Era uma vez uma grande cidade, uma das mais imponentes e importantes do mundo. Diariamente, centenas de milhares de turistas chegavam dos mais diversos pontos do planeta, só para ver seus arranha-céus e monumentos magníficos.
No centro dessa cidade vivia um velho mendigo. Ninguém sabia ao certo desde quando: para alguns, ele sempre estivera lá e era como parte da arquitetura; para a maioria, simplesmente invisível.
Muitos turistas reparavam em sua presença, e não poucos a troco de alguma esmola pediam alguma direção.
Por 50 centavos a 1 Real, o mendigo os mandava ao palácio do governo: à esquerda no final da rua.
Se a esmola era mais de 1 Real, o mendigo fornecia indicações mais elaboradas, levando os turistas para longe do centro da cidade.
Há anos fazia assim sem que ninguém voltasse para reclamar. Até que um dia, um jovem turista suado e cansado parou à sua frente:
- Segui sua indicação com precisão, - protestou o jovem - Não cheguei a lugar nenhum. Passei o dia inteiro perdido, vagando pelas ruas da cidade, quando o palácio, que é o que eu queria mesmo visitar, fica logo ali adiante. Eu lhe dei uma esmola bem generosa, e posso ver que o senhor é um homem bom. Por que me enganou?
Com os olhos marejados, o velho mendigo levantou-se e abraçou o turista:
- Em décadas, você é o primeiro que volta a me encontrar. Nunca vou esquecer este dia. Mesmo que nunca voltemos a nos encontrar, vou guardar esta lembrança em meu coração.
Desarmado, o jovem chega mesmo a sorrir, mas continua confuso:
- Obrigado, mas o senhor ainda não respondeu minha pergunta: por que me mandou para aquelas ruelas sujas do subúrbio?
- Foi meu presente para você. - diz o velho mendigo - Você também vai guardar para sempre a lembrança deste dia, de andar perdido pelas ruelas sujas com seus prédios grafitados. Eu sei disso, porque é uma coisa que eu aprendi com a vida, e é o segredo que tenho para compartilhar.
- Que segredo? - pergunta o jovem turista.
- Meu segredo é simples, e você vai lembrar bem. E revelá-lo será meu segundo presente para você, por ter voltado a me encontrar.
O velho mendigo volta a sentar junto à fachada do prédio, e com os olhos brilhantes dirige-se ao jovem:
- É quando estamos perdidos que nos sentimos mais vivos.
UM BOM DIA E UMA SEXTA-FEIRA MARAVILHOSA E TODOS!!!!
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