30 de abr. de 2008

SOBRE PORCOS



PORCO É BURRO
. Mentira. Seu intelecto é comparável ao dos golfinhos, elefantes e primatas superiores, um degrau acima do cachorro.


Numa experiência em laboratório, que consistia em reconhecer certa imagem na tela de um computador e reagir de acordo, o porco aprendeu em 15 minutos. Um chimpanzé levou um mês, e um cachorro 1 ano e ainda assim precisava da ajuda de seu treinador a cada vez. Além disso, são perfeitamente capazes de usar o computador para regular as condições ambientais de seus currais (iluminaçãoi, limpeza, água, comida).


Também na sociabilidade, que é outro critério usado para determinar o grau de inteligência, os porcos apresentam notável desempenho. Por natureza, eles se dividem em pequenos grupos liderados por uma fêmea. A hierarquia é linear, da líder ao ômega cada indivíduo ocupa um espaço e não há sobreposição de papéis.


Numa ninhada, a hierarquia é estabelecida já no primeiro dia de vida: ao contrário de outros mamíferos, a porca não ajuda o leitão a livrar-se da placenta e sustentar-se nas próprias pernas.


Leitões já nascem com todos os sentidos plenamente desenvolvidos e usam o olfato para localizar a teta mais pujante. Usando seus afiados dentinhos (que mais parecem agulhas) os irmãos disputam as melhores tetas. É uma luta rápida e definitiva: as posições estabelecidas naquele momento serão respeitadas por todo o período do aleitamento – e, provavelmente pelo resto de suas vidas -, o que evita que tal disputa se repita ameaçando a integridade da nova geração. Para provar isso, cientistas numeraram os porquinhos enquanto mamavam, depois retiraram e embaralharam a turma. Tão logo foram liberados, os porquinhos correram a se reagrupar mantendo a ordem original. Isso se aconteceu sempre que a experiência foi repetida.


Um porco é capaz de identificar até cerca de 30 indivíduos (incluindo humanos). Uma vara não excede esse número. Em cativeiro, quando submetidos a grupos superiores a 30, alguns porcos entram em parafuso e começam a agir como humanos, formando gangues que disputam espaço entre si.


Aliás, por falar em humanos, em 1914 o psicólogo Robert Yerkes da Universidade de Yale testou comparativamente os padrões de memorização de várias espécies, incluindo porcos e humanos. Os porcos levaram vantagem, excedendo mesmo alguns voluntários humanos – imagine se porcos tivessem polegares opositores!


Outro critério usado para estimar o grau de inteligência é a disposição para brincar. Porco adora brincar, do mais jovem ao mais velho e ranzinza da vara. São capazes de passar horas correndo de um lado para o outro com os focinhos colados ao chão por pura diversão. Adoram jogar bola: para isso, empurram objetos com o focinho e até aprendem a andar de balanço.


Por falar em focinhos, o nariz do porco só não desempenha tantas funções como a tromba do elefante por ser anatomicamente limitado. De resto, é pelo nariz que o porco interpreta o mundo, é pelo toque de nariz que manifesta afeto e mostra reconhecer um amigo e manipular objetos ao seu redor.


Seu olfato é tão desenvolvido, que farejam os predadores a 1km de distância, e são capazes de localizar com precisão objetos enterrados a 30cm de profundidade.


Mestres da fuga:


McQueen. Ele também podia ter sido chamado Houdini: sentindo a proximidade da horripilante execução, o jovem suíno escalou o muro de 1,80m do abatedouro e só foi capturado dias depois. Adotado por um fazendeiro sensibilizado, passou a ostentar o apelido de McQueen, em homenagem ao ator do filme A Grande Fuga.


Pig311. Saltou de um navio nas proximidades das Ilhas Marshall, nadando até a praia e passando o resto dos dias no zôo de Washington. A porca era estéril, provavelmente como conseqüência de uma breve passagem pelo atol de Bikini durante sua epopéia.


