30 de ago. de 2008

PORQUE HOJE É SABADO...

Vamos falar de amenidades (o que é um desafio, já que há 20 minutos as motosserras retomaram sua sanha assassina, agora tendo como alvo minha árvore)... mas enfim...

Imagine ter o poder de dar vida com um clique do mouse. Agora imagine evoluir essa vida do estágio celular a uma forma inteligente e com tecnologia suficiente para explorar o espaço e ampliar suas fronteiras. Isso é o Spore. E não é pra menos que aqui em casa a gente já fez até a pré-venda - o jogo só vai chegar às lojas dia 5 de setembro.

Controle total sobre a forma de suas criaturas, mas também sobre o perfil de sua sociedade: pacífica, artística, capitalista, autoritária, colonialista, etc... Mal posso esperar!

Enquanto 5 de setembro não chega, compartilho alguns vídeos demonstrando os diferentes estágios do jogo:

Começe como uma célula:


Acompanhe e influencie seu desenvolvimento para uma espécie bem-sucedida:


Forme sua primeira comunidade:


Desenvolva uma civilização:


E, finalmente, conquiste o espaço:



Resta saber como os criacionistas (particularmente os fundamentalistas yankees que forçam as escolas de muitos Estados a banir Darwin das salas de aulas) vão reagir. E pensar que Spore, além de divertido pode ser subversivo!

28 de ago. de 2008

TRISTE PORTO ALEGRE


Interessante os "planos" dos candidatos à prefeitura para o bairro aqui (também no ZH Petrópolis de hoje). Convido você a ler e refletir. Não importa se se referem a esse ou aquele bairro, o que importa é o foco.

O que salta aos olhos já na primeira leitura é que dos oito candidatos, seis praticamente restringem seus "planos" à questão da segurança, como se a solução dessa questão (que é muito mais uma questão nacional do que local) fosse a panacéia que nos livrará até de bueiros entupidos e hidrantes quebrados.

Claro, o bairro é de classe média, e a classe média vive com medo de perder um dízimo do que aquinhoou a duras penas ao longo de anos de sacrifício, privações e, porque não dizer, de humilhações no trabalho.

Algum conteúdo, se encontra nas palavras de Fogaça - que fala com a experiência de quem já está no cargo há quase quatro anos -, e Maria do Rosário, que acende uma luzinha de alerta para o que, no meu entender, está na origem de todos os problemas enfrentados pelos moradores não só deste, mas de muitos outros bairros de Porto Alegre: o furor das empreiteiras.

No rastro dessa sanha "modernista" vêem os problemas da insegurança, dos congestionamentos, da obsolescência dos sistemas de fornecimento de água e energia; bem como do saneamento. Não foi antes que se proliferassem os arranha-céus suntuosos da av. Bagé que o roubo de carros e os assaltos se tornaram recorrentes na região. As redes de água, luz e esgotos foram dimensionadas para uma densidade populacional relativamente baixa, e isso durou décadas. Em questão de oito anos, a demanda mais do que triplicou na região. O mesmo se aplica às vias do bairro, usualmente estreitas, sinuosas e precariamente pavimentadas, que funcionam como verdadeiros gargalos forçando a maioria dos motoristas a optarem pelas avenidas asfaltadas que delimitam os contornos do bairro, que para desafogar o fluxo de veículos foram dotadas com um mínimo de cruzamentos e opções de retorno.

Entendo que, do ponto de vista logístico, o crescimento vertical é mais lógico e eficiente - é mais barato empilhar pessoas do que desperdiçar amplas áreas com unidades ineficientes -, mas o resultado mais provável desse crescimento é o caos, se não for precedido de maçiços investimentos na infraestrutura. Isso, pra não mencionar que, como os ratos, nos tornamos extremamente agressivos quando submetidos à situações de superpopulação.

Tradicionalmente, os gestores públicos brasileiros não investem em infra-estrutura. Thompson Flores já afirmava que valia mais construir um viaduto do que mil quilômetros de encanamentos, porque as pessoas não viam os encanamentos. Para o imediatismo de políticos e cidadãos, isso tem sido verdade. Mas não pode continuar assim.

Esta cidade está virando um inferno. Um lugar onde as pessoas se evitam e se tratam como inimigos. Perdemos o sorriso à toa, a amabilidade com o estranho, a paciência de dar a vez a uma pessoa mais velha. Já perdemos o pôr do sol para os arranha-céus, e agora estamos perdendo a civilidade que nossos avós a sangue, suor e lágrimas tentaram construir na esperança de deixarem um mundo melhor a seus descendentes.

