, o Mestre Escultor da natureza.
 
Em escala infinitesimalmente menor, assim eram as dunas da praia do Imbé, quando o Imbé ainda era aquela prainha pra onde ia muito pouca gente porque não tinha "nada pra fazer", além de caminhar e curtir a natureza. Era onde eu passava as tardes de verão explorando e vivendo aventuras fantásticas.
 
Entre as dunas e o mar, havia ainda um banhado por onde corriam as águas doces do Braço Morto com seus dois lagos: um coberto por vegetação onde à noite a gente podia pescar camarão, e o outro ao pé de uma duna alta onde com sorte a gente pesacava um linguado, e que também era palco dos "esportes aquáticos" que costumávamos inventar.
 
As dunas da minha infância foram cobertas por tijolos, argamassa, concreto e jardins gramados. As lagoinhas que lá haviam, foram substituídas por piscinas plásticas. E as crianças que lá veraneiam vivem só as aventuras enlatadas distribuídas em série pelos canais de televisão enquanto os adultos se queixam do calor, do sol, dos mosquitos e da falta do que fazer nos dias de chuva. E se faz sol, toca a apressar todo mundo porque se saírem tarde de casa, não vai ter onde estacionar o carro.
 
Do Braço Morto restam um riachinho mal-cheiroso e um pequeno lago urbanizado. Onde antes só se ouvia o assovio do vento, hoje toca tudo que é cacofonia comercializada como "música".
 
Mas o vento é teimoso e segue tentando trazer de volta à terra as areias do mar. E o Braço Morto vez por outra se revolta inundando as ruas e casas que usurparam seu lugar.
 
A consciência ecológica chegou tarde demais para impedir a destruição do santuário do Imbé, que morreu para mim com as dunas e o Braço Morto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário