28 de ago. de 2008

TRISTE PORTO ALEGRE


Interessante os "planos" dos candidatos à prefeitura para o bairro aqui (também no ZH Petrópolis de hoje). Convido você a ler e refletir. Não importa se se referem a esse ou aquele bairro, o que importa é o foco.

O que salta aos olhos já na primeira leitura é que dos oito candidatos, seis praticamente restringem seus "planos" à questão da segurança, como se a solução dessa questão (que é muito mais uma questão nacional do que local) fosse a panacéia que nos livrará até de bueiros entupidos e hidrantes quebrados.

Claro, o bairro é de classe média, e a classe média vive com medo de perder um dízimo do que aquinhoou a duras penas ao longo de anos de sacrifício, privações e, porque não dizer, de humilhações no trabalho.

Algum conteúdo, se encontra nas palavras de Fogaça - que fala com a experiência de quem já está no cargo há quase quatro anos -, e Maria do Rosário, que acende uma luzinha de alerta para o que, no meu entender, está na origem de todos os problemas enfrentados pelos moradores não só deste, mas de muitos outros bairros de Porto Alegre: o furor das empreiteiras.

No rastro dessa sanha "modernista" vêem os problemas da insegurança, dos congestionamentos, da obsolescência dos sistemas de fornecimento de água e energia; bem como do saneamento. Não foi antes que se proliferassem os arranha-céus suntuosos da av. Bagé que o roubo de carros e os assaltos se tornaram recorrentes na região. As redes de água, luz e esgotos foram dimensionadas para uma densidade populacional relativamente baixa, e isso durou décadas. Em questão de oito anos, a demanda mais do que triplicou na região. O mesmo se aplica às vias do bairro, usualmente estreitas, sinuosas e precariamente pavimentadas, que funcionam como verdadeiros gargalos forçando a maioria dos motoristas a optarem pelas avenidas asfaltadas que delimitam os contornos do bairro, que para desafogar o fluxo de veículos foram dotadas com um mínimo de cruzamentos e opções de retorno.

Entendo que, do ponto de vista logístico, o crescimento vertical é mais lógico e eficiente - é mais barato empilhar pessoas do que desperdiçar amplas áreas com unidades ineficientes -, mas o resultado mais provável desse crescimento é o caos, se não for precedido de maçiços investimentos na infraestrutura. Isso, pra não mencionar que, como os ratos, nos tornamos extremamente agressivos quando submetidos à situações de superpopulação.

Tradicionalmente, os gestores públicos brasileiros não investem em infra-estrutura. Thompson Flores já afirmava que valia mais construir um viaduto do que mil quilômetros de encanamentos, porque as pessoas não viam os encanamentos. Para o imediatismo de políticos e cidadãos, isso tem sido verdade. Mas não pode continuar assim.

Esta cidade está virando um inferno. Um lugar onde as pessoas se evitam e se tratam como inimigos. Perdemos o sorriso à toa, a amabilidade com o estranho, a paciência de dar a vez a uma pessoa mais velha. Já perdemos o pôr do sol para os arranha-céus, e agora estamos perdendo a civilidade que nossos avós a sangue, suor e lágrimas tentaram construir na esperança de deixarem um mundo melhor a seus descendentes.

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