16 de fev. de 2013

NÃO ME PERGUNTE SE É MANTEIGA OU MARGARINA


Hoje me deparei com um texto sobre manteiga x margarina, que começava dizendo que a margarina foi inventada para engordar perus, mas como os perus acabaram morrendo ela foi parar na nossa mesa.

Isso não é verdade. Segundo consta, a margarina foi inventada no final do século XIX para substituir a manteiga nos alforges dos soldados e era derivada da banha de baleia, passou para a base vegetal com o advento do sistema de monocultura adotado pela agroindústria mecanizada norte-americana do pós-guerra que gerou excedentes de milho e amendoim, razão de existir dos gigantes da indústria de alimentos, que, além de brindar nossas mesas com seus subprodutos embelezam nossas vidas com as dionisíacas criações da sua fantástica fábrica da propaganda.

Tendo como pano de fundo invariável cenas de um dia-a-dia paradisíaco povoadas por Barbies, Kens e seus pimpolhos sempre felizes e saudáveis os comerciais nos apresentam a margarina como a melhor opção para uma existência saudável e feliz. Eventualmente essa fantasia toda faz referência aos óleos polisaturados de origem vegetal.

O que os anunciantes NÃO estão dizendo é que os óleos se transformam em margarina por hidrogenação, que é o processo que torna a margarina cremosa. Sem ele, a margarina jamais teria chegado à audácia de competir com a manteiga pelo assento de honra no pão nosso de cada dia; teria virado um óleo insosso e caro demais pra fritar batatinhas.

O problema com as gorduras vegetais hidrogenadas é que nada no longo processo evolutivo que culminou no atual metabolismo de nossos corpos nos preparara para lidar confortavelmente com a ingesta de um elemento essencialmente artificial.

Tanto que pesquisas científicas já confirmaram a correlação entre óbitos por doenças cardíacas e o consumo de gorduras vegetais hidrogenadas.

Ainda assim, seguimos bombardeados por excertos de pura felicidade doméstica patrocinados pela presença desta ou daquela margarina à mesa do café da manhã.

A mesma indústria que investe bilhões para nos convencer que a margarina "faz bem pro coração", esquece de mencionar que por ter um ponto de fusão mais elevado que as gorduras naturais, a margarina não é aproveitada por nosso organismo: ela não "derrete" o suficiente para entrar na corrente sanguínea e permear nossos tecidos fornecendo os nutrientes de que necessitamos.

Pior, a margarina pode romper a permeabilidade das membranas impedindo o transporte normal de nutrientes no nível celular.

45% da massa da margarina se compõe dessas gorduras. Isso pra não entrar na seara dos flavorizantes, acidulantes, espessantes e todos os outros "antes" cujas consequências vamos sentir anos depois.

E tem mais: as gorduras vegetais hidrogenadas produzem uma deficiência de ácidos graxos essenciais destruindo-os e chegando mesmo a produzir ácidos graxos tóxicos.

Vale ressaltar que a deficiência em ácidos graxos contribui para o surgimento de doenças neurológicas, cardíacas, arterosclerose, doenças da pele e condições degenerativas como a catarata, a artrite e o próprio câncer.

Além disso, a conversão dos óleos na forma hidrogenada impede a formação adequada de bílis no fígado a partir do colesterol, podendo elevar a colesterol no sangue. Ao contrário do que alardeiam os comerciais, a margarina pode aumentar o colesterol.

Leite, nata, queijo, manteiga e ovos (os grandes vilões da segunda metade do século passado) não têm qualquer efeito consistente sobre o colesterol no sangue. Mais: as marcas mais populares de margarina contêm mais colesterol que a manteiga.

