13 de jul. de 2013

HÁ PERIGO NA ESQUINA


Tenho observado recentemente e com muita apreensão o recrudescimento das animosidades e provocações nas redes sociais. Enquanto uma boa parte dos internautas se alterna entre suspirar, reclamar, ignorar, bloquear ou mesmo evitar o acesso às redes sociais para não se incomodar, outra boa parte vem se digladiando e trocando insultos e acusações num lamentável espetáculo de crescente virulência.

Isso vem fazendo particularmente do Twitter e do Facebook territórios bastante hostis quando não estressantes; quando o propósito é justamente o contrário.

Não digo que devamos sair por aí jogando confete e cantando marchinhas de carnaval como se nada tivesse acontecendo, até porque vivemos um momento extremamente delicado na vida cívica deste país, pois todas as instituições estão em cheque: executivo, legislativo, judiciário, mídia e órgãos representativos de classe que são os pilares em que se assenta constitucionalmente nossa república são alvo não mais de mera desconfiança, mas de aberta hostilidade.

Mas muito, muito mais do que gritar, xingar e espernear; precisamos refletir.

E, acima de tudo, deixar de lado as disputas sobre qual cartilha ideológica é a "melhor" e nos unirmos por uma causa maior que é o nosso país, que apenas por brevíssimos momentos na História pareceu saber quem era e para onde pretendia ir.

Temos a chance histórica de mostrar a cara do Brasil e erguer finalmente uma nação, mas a estamos desperdiçando num bate-boca inflamado que não vai nos levar a lugar algum.

Honestamente, não me importa se você é de "direita" de "esquerda" ou de lado nenhum. Já vivi o suficiente para saber que quando a gente senta e conversa civilizadamente, olho no olho, com pessoas e como pessoas, acaba encontrando vários pontos em comum.

A quem serve nossa desunião? Que interesses estão se beneficiando deste momento de confusão generalizada?

Enquanto o país inteiro critica os políticos, está ocorrendo um aumento generalizado nos preços dos produtos que consumimos diariamente. Há desabastecimento? As fábricas estão fechadas? A economia do país parou?

Não. Todo mundo segue produzindo e consumindo como sempre; mas enquanto nos ocupamos em culpar os políticos por tudo de errado que há neste mundo (sim, eles têm de fato muita culpa no cartório e merecem toda a execração pública de que são alvo); os donos dos supermercados, das bombas de combustível, prestadores de serviços e os bancos estão aproveitando para lucrar um pouquinho mais.

Por quê o litro de leite a mais de dois Reais? Por acaso as vacas enfiaram máscaras do Guy Fawkes e se declararam em greve por tempo indeterminado?

Como é que o valor das mesmas compras que eu faço toda a semana há anos de repente saltou mais de 40%? É a volta da inflação?

Se fosse, os juros dos bancos também teriam disparado, porque se há alguém neste país bem atento ao valor do dinheiro, esse alguém é um banqueiro. Mas não: as taxas de juros subiram 0,5%.

E ninguém reclama.

De quê adiantam menos 20 centavos na passagem de ônibus, se estamos pagando mais 150 Reais na conta semanal do supermercado? Se a hora do estacionamento na área central subiu em média 20% nas últimas semanas?

Adiantam para os donos dos supermercados, dos estacionamentos, dos postos de gasolina e por aí a fora; porque a insatisfação já está condicionada a culpar a política e os governos por tudo que acontece de errado, como se se tratassem de entidades estranhas à própria sociedade; quando na verdade nada mais são do que um espelho apontado para nossas caras sobre tudo que há de errado no dia-a-dia em nossas vidas privadas.

Estou falando de supermercados, bombas de gasolina, estacionamentos e etc para dar um exemplo de como as raposas sabem se aproveitar sempre que o galinheiro pega fogo.

E estamos agindo como as galinhas: correndo e gritando para todos os lados sem noção, sem razão, sem rumo e sem direção; batendo asas e nos bicando enquanto as raposas fogem com nossos pintos e pisoteiam nossos ovos.

O momento é sério.

Digo mais: gravíssimo. Porque ao mesmo tempo que desconfiamos como sociedade de tudo que está estabelecido na política, estamos por demais polarizados para apresentar novos nomes e alternativas com um mínimo de consenso mesmo dentro das mesmas correntes ideológicas.

Não estamos dialogando, mas trocando ofensas como torcidas de futebol enquanto os jogadores, satisfeitos com o empate, ficam no campo fazendo corpo mole e esperando pra ver se o juiz apita o final da partida ou chama a polícia para separar as torcidas.

(a ser continuado)

Um comentário:

  1. Luiza querida irmã, amiga..Endosso suas palavras tão bem sentidas e profundamente LÚCIDAS! Creio que é mais que HORA de uma PARADA Obrigatória para REFLETIR e Reciclar a ALMA.
    Tenho presenciado o mesmo, observado , sentido..e manifesto o MESMO! O que me espanta é que exite um SILÊNCIO maior que o "esperado", justo neste SENTIR..Mas, enfim, façamos o melhor que pudermos SEMPRE, e sigamos a escrever também.Jamais omissão!Silêncio e ocultações, NÃO adiantam!

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