AINDA SOBRE OS PLÁTANOS


Muito esclarecedora a explicação da SMAM para não estar mais efetuando a poda da erva de passarinho nas árvores de Porto Alegre (publicada no Jornal Petrópolis, encartado na Zero Hora):

Na década de 90, do total da arborização de Porto Alegre - cerca de 1 milhão de árvores -, aproximadamente 70 mil foram atacadas por erva-de-passarinho, ou seja, esse número de vegetais deveria ser submetido a podas, durante o inverno, para a remoção da erva, tarefa que custaria não menos que R$ 21 milhões (valores atuais) e que certamente seria infrutífera, pois essas mesmas árvores seriam repovoadas ao longo dos anos. Logo, as práticas mais indicadas são a do convívio com a erva-de-passarinho (que tem, como seu próprio nome diz, importância como fornecedora de alimento para a avifauna) e a realização de podas de controle apenas quando há possibilidade de recuperação da árvore, com a gradual substituição das espécies suscetíveis (normalmente exóticas) por outras não atacadas, como já vem sendo feito há pelo menos 10 anos e ocorreu recentemente na região de Petrópolis.

Ah, então tá explicado, hein? Pois é... Mentecapto administrando o Estado como se fosse a iniciativa privada dá nisso! A próxima coisa que vão dizer é que não vale a pena manter postos de saúde, porque as pessoas são tratadas, mas as doenças acabam sempre voltando, e isso gera custo sem perspectiva de retorno - empresa só funciona na perspectiva do retorno, certo?

Olho com tristeza o velho plátano em frente à minha janela. Ele já estava aqui muito antes que os tataravós dessa corja liberal mal-intencionada que acaba de condená-lo à morte.

O que fazer? O que fazer?

Meu grito não encontra eco, pois as pessoas estão preocupadas com a segurança, com os roubos de carros, em se cercar de grades, alarmes e sistemas de monitoramento à distância. E se não estão, é porque já se mudaram pra um imponente arranha-céu, devidamente cercado de grades e guaritas. "Danem-se as árvores, queremos é segurança para nossos carrões e tevês de plasma!!", urra a voz insana do consumo.

E nisso nossas vidas vão ficando sérias, cinzas, tristes e vazias. Ah, mas temos dinheiro. Yes, nós temos bananas.

Pensando bem, meu plátano aqui já viu dias melhores e talvez seja mesmo hora de partir se, ao que parece, sua única função neste mundo é fornecer sombra aos carros flex (sempre pretos, cinzas, brancos ou vermelhos).

27 de ago. de 2008

CENAS DO COTIDIANO

Ana Carla (18) e Paulo (21) discutiam. Ele queria a separação. Furiosa, ela jogou álcool sobre as duas filhas e riscou o fósforo.

Emily morreu queimada aos 3 meses de idade. Evelin, de 1 ano de 4 meses, está internada em estado grave. Foi a que o pai conseguiu salvar.

Pergunto agora aos fundamentalistas de todas as cores e bandeiras: se Deus é tão onipotente como propagandeiam, se ele de fato determina nossos destinos e guia a humanidade; não terá sido também sob sua influência que o homem desenvolveu os anticoncepcionais?

Não me passa pela cabeça a idéia de que Deus num lapso do mais profundo e absoluto sadismo, traçasse para as inocentes irmãs um destino tão trágico e doloroso. Certamente que não: em sua bondade infinita, Deuis preferiria que inocentes como elas permanecessem como anjos em sua companhia, sem sequer serem tocadas pelas agruras deste mundo bestial.

"Crescei e multiplicai-vos", disse Deus a certa altura. Bem, éramos pouco mais que alguns milhões. Depois que ultrapassamos a casa dos bilhões, parece lógico que o próprio Deus concluísse que tendo garantida a perpetuação da espécie, era chegada a hora de garantir que esse crescimento não se tornasse uma meta suicida. E assim Ele o fez, iluminando alguns seres humanos para que desenvolvessem métodos de prevenir tal catástrofe.

Mas aí vieram ascetas de todas as partes, gente tacanha, obtusa e autoritária dizer que não, que o controle da natalidade é um pecado contra a própria Vontade Divina.

PFFFF!!!

Cada imbecil deste planeta que se acha no direito de julgar, de controlar e manipular a existência alheia é co-autor dessa e de outras tantas barbaridades que ocorrem todo o dia. Tudo que eu peço é um lugar pra assistir de carteirinha o que Deus terá a dizer a essa laia. Aí sim, vou lavar a alma.

QUEM AMOU ROSE?



Nos cinco anos que viveu, Rose aprendeu muitas coisas. Antes mesmo de aprender o bê-a-bá, aprendeu que o amor é relativo, que pais podem ser carrascos, que a vida, sim, pode ser injusta, miserável, infeliz.

