Andava um famoso cientista às voltas com o imenso problema de consertar o mundo quando seu filho de sete anos irrompe em seu escritório oferecendo-se para ajudá-lo em seu trabalho.
- O papai está trabalhando para consertar o mundo. É muito trabalho para um homem pequeno como você. - explica o cientista tentanto dissuadir o menino.
- Mas eu quero ajudar, papai. Não é isso que a gente faz quando é família? Ajudar um ao outro? É o que a mamãe sempre diz.
- Sim, é verdade. A mamãe está certa. - rende-se o cientista com um suspiro.
- Então, como é que eu posso ajudar? - pede o garoto sorrindo orgulhoso.
- Deixa eu ver... - diz o cientista correndo os olhos pelas estantes apinhadas de livros como à busca de salvação.
É quando seu olhar recai sobre uma revista aberta sobre a mesa de trabalho onde vê impressa uma imagem do planeta Terra. Depois de ponderar por um instante, o cientista arranca a página desfazendo-a em pedacinhos que estende ao filho dizendo:
- Aqui. O mundo está assim, está vendo? Todo despedaçado, e nós precisamos colar os pedacinhos todos de volta no lugar. Você acha que consegue?
- Claro, papai! - exclama o menino aceitando os pedacinhos de papel rasgado.
- Certo. Aqui está uma folha de papel e um tubo de cola, pode começar. - diz o cientista limpando uma área da mesa para dar espaço ao menino - Você vai trabalhar aqui bem do meu lado e em silêncio, ok? Só vai me chamar quando tiver terminado.
Dito isso, o cientista volta a afundar-se em suas complexas equações deixando o menino sozinho para montar aquele quebra-cabeça. Pouco tempo depois, o menino avisa:
- Oh! - exclama o garoto a certa altura com tanta pungência que chama a atenção do pai.
- O que foi?
- Deu tudo errado. - lamenta-se o menino à beira das lágrimas.
Um tanto exasperado, o cientista larga mais uma vez o trabalho para ver o que acontecia.
- Mas o que que é isso? - pergunta ao ver o rosto sorridente de um homem num anúncio de pasta de dentes - Como é que isso foi acontecer?
- É que eu estava tentando montar o mundo como você falou, mas era muito difícil. Aí eu vi que tinha esse homem aí do outro lado, que era bem mais fácil de montar, e pensei que se eu colasse de volta os pedaços no rosto desse homem, eu ia montar de volta o mundo do outro lado da folha. Só não lembrei que o mundo ia ficar colado no papel que estava embaixo, e agora não dá mais pra ver se eu consertei o mundo ou não.
- Meu filho, você não só consertou o mundo da revista, como mostrou uma solução que tornou todo o meu trabalho uma brincadeira de criança. - diz o cientista erguendo a folha de papel contra a luz e mostrando ao menino.
Lá estava o planeta terra direitinho, por trás do rosto sorridente da pasta dental.
Ato contínuo, o cientista fechou todos os livros e cadernos em sua mesa, abriu as janelas do escritório e enquanto a brisa e o sol da manhã invadiam o recinto, convidou:
- Vamos brincar lá fora? Está um dia lindo demais para ser desperdiçado nesta sala fechada.
Antes de sair, pegou uma caneta e rabiscou sobre a pilha de livros e cadernos que recém fechara:
CONSERTEMOS O HOMEM E TEREMOS CONSERTADO O MUNDO!
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