Houve um tempo em que homens e animais viviam abaixo da superfície da Terra, juntamente com Kaang, o Grande Mestre e Senhor da Toda a Vida.
Neste lugar, homens e animais viviam juntos em paz. Todos se entendiam e não havia necessidade de nada. E, apesar da ausência do sol, nunca era noite.
Nessa época abençoada, Kaang começou a planejar as maravilhas que colocaria no mundo acima.
Primeiro Kaang criou uma grande árvore, com galhos que cobriam todo o território, depois seguiu decorando o mundo à sua vontade.
A certa altura, dando-se por satisfeito, Kaang voltou à enorme árvore que criara e na base dessa árvore ele cavou um buraco que descia até o mundo habitado por homens e animais e por este buraco guiou o primeiro homem até a superfície.
Kaang então sentou à borda do buraco observando enquanto as pessoas subiam, seguindo o primeiro homem. Em seguida, Kaang começou a trazer os animais.
Apressados, alguns animais descobriram como subir pelas raízes da árvore e continuaram subindo até os galhos, que percorreram dispersando-se em várias direções sem que Kaang reparasse.
Depois de ter subido o último dos animais, Kaang reuniu homens e animais instruindo-os para que vivessem pacificamente. Então, dirigiu aos homens e mulheres ordenou que evitassem fazer fogo, pois com o fogo viria um grande mal. Homens e mulheres prometeram a Kaang jamais fazer fogo.
Dando-se por satisfeito, Kaang partiu para um lugar de onde pudesse observar seu novo mundo em segredo.
Ao entardecer, homens e animais observaram com assombro e fascínio o sol desaparecer sob o horizonte. Mas quando a noite caiu, o medo entrou no coração das pessoas: como não tinham olhos tão bons como os dos animais, elas não mais podiam ver umas às outras.
Tampouco as pessoas tinham a quante pelagem ou plumas dos animais para se aquecer, e começaram a sentir muito frio.
Como se não bastasse, famintos animais que não haviam ouvido as instruções de Kaang começaram a rondar o grupo ameaçadoramente.
Em desespero, um homem sugeriu que fizessem uma fogueira. Os homens fizeram a fogueira e logo todos podiam ver-se, estavam aquecidos e sentiam-se mais seguros pois o fogo afugentara os animais.
Assim os homens se afastaram dos animais e perderam a capacidade de se comunicar com eles.
E hoje, ao invés da amizade, o medo é o que liga os homens aos animais.
(Foto: bosquímanos fazendo fogo, por Jezand Jennie - http://jennieandjez.wordpress.com/)
(¹) Khoisan (também conhecidos por bosquímanos ou boximanes, hotentotes, coisã ou coissã) é a designação de uma família de grupos étnicos existentes na região sudoeste de África, que partilham algumas características físicas e linguísticas. Aparentemente, estes povos têm uma longa história, estimada em vários milhares, talvez dezenas de milhares de anos, mas neste momento existem apenas pequenas populações, principalmente no deserto do Kalahari, na Namíbia, mas também no Botsuana e em Angola.
História
Os khoisan atuais podem ser descendentes de povos caçadores-recolectores que habitavam toda a África Austral e que desapareceram com a chegada dos bantos a esta região, há cerca de 2 000 anos. Não é provável que os bantos tenham exterminado os khoisan, uma vez que algumas das suas características linguísticas e físicas foram assimiladas por vários grupos bantos, como os xhosas e os zulus. É mais provável que a redução do seu território de caça, derivado da instalação dos agricultores bantos, tivesse sido uma causa para a redução do seu número e da sua área habitada.
Até a instalação dos holandeses e franceses huguenotes na África do Sul, há cerca de 200 anos, estes povos ainda povoavam grandes extensões da Namíbia e do actual Botswana. Em seguida, porém, foram praticamente exterminados, uma vez que não aceitavam trabalhar nas condições que os novos colonos exigiam.
Estes colonos chamaram-lhes hotentotes - que significa "gago" na língua neerlandesa, provavelmente devido à sua língua peculiar - ou bushmen, ou seja "homens da floresta", termo que foi adaptado para a língua portuguesa como bosquímanos. Ambos os nomes têm, actualmente, uma conotação pejorativa, assim como o termo san usado para um grupo específico de khoisan, que, na sua língua, significa "estrangeiro". Os nomes que se utilizam, actualmente, são derivados dos nomes das suas línguas (ver línguas khoisan). No entanto, a palavra hotentote continua a ser utilizada nos nomes de várias plantas e animais da África do Sul, como o chorão-das-praias (Carpobrotus edulis, em inglês hottentot fig, "figo hotentote"), ou o toirão-hotentote (Turnix hottentotta).
Anatomia
Fisicamente, os khoisan são em média mais baixos e esguios que os restantes povos africanos. Além disso, possuem uma coloração de pele amarelada e prega epicântica nos olhos, como os chineses e outros povos do Extremo Oriente. Algumas destas características são agora comuns a outros grupos étnicos sul-africanos, sendo patentes por exemplo em Nelson Mandela.