Tudo começou na França, quando Rose ainda era um bebê, e sua mãe começou um caso com o sogro. Ao descobrir, o pai pediu o divórcio e levou a filha consigo para Paris. A mãe e o avô se mudaram para Israel onde tiveram dois filhos.

Em abril de 2007, Rose foi hospitalizada depois de ser duramente espancada pelo pai e pela madrasta Jennifer. Em dezembro daquele ano, as autoridades francesas permitiram que fosse enviada para Israel a pedido da mãe e do avô/padrasto.

Mas os maus tratos não pararam aí. Segundo os vizinhos, Rose era uma menina triste e vítima de constantes maus tratos. Tão ruim era a situação que em março deste ano, ela foi enviada para a bisavó. Talvez ali, Rose tenha sorrido pela primeira vez - foto acima foi tirada nesse período. Não é um sorriso de quem está acostumado à sorte, não posso deixar de acrescentar.

Mas não foi o fim. Dia 12 de maio, Rose desapareceu.

Três meses depois, sua bisavó foi à polícia.

Em poucos dias, o avô/padrasto confessou à polícia. Em suas palavras, sua mulher (mãe de Rose) havia pedido a ele que "desse um fim na menina". Ele segue: "Rose se comportou mal quando estava no banco traseiro do carro e eu dei-lhe um tabefe. Veio um silêncio no carro e quando olhei para trás ela estava morta. Então a coloquei em uma mala vermelha e joguei no rio Yarkon".

Paternidade (e, por extensão, maternidade) é assunto sério. Todo mundo quer casa, carro na garagem e filhos bem comportados pra impressionar os vizinhos e ganhar status de pessoa "séria". Poucos têm maturidade pra entender que filhos são pessoas, são indivíduos e não nossas cópias em miniatura. Fico com a sabedoria do libanês Khalil Gibran:

Seus filhos não são seus filhos.
São os filhos e filhas da Vida desejando a si mesma.
Eles vêm através de vocês mas não de vocês.
E embora estejam com vocês, não lhes pertencem.
Vocês podem lhes dar amor, mas não seus pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Vocês podem abrigar seus corpos mas não suas almas,
Pois suas almas vivem na casa do amanhã, que vocês não podem visitar, nem mesmo em seus sonhos.
Vocês podem lutar para ser como eles, mas não procurem torná-los iguais a vocês.
Pois a vida não volta para trás, nem espera pelo passado.
Vocês são o arco de onde seus filhos são lançados como flechas vivas.
O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e Ele curva vocês com Seu poder, para que suas flechas possam ir longe e rápido.
Deixem que o seu curvar-se na mão do arqueiro seja pela alegria:
Pois mesmo enquanto ama a flecha que voa, Ele também ama o arco que é firme.


Que mundo teríamos, se as pessoas ao menos entendessem essa simples verdade!

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA


Não bastassem os ciclones, anti-ciclones e contra-ciclones que recentemente botaram abaixo três imponentes árvores aqui da praça, agora vem a prefeitura fazer a "poda anual".

Há três semanas, a exatas oito da manhã as motosserras são ligadas e VRAAAAAAAAAAM VRAAAAAAAAAM... lá se vai o sossego e a capacidade de concentração.

Se fosse só o sossego, a gente até que não se importava muito. Afinal, como já dizia a minha vó: "o bom jardineiro não tem medo da tesoura". Mas acho engraçada essa tal de poda. Ou a SMAM emburreceu nos últimos quatro anos, ou não sei o que está acontecendo.

Antes de mais nada, sequer cogitou desbastar as ervas de passarinho - que este ano, de tão crescidas, impediram a hibernação dos plátanos. Pra quem não sabe, plátanos são árvores que hibernam no inverno, perdendo todas as folhas e adquirindo um tom esbranquiçado no tronco e galhos principais. Os plátanos precisam desse ciclo pra guardar energia para a primavera. Não precisa ser um botânico pra ver que os plátanos estão estressados e sua aparência é no mínimo doentia.

Mas isso não parece ser problema pra SMAM, como não parece ser problema as três jovens árvores assassinadas no processo, porque pra podar um galho grande, ao invés de ir aos poucos, com um mínimo cuidado, os caras meteram a motosserra bem na base e manda ferro. O galho (medindo entre oito e dez metros) caiu num estrondo infernal, atingindo as pobres vítimas indefesas. Uma foi quebrada no tronco junto ao chão, outra teve a metade do tronco e toda a copa mutilados e a terceira perdeu toda a copa. Uma quarta ficou inclinada irremediavelmente.

