Há pouco me perguntei porque, afinal, essa minha teimosia em remar contra a maré, criticando mais que elogiando as maravilhas da tecnologia e os fantásticos avanços da humanidade.
Mesmo que tentasse, eu não conseguiria ver o mundo como o Epcot Center, e a máquina da propaganda não aciona em mim qualquer mecanismo de compensação.
Vejo o mundo como um paradoxo de trágicas conseqüências, onde as funções emocionais e intelectuais do "ser" são cada vez mais intermediadas pelo "ter".
O resultado: gerações e gerações de adolescentes inconseqüentes, intolerantes, imediatistas e imprudentes. Paramos de amadurecer.
Também, para quê amadurecer? É chato, é incômodo, demora e e não é uma experiência livre da dor. É muito mais confortável se deixar levar pela maré e flutuar pela vida como uma pena ao vento.
Facilitadores pra essa segunda opção se anunciam por toda a parte. Não precisa lidar com seus bloqueios e limitações: a mídia está aí para fornecer o alegre conforto da alienação e exemplos sempre piores que nossa própria experiência.
Se a novela ou o drama não funcionam, não desespere. Não é preciso conquistar a si mesmo: conquiste o carro do ano, a capa da revista, o modelito da moda, a calçada da fama, o troféu empreendedor. Ou, quem sabe, uma carreira, um empreendimento, uma vaga no Olimpo dos notáveis. Idolatre para ser idolatrado.
Se a idolatria também não funciona, há sempre a opção do consumo. É infalível. Compre um sapato novo que a dor vai embora. Mude para aquela cobertura que você vai viver mais feliz. Troque de carro todo ano, isso traz respeito e admiração. Beba e respire a inveja, a ganância, e seja ávido, sempre buscando mais. Isso vai deixar pouco tempo pra se perguntar porquê, afinal das contas, você veio ao mundo, onde está e para onde vai.
Porque, afinal, quem eu sou, de onde venho e para onde vou são questionamentos subversivos: podem despertar o socialista adormecido em cada um de nós.
Como estamos doentes, não podemos deixar que isso aconteça: o que seria da economia, dos governos, se as pessoas de uma hora pra outra começassem a crescer? Seria desastroso: os homens do dinheiro teriam que inventar novas formas de continuar enriquecendo, as corporações teriam problemas em recrutar novas gerações de deslumbrados, os governos teriam que pensar duas vezes antes de declarar uma guerra ou invadir uma nação vizinha - a propósito: será que a noção de "nação" como temos hoje sobreviveria uma abordagem crítica?
É mais fácil semear o vazio da conformidade límbica para predar nos medos e na irracionalidade. Esta é uma prática que já vem de décadas, mas poucas pessoas parecem capazes de identificar e isolar para se auto-imunizar.
Crescer como indivíduo, é encarar individualmente nossos medos, superando nossas limitações com nossos próprios recursos sem recorrer a paliativos; aceitando que a dor, as carências, faltas, temores, a insegurança, o fracasso e a solidão são partes inerentes à vida que não encontram objetivamente eco ou solução na coletividade e muito menos nas panacéias que que a mídia oferece.
Nascemos, vivemos e morremos nesse monólogo que é único, que nos identifica e define. Para além disso, o mundo é Maya. Por glamuroso e atrativo que pareça.
Mesmo que tentasse, eu não conseguiria ver o mundo como o Epcot Center, e a máquina da propaganda não aciona em mim qualquer mecanismo de compensação.
Vejo o mundo como um paradoxo de trágicas conseqüências, onde as funções emocionais e intelectuais do "ser" são cada vez mais intermediadas pelo "ter".
O resultado: gerações e gerações de adolescentes inconseqüentes, intolerantes, imediatistas e imprudentes. Paramos de amadurecer.
Também, para quê amadurecer? É chato, é incômodo, demora e e não é uma experiência livre da dor. É muito mais confortável se deixar levar pela maré e flutuar pela vida como uma pena ao vento.
Facilitadores pra essa segunda opção se anunciam por toda a parte. Não precisa lidar com seus bloqueios e limitações: a mídia está aí para fornecer o alegre conforto da alienação e exemplos sempre piores que nossa própria experiência.
Se a novela ou o drama não funcionam, não desespere. Não é preciso conquistar a si mesmo: conquiste o carro do ano, a capa da revista, o modelito da moda, a calçada da fama, o troféu empreendedor. Ou, quem sabe, uma carreira, um empreendimento, uma vaga no Olimpo dos notáveis. Idolatre para ser idolatrado.
Se a idolatria também não funciona, há sempre a opção do consumo. É infalível. Compre um sapato novo que a dor vai embora. Mude para aquela cobertura que você vai viver mais feliz. Troque de carro todo ano, isso traz respeito e admiração. Beba e respire a inveja, a ganância, e seja ávido, sempre buscando mais. Isso vai deixar pouco tempo pra se perguntar porquê, afinal das contas, você veio ao mundo, onde está e para onde vai.
Porque, afinal, quem eu sou, de onde venho e para onde vou são questionamentos subversivos: podem despertar o socialista adormecido em cada um de nós.
Como estamos doentes, não podemos deixar que isso aconteça: o que seria da economia, dos governos, se as pessoas de uma hora pra outra começassem a crescer? Seria desastroso: os homens do dinheiro teriam que inventar novas formas de continuar enriquecendo, as corporações teriam problemas em recrutar novas gerações de deslumbrados, os governos teriam que pensar duas vezes antes de declarar uma guerra ou invadir uma nação vizinha - a propósito: será que a noção de "nação" como temos hoje sobreviveria uma abordagem crítica?
É mais fácil semear o vazio da conformidade límbica para predar nos medos e na irracionalidade. Esta é uma prática que já vem de décadas, mas poucas pessoas parecem capazes de identificar e isolar para se auto-imunizar.
Crescer como indivíduo, é encarar individualmente nossos medos, superando nossas limitações com nossos próprios recursos sem recorrer a paliativos; aceitando que a dor, as carências, faltas, temores, a insegurança, o fracasso e a solidão são partes inerentes à vida que não encontram objetivamente eco ou solução na coletividade e muito menos nas panacéias que que a mídia oferece.
Nascemos, vivemos e morremos nesse monólogo que é único, que nos identifica e define. Para além disso, o mundo é Maya. Por glamuroso e atrativo que pareça.
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