Se na próxima ida ao supermercado você ainda tiver alguma dúvida entre levar um pacote de manteiga e um pote de margarina, lembre:

1 - margarina e manteiga não se misturam: a primeira é um produto químico, a segunda um derivado de um produto 100% natural;

2 - a manteiga é 100% derivada do leite; a margarina é o resultado da combinação de derivados de óleos naturais com inúmeros compostos químicos - alguns inorgânicos;

3 - NENHUM cientista sério foi capaz de estabelecer qualquer correlação entre a manteiga e a elevação do colesterol; 

4 - se fosse esse o caso, a intolerância à lactose entre os humanos seria a regra e não a excessão: se o consumo de manteiga que praticamos há milhares de anos fosse tão nocivo assim, a própria evolução teria dado conta do recado;

5 - ao contrário do que apregoa a "criativa" (pra não dizer milionária) indústria da propaganda, manteiga e margarina têm EXATAMENTE O MESMO VALOR CALÓRICO (100 calorias por colher de sopa) - curto e grosso: você só perde peso comendo margarina porque ela é um elemento tóxico alienígena para o seu metabolismo;

6 - finalmente, ao contrário do que apregoam as dietas das celebridades, gorduras são essenciais à uma dieta bem equilibrada. Pergunte isso a um atleta de alto desempenho: ele (ou ela) jamais teria chegado ao ouro sem nenhuma gordurinha amiga no prato todo o dia.


Mais umas coisinhas: se você não consegue viver sem sua margarina de cada dia, evite o uso ao menos durante a gestação e amamentação, pois as gorduras hidrogenadas da margarina irão direto para o seu bebê.

Outra coisa: o consumo de margarina afeta o sistema imunológico baixando a eficiência das células B (que produzem imunoglobulinas) e aumentando a proliferação de células T (pertencentes ao grupo dos glóbulos brancos).

Além disso, o consumo de margarina influencia o nível de insulina no sangue aumentando o risco de diabetes.

E pra quem leu até aqui, segue de brinde uma receitinha deliciosa com bastante manteiga:


ENROLADINHOS DE QUEIJO


Para a massa, você vai precisar:

Manteiga - 250g (de preferência à temperatura ambiente e cortada em pedacinhos)
Farinha de trigo - ½ kg
Leite - 1 xícara (mais ou menos 200ml) 
Sal - 1 colher de café
Fermento em pó - 1 colher  de sopa

Para o recheio precisa:

Manteiga (sim!) - 250g 
Queijo parmesão ralado - 250g

Mãos à obra!!!

Vamos começar pelo recheio:

Misture a manteiga com o queijo ralado e amasse bem até formar uma pasta homogênea

Feito isso, deixe descansar enquanto prepara a massa:

Peneire juntos a farinha, o fermento e o sal, e faça um vulcão com eles caprichando na cavidade ao centro. Encha a cavidade com a manteiga e vá amassando com as pontas dos dedos, juntando o leite aos poucos (mas bem aos pouquinhos mesmo: o leite só serve pra ajudar a massa a ficar fofa, mas não a ponto de fazer com que grude nas mãos). Pra ficar boa, a massa tem que ser bem lisinha e firme, e sair dos dedos com facilidade.

Divida a massa em 4 partes iguais e vá abrindo uma a uma com o rolo numa superfície ligeiramente polvilhada de farinha. Sobre cada pedaço estendido, distribua uma camada pa pasta de queijo e manteiga preparada para o recheio.

Faça então um rocambole com cada uma das partes, enrole em filme plástico e ponha no congelador por algumas horas (o suficiente para ficar bem firme).

Depois disso, desenrole e corte os rocamboles em fatias e uns 4mm de espessura. (Se quiser os biscoitos bem crocantinhos, corte as fatias mais finas.)

Leve ao forno numa assadeira de metal forrada com papel manteiga levemente untado e deixe assar até que fiquem douradinhos.

Depois de prontos, deixe esfriar e guarde de preferência num recipiente de vidro. Aliás, vai a dica: se quer que os biscoitos feitos em casa durem mais, nunca acondicione  em sacos ou recipientes plásticos; prefira sacos de papel e jarras de vidro ou latas.

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