Sábado passado, vi que a motosserra avaliava a vítima em frente à minha casa. Abri a janela, olhei feio pro pessoal e perguntei se iam tirar a erva de passarinho. Eles se contentaram em podar um galho que se projetava sobre a rua - imagine só, se caísse podia atingir um Corolla, e isso a prefeitura da mudança não quer! - e foi tudo. Meu pobre plátano foi poupado, enquanto as atenções se focaram no próximo que, aparentemente para compensar, foi destituído de todos os galhos. Bem, devo admitir que a erva de passarinho também se foi.

O cenário é de desolação. E sujeira. Há três semanas eles cortam e arrastam os galhos pra calçada (que a própria SMAM havia "ajardinado" poucos meses atrás, preenchendo os canteiros com brita e mudas de lírio), onde ficam depositados à espera da "limpeza", que consiste em mais motosserras, mais barulho e mais pó de serragem invadindo nossos pulmões - pra não falar do fedor do combustível.

Vai ser um verão quente. Tórrido, sem a sombra dos plátanos. Na verdade, os próximos três ou quatro verões vão ser tórridos, até que os plátanos se recuperem do atentado - isso se todos sobreviverem. Só resta rezar que as ervas de passarinho nos providenciem alguma sombra.

Como dizia meu avô: "se Deus pôs limites a inteligência humana, por que não limitou a burrice também?"

26 de ago. de 2008

A VIDA SEGUNDO SPORE

Excelente entrevista com Will Wright (criador do jogo) e Brian Eno (criador da música do jogo).

Seguindo o princípio de Simcity e The Sims, Spore é um jogo no qual a partir de uma bastéria você cria uma espécie, dessa espécie uma cultura, dessa cultura uma sociedade, uma civilização sem limites quanto às possibilidades de expansão. Suas ações e decisões no jogo determinam se essa sociedade será pacífica, guerreira, artística, autoritária, solidária, etc... Na entrevista abaixo, Will Wright e Brian Eno discorrem sobre o jogo, sobre a vida, sobre o tempo e a experiência da criação.











Se não está visualizando o filme, siga este link

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HIPERINFLAÇÃO



Cada medalhinha dessas custou 53 milhões de Reais aos cofres brasileiros. E depois vivem dizendo que neste país não tem dinheiro pra cultura, não tem dinheiro pra educação, não tem dinheiro nem pra saúde. PF!!!!

25 de ago. de 2008

ORLAN E OS LIMITES DA BELEZA

Ela é artista, pintora, performista e multimídia da carnal art. Por 20 anos se especializou na iconografia feminina do barroco. Então deu o salto.Em meados da década de 90, sofreu a primeira "interveção artística".

Desde então foram diversas cirurgias, culminando no visual da foto acima.

Sua preocupação: o que define culturalmente a "beleza". O que ela pretende com sua arte?

Creio que dar um exemplo, particularmente para a mulher, trazer à luz sua luta com o DNA que determina sua aparência. Isso é um problema hoje em dia.

A foto abaixo mostra algumas das telas que compõem uma mostra enfocada nas interferências estéticas impostas a indivíduos de várias culturas para a obtenção de um ideal estético ou de distinção. Todas usam a própria Orlan como modelo.


Até onde vai nosso cérebro quando deixamos que assuma o pleno controle submetendo nossos corpos à sua vontade - seja ela qual for? O vídeo abaixo retrata a trajetória de Orlan da Índia aos EUA. Não assista se for sensível a salas de operação. São 74 minutos, mas no final a própria Orlan fala de sua arte. Intrigante, instigante, revoltante... algo para assistir e refletir. Recheado do indefectível metadiscurso intelectual que usa e abusa da adjetivação para compensar a falta de conteúdo. A impressão que se tem é que ninguém, inclusive a própria Orlan, tem a menor idéia do que está falando. Mas, certamente, tudo é muito bem falado, e, na maioria, em francês.



Meu corpo se tornou um espaço de reflexão. O que eu fiz foi usar a cirurgia para fazer um auto-retrato pessoal, mas sei que foi forte demais, radical demais.

Esta semana ela está no Brasil, num ciclo de palestras que já passou por Salvador, segue hoje por São Paulo e termina na sexta, no Rio.

PARADOS NO TEMPO

Caetano e Roberto cantam Tom Jobim com ingressos esgotados.


Nada contra que Caetano tenha que fazer uns bicos pra pagar pensão das ex. Quanto ao "rei", bem, ele nunca saiu dos anos 60 mesmo. O que espanta é a multidão disposta a mais uma vez rever o revisto, revisitar o revisitado e repassar um passado mais que repassado.

24 de ago. de 2008

A REGRA DO JOGO

Segundo Quino:

As pretas começam, e dão xeque-mate quando lhes der na veneta.

22 de ago. de 2008

ENQUANTO ISSO, NA SUAZILÂNDIA...

Está nos jornais de hoje:

Mulheres protestam na Suazilândia contra extravagância da realeza

Centenas de mulheres na Suazilândia realizaram uma passeata pelas ruas da capital, Mbabane, para protestar contra os gastos com uma viagem ao exterior para compras feita por nove das 13 esposas do rei Mswati 3º. Elas alugaram um avião na semana passada para ir à Europa e ao Oriente Médio.

Os manifestantes entregaram uma petição ao Ministério das Finanças dizendo que o dinheiro poderia ter sido gasto de uma forma mais proveitosa. "Nós não podemos nos dar ao luxo de uma viagem de compras quando um quarto da nação vive com ajuda alimentar internacional", gritaram as mulheres. "Nós precisamos deste dinheiro para ARVs (medicamentos antiretrovirais)." Aids A Suazilândia, a última monarquia absolutista da África, é um dos países mais pobres do mundo e, estima-se, mais de 40% da população estaria infectada com o vírus HIV, que causa a Aids.

A passeata foi organizada pela ONG Positive Living (Vivendo Positivo), para mulheres com Aids.

Participaram dela mulheres de todas as faixas sociais, de profissionais liberais a representantes do setor agrícola.

O rei da Suazilândia, que tem 40 anos, foi criticado no passado por requisitar dinheiro público para pagar por novos palácios, um avião pessoal e carros de luxo.

A notícia da viagem de suas esposas apareceu na imprensa local um dia depois que elas deixaram o país.

Em meados desta semana, príncipes advertiram as mulheres para não realizar o protesto, dizendo que ele desafia a tradição do país.

(BBC - 21/08/2008 - 21h29)

Se você não faz idéia de que fim de mundo é esse, seguem alguns fatos:

Localização:



População: cerca de 1 milhão.



Política: foi protetorado da Inglaterra de 1902 a 1968, quando passou a integrar o Commonwealth como Estado independente. É uma monarquia absolutista.

Vive em estado de emergência desde 1973, dependendo de ajuda internacional.

Saúde: apresenta o maior índice de infecções por AIDS no mundo: 38,8% e a expectativa de vida é de menos de 40 anos. A taxa de mortalidade infantil é de 67 para cada mil habitantes. A UNICEF estima em 100 mil o número de crianças órfãs em conseqüência da AIDS. 54% da população tem acesso a água potável.

Economia: predomina a agricultura de subsistência, que ocupa 80% da força produtiva. 69% da população se encontra abaixo da linha de pobreza. 60% dos alimentos consumidos no país são importados.

Ajuda Internacional: o gráfico abaixo foi elaborado pela FAO:


As zonas em amarelo representam o percentual de indivíduos livres da fome, em vermelho a dos que estão inclusos na ajuda da FAO e as azuis dos que não contam com ajuda alguma. As colunas representam, respectivamente da esquerda para a direita: miseráveis, pobres, médios e remediados (incluindo os ricos).

Ora, que interessante: a ajuda internacional também atinge pessoas das classes A e B! Por quê será? Segundo a FAO, isso requer um "aprimoramento dos sistemas" que determinam os beneficiários da ajuda. Acorda, FAO: rico não precisa de arroz e feijão nem na Suazilândia. É mais que óbvio que há um GRANDE desvio desses recursos tão "generosamente" doados pelo primeiro mundo.

Aliás, explorar o sentimento de culpa que assola os cidadãos do primeiro mundo já virou profissão. Que o diga o presidente do Comitê Nacional de Respostas a Emergências, Ben Nsibandze que culpa o aquecimento global (causado, obviamente pelos países do primeiro mundo e economias emergentes) pela seca prolongada que está piorando a situação de miséria de quase 70% da população. Estranhamente, ele sequer comenta os aumentos nos preços das sementes e dos implementos agrícolas - todos importados das grandes multinacionais que todos conhecemos; cujos preços subiram cerca de 150% ao longo dos últimos 5 anos. Zeloso como é, o governo da Suazilândia certamente encabeça todas as negociações para a compra de sementes e implementos, sempre em benefício do tesouro. Mas, ora veja: é uma monarquia! O tesouro pertence ao rei: o rei é o Estado.

Fica a pergunta para os súditos da rainha, tão democráticos, tão cheios das "verdades" que não hesitam em esfregar na cara de todo o mundo como escudeiros da OTAN. A Suazilândia é tão membro do Commonwealth como a Austrália, a Nova Zelândia, a Escócia, a Irlanda e a própria Inglaterra. E aí, comissário Gordon? Como é que explica uma coisa dessas?!

