27 de ago. de 2008

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA


Não bastassem os ciclones, anti-ciclones e contra-ciclones que recentemente botaram abaixo três imponentes árvores aqui da praça, agora vem a prefeitura fazer a "poda anual".

Há três semanas, a exatas oito da manhã as motosserras são ligadas e VRAAAAAAAAAAM VRAAAAAAAAAM... lá se vai o sossego e a capacidade de concentração.

Se fosse só o sossego, a gente até que não se importava muito. Afinal, como já dizia a minha vó: "o bom jardineiro não tem medo da tesoura". Mas acho engraçada essa tal de poda. Ou a SMAM emburreceu nos últimos quatro anos, ou não sei o que está acontecendo.

Antes de mais nada, sequer cogitou desbastar as ervas de passarinho - que este ano, de tão crescidas, impediram a hibernação dos plátanos. Pra quem não sabe, plátanos são árvores que hibernam no inverno, perdendo todas as folhas e adquirindo um tom esbranquiçado no tronco e galhos principais. Os plátanos precisam desse ciclo pra guardar energia para a primavera. Não precisa ser um botânico pra ver que os plátanos estão estressados e sua aparência é no mínimo doentia.

Mas isso não parece ser problema pra SMAM, como não parece ser problema as três jovens árvores assassinadas no processo, porque pra podar um galho grande, ao invés de ir aos poucos, com um mínimo cuidado, os caras meteram a motosserra bem na base e manda ferro. O galho (medindo entre oito e dez metros) caiu num estrondo infernal, atingindo as pobres vítimas indefesas. Uma foi quebrada no tronco junto ao chão, outra teve a metade do tronco e toda a copa mutilados e a terceira perdeu toda a copa. Uma quarta ficou inclinada irremediavelmente.

Sábado passado, vi que a motosserra avaliava a vítima em frente à minha casa. Abri a janela, olhei feio pro pessoal e perguntei se iam tirar a erva de passarinho. Eles se contentaram em podar um galho que se projetava sobre a rua - imagine só, se caísse podia atingir um Corolla, e isso a prefeitura da mudança não quer! - e foi tudo. Meu pobre plátano foi poupado, enquanto as atenções se focaram no próximo que, aparentemente para compensar, foi destituído de todos os galhos. Bem, devo admitir que a erva de passarinho também se foi.

O cenário é de desolação. E sujeira. Há três semanas eles cortam e arrastam os galhos pra calçada (que a própria SMAM havia "ajardinado" poucos meses atrás, preenchendo os canteiros com brita e mudas de lírio), onde ficam depositados à espera da "limpeza", que consiste em mais motosserras, mais barulho e mais pó de serragem invadindo nossos pulmões - pra não falar do fedor do combustível.

Vai ser um verão quente. Tórrido, sem a sombra dos plátanos. Na verdade, os próximos três ou quatro verões vão ser tórridos, até que os plátanos se recuperem do atentado - isso se todos sobreviverem. Só resta rezar que as ervas de passarinho nos providenciem alguma sombra.

Como dizia meu avô: "se Deus pôs limites a inteligência humana, por que não limitou a burrice também?"

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