Uma outra característica física dos khoisan é a esteatopigia das mulheres (grande desenvolvimento posterior das nádegas), que levou a que uma mulher tivesse sido levada para a Europa no século XIX e usada para exibição em feiras, a famosa Vénus Hotentote.
Genética
Os khoisan possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN mitocondrial de todas as populações humanas, o que indica que eles são uma das comunidades humanas com uma história mais antiga. O seu cromossomo Y também sugere que os khoisan se encontram do ponto de vista evolucionário muito perto da raiz da espécie humana.
De acordo com um estudo genético autossômico de 2012, os khoisan podem ser divididos em dois grupos, correspondentes às regiões noroeste and sudeste do Kalahari, os quais se separaram dentro dos últimos 30000 anos. Todos os indíviduos testados na amostra apresentaram ancestralidades de populações não-khoisan que foram introduzidas no período de 1200 anos atrás, como resultado da expansão bantu. Além disso, os hadzas, um grupo de coletores caçadores do Leste da África, que também utilizam uma língua baseada em cliques (como a dos khoisan), possuem um quarto de sua ancestralidade vindos de uma população relacionada aos Khoisan, revelando uma ligação genética antiga entre o Sul da África e o Leste da África.
(fonte: Wikipedia)
(¹) Khoisan (também conhecidos por bosquímanos ou boximanes, hotentotes, coisã ou coissã) é a designação de uma família de grupos étnicos existentes na região sudoeste de África, que partilham algumas características físicas e linguísticas. Aparentemente, estes povos têm uma longa história, estimada em vários milhares, talvez dezenas de milhares de anos, mas neste momento existem apenas pequenas populações, principalmente no deserto do Kalahari, na Namíbia, mas também no Botsuana e em Angola.
História
Os khoisan atuais podem ser descendentes de povos caçadores-recolectores que habitavam toda a África Austral e que desapareceram com a chegada dos bantos a esta região, há cerca de 2 000 anos. Não é provável que os bantos tenham exterminado os khoisan, uma vez que algumas das suas características linguísticas e físicas foram assimiladas por vários grupos bantos, como os xhosas e os zulus. É mais provável que a redução do seu território de caça, derivado da instalação dos agricultores bantos, tivesse sido uma causa para a redução do seu número e da sua área habitada.
Até a instalação dos holandeses e franceses huguenotes na África do Sul, há cerca de 200 anos, estes povos ainda povoavam grandes extensões da Namíbia e do actual Botswana. Em seguida, porém, foram praticamente exterminados, uma vez que não aceitavam trabalhar nas condições que os novos colonos exigiam.
Estes colonos chamaram-lhes hotentotes - que significa "gago" na língua neerlandesa, provavelmente devido à sua língua peculiar - ou bushmen, ou seja "homens da floresta", termo que foi adaptado para a língua portuguesa como bosquímanos. Ambos os nomes têm, actualmente, uma conotação pejorativa, assim como o termo san usado para um grupo específico de khoisan, que, na sua língua, significa "estrangeiro". Os nomes que se utilizam, actualmente, são derivados dos nomes das suas línguas (ver línguas khoisan). No entanto, a palavra hotentote continua a ser utilizada nos nomes de várias plantas e animais da África do Sul, como o chorão-das-praias (Carpobrotus edulis, em inglês hottentot fig, "figo hotentote"), ou o toirão-hotentote (Turnix hottentotta).
Anatomia
Fisicamente, os khoisan são em média mais baixos e esguios que os restantes povos africanos. Além disso, possuem uma coloração de pele amarelada e prega epicântica nos olhos, como os chineses e outros povos do Extremo Oriente. Algumas destas características são agora comuns a outros grupos étnicos sul-africanos, sendo patentes por exemplo em Nelson Mandela.
Uma outra característica física dos khoisan é a esteatopigia das mulheres (grande desenvolvimento posterior das nádegas), que levou a que uma mulher tivesse sido levada para a Europa no século XIX e usada para exibição em feiras, a famosa Vénus Hotentote.
Genética
Os khoisan possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN mitocondrial de todas as populações humanas, o que indica que eles são uma das comunidades humanas com uma história mais antiga. O seu cromossomo Y também sugere que os khoisan se encontram do ponto de vista evolucionário muito perto da raiz da espécie humana.
De acordo com um estudo genético autossômico de 2012, os khoisan podem ser divididos em dois grupos, correspondentes às regiões noroeste and sudeste do Kalahari, os quais se separaram dentro dos últimos 30000 anos. Todos os indíviduos testados na amostra apresentaram ancestralidades de populações não-khoisan que foram introduzidas no período de 1200 anos atrás, como resultado da expansão bantu. Além disso, os hadzas, um grupo de coletores caçadores do Leste da África, que também utilizam uma língua baseada em cliques (como a dos khoisan), possuem um quarto de sua ancestralidade vindos de uma população relacionada aos Khoisan, revelando uma ligação genética antiga entre o Sul da África e o Leste da África.
(fonte: Wikipedia)
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