Se você quer saber mais sobre a Suazilândia, vai ter que procurar. 99% do que se encontra na internet sobre o país são páginas oficiais ou oficialescas com informações turísticas e generalidades. Monarquia é isso.

Bah! Paro aqui antes que comece a vomitar.

15 de ago. de 2008

EM TEMPO



O respaldo mais eficaz a toda a forma de exclusão vem de gente como eu e você, que reclama dos impostos, da interferência do governo e vive se perguntando porque é que nós, trabalhadores dignos que contribuem de fato para o crescimento da sociedade devemos pagar pelo bem-estar dos que não contribuem em nada.

Antes de mais nada, precisamos lembrar o porquê de termos criado os governos e seus organismos. Basicamente, os criamos para fornecer segurança, justiça e promover o bem-comum. Qualquer pessoa há 100-200 anos atrás saberia isso não por ter ouvido nos bancos das escolas, mas por ter vivido e contribuido diretamente para a formação do mesmo estado democrático que herdamos. Nossa ignorância é nossa maior inimiga, e as grandes corporações além de saberem muito bem quais argumentos colam no imaginário, têm acesso irrestrito aos meios de comunicação.

Não vou nem argumentar que a caridade é uma virtude cristã e que a mão esquerda não deveria saber o que a direita faz e tudo o mais, porque a caridade é essencial à estabilidade de qualquer organização humana. Sem justiça social, nos resta o caos.

14 de ago. de 2008

I AM RICH



O que levou a loja do iTunes remover o software I Am Rich, concebido, desenvolvido e comercializado por módicos US$999, com o único propósito de anunciar ao mundo a riqueza de seus usuários (de resto, o software era absolutamente inútil)?

Se a moda pega, logo logo nossos ícones do consumo começarão a ser removidos das lojas... Seria o caos! Como democrata ferrenha, defendo até a morte o direito à expressão individual. Ou será que idiotas endinheirados não têm o direito de desperdiçar em carros, casas, objetos e roupas que não servem pra nada mais do que justamente anunciar ao mundo sua prosperidade?

Tudo que o I Am Rich faz é dar nome aos bois.

Palmas a Armin Heinrich.

13 de ago. de 2008

SICKO



Assisti o documentário ontem à noite. Fiquei acordada até as 4 da manhã. Comovente, revoltante, perturbador. Mais perturbador ainda é pensar que aqui em terras tupiniquins, onde se tem um sistema universal da saúde, tem macaco querendo copiar a receita yankee e entregar tudo à iniciativa privada.

Pra quem anda tendo essas idéias de jerico, meu conselho: assista o documentário o quanto antes. Talvez, pela primeira vez na vida, você agradeça ter nascido no Brasil e não em Miami onde tem a Disney e um monte de quinquilharias pra comprar. Enquanto não vai à locadora, dê uma olhada na pequena seleção de vídeos que fiz pra você.

Como funciona o sistema privado de saúde nos Estados Unidos, explicado para crianças:



Depoimento de Deborah Burger, presidente da Associação de Enfermeiras da Califórnia:


"NÃO HÁ LUGAR PARA AS SEGURADORAS EM UMA VERDADEIRA REFORMA DO SISTEMA DE SAÚDE DA CALIFÓRNIA."

Depoimento de Linda Peeno, Médica:


"COM UM CANETAÇO, CONDENEI PESSOAS À MORTE PORQUE ERAM DISPENDIOSAS."

Depoimento de Dawnelle Keys, mãe:


"MINHA FILHA NÃO FOI TRATADA E MORREU PORQUE ESTAVA NUMA EMERGÊNCIA QUE NÃO ERA AFILIADA AO SEU PLANO DE SAÚDE."

Depoimento de Andy Bales, Diretor Executivo da Union Rescue Mission, entidade que recolhe pessoas despejadas de hospitais:


"UM PARALÍTICO FOI DESPEJADO DO HOSPITAL, LARGADO NA RUA SEM UMA CADEIRA DE RODAS SEGURANDO AS ROUPAS COM A BOCA."

Finalmente, pra aliviar a tensão, o hino dos donos das seguradoras:



Depois disso tudo, só resta dizer: God bless America, home of the brave.

12 de ago. de 2008

SER OU NÃO SER...


Há pouco me perguntei porque, afinal, essa minha teimosia em remar contra a maré, criticando mais que elogiando as maravilhas da tecnologia e os fantásticos avanços da humanidade.

Mesmo que tentasse, eu não conseguiria ver o mundo como o Epcot Center, e a máquina da propaganda não aciona em mim qualquer mecanismo de compensação.

Vejo o mundo como um paradoxo de trágicas conseqüências, onde as funções emocionais e intelectuais do "ser" são cada vez mais intermediadas pelo "ter".

O resultado: gerações e gerações de adolescentes inconseqüentes, intolerantes, imediatistas e imprudentes. Paramos de amadurecer.

Também, para quê amadurecer? É chato, é incômodo, demora e e não é uma experiência livre da dor. É muito mais confortável se deixar levar pela maré e flutuar pela vida como uma pena ao vento.

Facilitadores pra essa segunda opção se anunciam por toda a parte. Não precisa lidar com seus bloqueios e limitações: a mídia está aí para fornecer o alegre conforto da alienação e exemplos sempre piores que nossa própria experiência.

Se a novela ou o drama não funcionam, não desespere. Não é preciso conquistar a si mesmo: conquiste o carro do ano, a capa da revista, o modelito da moda, a calçada da fama, o troféu empreendedor. Ou, quem sabe, uma carreira, um empreendimento, uma vaga no Olimpo dos notáveis. Idolatre para ser idolatrado.

Se a idolatria também não funciona, há sempre a opção do consumo. É infalível. Compre um sapato novo que a dor vai embora. Mude para aquela cobertura que você vai viver mais feliz. Troque de carro todo ano, isso traz respeito e admiração. Beba e respire a inveja, a ganância, e seja ávido, sempre buscando mais. Isso vai deixar pouco tempo pra se perguntar porquê, afinal das contas, você veio ao mundo, onde está e para onde vai.

Porque, afinal, quem eu sou, de onde venho e para onde vou são questionamentos subversivos: podem despertar o socialista adormecido em cada um de nós.

Como estamos doentes, não podemos deixar que isso aconteça: o que seria da economia, dos governos, se as pessoas de uma hora pra outra começassem a crescer? Seria desastroso: os homens do dinheiro teriam que inventar novas formas de continuar enriquecendo, as corporações teriam problemas em recrutar novas gerações de deslumbrados, os governos teriam que pensar duas vezes antes de declarar uma guerra ou invadir uma nação vizinha - a propósito: será que a noção de "nação" como temos hoje sobreviveria uma abordagem crítica?

É mais fácil semear o vazio da conformidade límbica para predar nos medos e na irracionalidade. Esta é uma prática que já vem de décadas, mas poucas pessoas parecem capazes de identificar e isolar para se auto-imunizar.

Crescer como indivíduo, é encarar individualmente nossos medos, superando nossas limitações com nossos próprios recursos sem recorrer a paliativos; aceitando que a dor, as carências, faltas, temores, a insegurança, o fracasso e a solidão são partes inerentes à vida que não encontram objetivamente eco ou solução na coletividade e muito menos nas panacéias que que a mídia oferece.

Nascemos, vivemos e morremos nesse monólogo que é único, que nos identifica e define. Para além disso, o mundo é Maya. Por glamuroso e atrativo que pareça.

TRÊS FILMES IMPERDÍVEIS

KOYANISQAATSI - VIDA EM DESEQUILÍBRIO




Pra quem anda de orelhas em pé com o aquecimento global, a criminalidade e as neuroses que irradiam das grandes cidades para os sertões nos quatro cantos do mundo, vale a pena assistir ao grito de alerta dado por Godfrey Reggio já na década de 80 - quando ainda se acreditava que, para a humanidade, o Universo era o limite.

A música é de Phillip Glass, a fotografia e a edição são deslumbrantes e o conteúdo é de arrepiar e a produção é assinada por ninguém menos que Francis Ford Coppola. Assisti no cinema, na época da estréia. Deixei a sala com um novo olhar sobre a cidade e as pessoas ao meu redor.

Se não viu, assista. Se já assistiu, vale a pena rever.

POWAQQATSI - VIDA EM TRANSFORMAÇÃO



George Lucas se junta ao time. Se perde um pouco no impacto, ganha na plasticidade.


NAQOYQATSI - A GUERRA COMO FORMA DE VIDA



Globalização e violência encerram a trilogia. Saem as estrelas da produção, entram as "estrelas" no "elenco": Marlom Brando, Elton John, Bill Clinton, Osama Bin Laden e outras figuras históricas.

8 de ago. de 2008

TEMPOS MODERNOS

Divertido o zum-zum-zum em torno do "clareamento" da Beyoncée pela L'Oreal. Quem olha o novo anúncio, tem a clara (com o perdão do trocadilho) impressão que mergulharam a moça num balde de água oxigenada.

Olhando bem pra foto, eu digo: só isso? E o rosto? Os olhos, o nariz, os lábios? Mergulharam a moça foi num balde de silício!

Ah, você ainda não ouviu falar da "maquiagem de silício"? Desculpe, mas você está por fora. E não adianta perguntar ao cabeleireiro ou às garotas da butique: eles também estão. Quer saber? Pergunte a qualquer fotógrafo de moda, porque hoje em dia, além de ser um bam-bam-bam no obturador, qualquer fotógrafo que se preze precisa dominar a arte da manipulação de pixels.

Ao que parece, a onda começou quando as playboys da vida se deram conta de que "modelos" sem estrias e celulite vendiam mais revistas nas bancas. A onda foi pegando e agora até revista de fofoca tem um "maquiador" de plantão só pra garantir que todo mundo saia bonitinho na foto, com a pele certa, os olhos certos, o rosto certo - seja lá o que isso for: fica a critério do "expert" de plantão.

Outro dia ouvi no rádio que nos states as pessoas começam reclamar que os padrões de beleza apregoados pela mídia são difíceis de atingir.

Difíceis, não: desde que programas de manipulação de imagens se popularizaram pelas redações, tais padrões se tornaram impossíveis, porque não são naturais.

Dê uma olhada nisso:



Naturalmente, até Liv Tyler tem uma coisinha aqui ou ali que atrapalha. Nossa percepção de beleza se baseia na simetria, e nenhum ser humano é perfeitamente simétrico. Alguns se aproximam bastante disso, como Denzel Washington; mas nem ele é 100%.

A ciência afirma que nosso cérebro processa a simetria com muito mais facilidade do que a assimetria. Assim sendo, os detalhes em um rosto perfeitamente simétrico são por nós assimilados com mais facilidade, gerando uma sensação de conforto e prazer. Assimilar os detalhes de um rosto assimétrico requer um grau de esforço mental proporcional ao grau de assimetria, e isso gera desconforto ou mesmo desprazer. É por isso que os feios normalmente se mostram mais inteligentes e interessantes: eles usam o intelecto ou dos talentos de que foram dotados (atletas, artistas) pra superar esse desconforto e se destacar dos demais.

Há ainda, por parte da ciência, a corrente evolucionária, que afirma que a simetria serve como propaganda de uma genética mais refinada, nos informando que os genes daquele indivíduo foram depurados de doenças infecciosas ou degenerativas o que, em termos evolucionários, se dá principalmente por "cruzamentos". Só como exemplo: a mulher cujo rosto foi considerado o mais simétrico do mundo tem em sua genealogia ancestrais nativo-americanos, armênios, africanos, britânicos, germânicos, orientais e latinos - uma perfeita salada de frutas genética.

Mas, voltando à manipulação, o que ela faz, e as pessoas começam a descobrir, é criar padrões artificiais de beleza, inatingíveis ao comum dos mortais, já que nem todos contamos com ancestrais de todas as partes do mundo ou não podemos gastar rios de dinheiro em plásticas e cuidados estéticos.

Para um número assustador de pessoas (particularmente garotas na adolescência) a beleza é prioridade máxima; o que em muitos casos gera uma insatisfação crônica avassaladora, já que as modelos perfeitas nas quais essas meninas se espelham simplesmente não existem.

Se você não acredita no potencial dos softwares de manipulação de imagens, dê uma olhada nas fotos abaixo. Elas são exemplos de umas brincadeirinhas que fiz, até que bem rapidinho só pra provar o que eu digo:

1) correção anatômica moderada (contorno facial, nariz, lábios, orelha e ombros), correção da pele (rugas e sinais), maquiagem e destaque nos olhos (leve clareamento):


2) correção anatômica moderada (contorno facial, nariz e orelhas), correção da pele (manchas, sinais, textura e tonalidade), destaque nos olhos (leve clareamento)


3) correção anatômica mais perceptível (contorno do rosto, fronte, olhos, nariz, lábios, orelhas, pescoço e linha dos ombros), correção da pele (manchas e sinais), destaque nos olhos (substituição de tonalidade):


4) correção anatômica radical para rejuvenescimento (formato do rosto, sobrancelhas, nariz, lábios, orelhas, olhos, pescoço e linha dos ombros), correção da pele (eliminação de rugas e sinais), destaque nos olhos (clareamento), maquiagem:



Vídeos no Youtube:

What Happened to Natural Beauty?
How Celebrities Look in Real Life
Las Modelos No Existen

Tem muitíssimo mais. Experimente fazer uma busca usando "photoshop makeover".

Pra saber um pouco mais sobre beleza e simetria, leia o artigo symmetry (em pdf).

Quer saber como seria seu rosto com uma simetria perfeita? Tire uma foto bem de frente, com uma boa iluminação e vá ao site symmeter.com. Faça o upload da foto, e descubra.