Fala-se muito sobre a questão das emissões de dióxido de carbono e em como isso é ruim e tudo o mais. Fala-se tanto, que eu fui dar uma pesquisada na questão das termoelétricas a carvão, já que logicamente por produzirem energia pela queima do carvão representam um duplo vilão nessa história; e acabei tropeçando em algo que me arrepiou os cabelos.
Tá bom, o dióxido de carbono é um filho da mãe e tudo o mais; que os yankees deviam dar um jeito de reduzir as emissões já que levam o troféu nessa corrida, etc etc etc... Pessoalmente, acho difícil que uma economia baseada em 49% na queima de carvão vegetal e que projeta ainda investir nessa forma de geração de energia pelos próximos anos tenha condições de reverter essa realidade de uma hora pra outra.
Simplesmente, não dá – ainda mais porque americano não sabe o que é poupar energia: o consumo médio anual por residência lá é 10.000KWh (no Brasil, só pra comparar é 2.160KWh, ou 4,6 vezes inferior). Portanto, sejamos realistas: vamos conviver com as termos por décadas e mais décadas até que opções sejam viáveis.
Além do mais, até países como a Alemanha, que se dizem tão naturebas estão investindo em novas termoelétricas. Devagar com o andor: os yankees podem ser cínicos, mas não são hipócritas.
Mas o que realmente me assombrou na questão das termoelétricas a carvão foram as emissões de mercúrio.
Acho que não preciso me alongar nos danos que o mercúrio faz à saúde humana, certo? Basta dizer que o mercúrio é um metal pesado. E isso nunca é uma notícia boa pra nossa saúde.
40% das emissões de mercúrio na atmosfera nos EUA são provenientes das usinas termoelétricas a carvão.
Crianças expostas in utero ao mercúrio podem sofrer retardo mental, paralisia cerebral, surdez, cegueira e disartria. Corre nos meios científicos uma discussão acalorada sobre a relação entre a incidência de casos de autismo na proximidade de usinas de carvão. Na Nova Zelândia, um estudo relacionou a contaminação por mercúrio in utero, entre outras coisas, à famigerada Síndrome do Déficit de Atenção.
Adultos sofrem mais com danos sensoriais e motores, além de problemas cardiovasculares, pressão sanguínea e problemas cardíacos. Embora ainda não conclusivos, estudos indicam uma relação entre a redução do sistema imunológico e a suscetibilidade a doenças auto-imunes e a exposição ao mercúrio.
Como se não bastasse a poluição atmosférica, o mercúrio tende a se depositar no solo, contaminando mananciais e, (aí entra meu amado sushi), peixes.
Uma em cada 12 grávidas americanas apresenta altos índices de contaminação por mercúrio, isso são 4,7 milhões de pessoas, e estima-se que 322.000 crianças irão desenvolver alguma anomalia em decorrência dessa exposição. A concentração de mercúrio se eleva proporcionalmente à ingesta de peixe: os niveis de mercúrio eram 4 vezes mais altos em mulheres que haviam ingerido peixe três vezes ou mais no período de um mês, em comparação às que não haviam comido peixe algum.
Em São Francisco uma pesquisa de um em um hospital revelou que 89% dos pacientes que comiam peixe regularmente tinham niveis elevados de mercúrio no sangue.
No Brasil, 11GWh da energia que consumimos são provenientes de termoelétricas. Desde o apagão do Fernando Henrique, tem se investido maçiçamente na construção de novas termoelétricas, em detrimento das geradoras "limpas". Se continuar assim, logo logo estaremos emparelhando com os yankees.
E aí, como é que fica? Sushi só uma vez por mês?!?
(Pra saber mais sobre o mercúrio: http://www.nescaum.org/documents/rpt031104mercury.pdf/)
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