PORCO É... PORCO. Mentira. Porco odeia sujeira. Eles são por natureza muito asseados e preparam cuidadosamente os ninhos para dormir. Por serem desprovidos de glândulas sudoríferas, recorrem a banhos de lama (quando não há disponibilidade de água limpa e fresca) para aliviar o calor: porcos têm baixa tolerância a temperaturas superiores a 25°C. A lama também serve para livrá-los de parasitas causadores de doenças e odores cutãneos.


Na hora do cocô, porcos também se mostram superiores a cachorros e cavalos: em estado natural, a vara tem locais demarcados como latrinas e é para lá que desde pequeninos os porcos se dirigem para ler o jornal.


ESPÍRITO DE PORCO. Mentira. A criação e cuidados dos filhotes são compartilhados por todas as fêmeas do grupo: todas são igualmente ternas e responsáveis com os leitõezinhos (que é mais do que se pode dizer dos humanos).


Porco odeia brigar. Para isso, desenvolvem truques na hora de competir pela comida. Alguns mantêm esconderijos para onde se dirigem quando ninguém está olhando. Talvez daí tenha se originado a expressão “espírito de porco”.


Porcos também são capazes de heroísmo:


Priscilla. No Texas, uma mãe e seu filho desfrutavam a tarde ensolarada refrescando-se num lago. Inadvertidamente, o garoto afastou-se muito da margem e começou a entrar em pânico.


Quem correu em socorro foi a porca Priscilla, animal de estimação da família, nadando rapidamente até o local onde se achava o apavorado garoto e rebocando-o de volta à margem com segurança.


OUTROS FATOS


A anatomia de um porco pode mudar dentro de um ciclo de vida (ou seja, no mesmo indivíduo durante sua existência) se ele subitamente se vir transportado do ambiente doméstico de uma fazenda para o estado selvagem. Se o porco ainda for jovem, seu crânio desenvolverá um maxilar inferior e grandes caninos iguais aos dos javalis. Também pelos grosso irão surgir por todo o corpo, as patas se alongarão e o peito ficará mais largo que os quadris.


O stress afeta a capacidade de aprendizado dos porcos. Se desmamados precocemente, leitões desenvolvem sintomas de stress, tremendo convulsivamente e mostrando-se temerosos e propensos a crises de pânico. Para provar isso, cientistas pegaram dois leitões, um desmamado naturalmente e outro precocemente e os introduziram em uma piscina de mais ou menos 80cm de profundidade dotada de uma rampa de saída. O leitãozinho desmamado naturalmente pareceu surpreso por alguns instantes, então explorou a piscina nadando algumas voltas, localizou a rampa e saiu tranquilamente. Repetido o experimento, não teve dificuldades em localizar a rampa e sair quase imediatamente. Já o leitãozinho desmamado precocemente entrou em pânico ao se ver na água, guinchando, batendo as patas dianteiras e quase se afogando ao tentar desesperadamente alcançar as bordas para sair. Depois de 15 torturantes minutos finalmente localizou a rampa e azulou dali. A experiência repetiu-se ainda outras três vezes com resultados idênticos.


CONFINAMENTO


Depois do que leu acima, imagine nosso Baby, o porquinho trapalhão. Ao atingir entre 2 e 4 semanas de vida, ele é afastado de sua mãe e irmãos. Tem a cauda amputada e os dentes limados e se vê subitamente lançado numa jaula de confinamento com centenas de porcos estranhos num ambiente frio e fétido, desprovido de luz solar e desagradavelmente próximo à latrina. Folhas macias ou palha para confecção do ninho são inexistentes: o piso é de cimento lavado a jatos de desinfetante. Comida há, em abundância, e água, para que engorde rapidamente.


Passados seis meses dessa tortura, ele é engaiolado e transportado aos trambolhões até um lugar frio que cheira a sangue e morte, eletrocutado até ficar atordoado, pendurado pelas patas traseiras e cortado na garganta para sangrar.


Se sobreviver a isso, agonizará na água de escaldar que serve para retirar os pelos e amaciar a carne.

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