31 de mai. de 2008

PINTURA DE GUERRA


Guarde bem a foto acima. O relógio da extinção começou a contar para essas pessoas e agora, apesar dos esforços da FUNAI, é só questão de tempo até que desapareçam de vez.

Diferentemente do costume, esses índios constroem suas malocas sob o abrigo das altas copas das árvores, numa tentativa de esconder sua presença dos aviões e helicópteros que sobrevoam a área (há uma rodovia a apenas 127 quilômetros dali, e Rio Branco fica a 480 quilômetros de distância). Por outro lado, repare nas pinturas: o vermelho e o preto são indicativos que eles estão preparados para a guerra. E não é por nada que lançam ao alto suas potentes flechadas: eles sabem de nossa existência e do mal que representamos por experiências anteriores e/ou relatos de sobreviventes de outras tribos. A mensagem é clara: DEIXEM-NOS EM PAZ, NÃO QUEREMOS SABER DE VOCÊS.

Não que a FUNAI vá pisar na bola (outra vez): sua política mudou desde os anos 80, em consequência do trauma gerado pelo episódio com a tribo Kranhacarore. Naquele tempo, era de entendimento da FUNAI que sua missão era "civilizar" os índios (um conceito só um pouquinho diferente da "pacificação" do Mal. Rondon); ensinando-lhes as maravilhas e benefícios da civilização ocidental. Poucos anos depois do primeiro "contato", 90% dos Kranhacarore haviam morrido, vitimados por doenças transmitidas pelo homem branco.

Se depender da FUNAI, esses índios vão ficar como estão e onde estão. Mas há um senão: a motivação da descoberta.

Em 8 de dezembro de 2007, o agricultor Domingos Neves foi encontrado morto, crivado de flechas e com um olho arrancado por seus parentes e vizinhos do pequeno Possuelo, um enclave de agricultores no meio da floresta amazônica. Ele fora a terceira vítima de uma misteriosa tribo que atacacou outros dois moradores sem deixar vestígios.

Possuelo começou a ser erguida a apenas 21 km de distância do assentamento indígena e seus habitantes passaram a desmatar para suas plantações, ao mesmo tempo que caçam e pescam para complementar o cardápio. Ao sentirem-se invadidos, os índios deram o alerta. "São 200 índios contra 30 brancos", afirma a FUNAI a certa altura.

Disso entendo que, se quisessem, esses índios podiam ter dizimado toda Possuelo num ataque relâmpago e acabado com o problema de uma vez por todas. É o que os predadores brancos fariam (como fizeram e continuam fazendo, não se engane).

Para evitar essa possibilidade, todos os 30 moradores do vilarejo de Possuelo serão relocados para outra área nos próximos dois meses.

Resta à sociedade, manter vigília constante sobre o avanço criminoso dos madeireiros e outros parasitas da amazônia que como os criminosos que são não hesitam em matar, estuprar, mutilar, embriagar e prostituir indígenas à sua passagem.

Com paciência e atenção, as malocas estão visíveis no Google Earth; assim como o avanço dos posseiros e invasores.

Faça a vigília e grite, grite bem alto ao menor sinal de aproximação: as chances de sobrevivência desses índios são inversamente proporcionais à proximidade de nossa celebrada "civilização". Seu último recurso agora é nosso olhar atento e constante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário